Lucy foi forçada a pensar que suas suposições sobre essa mulher estavam corretas ao ver que ela não conseguia responder quem era. Incomodava-a muito ver a jovem vestida apenas com um cobertor. Ela não era uma tola. Lucy sabia quem essa mulher queria que aparecesse e o que ela queria que ele fizesse.
"Você pode se vestir. Não sei o que o general disse a você para que ficasse tão audaciosa a ponto de vir aqui, mas você nunca será a mulher dele. Não quando você é desta terra e ele tem melhores mulheres na fila para ser sua esposa," disse Lucy.
Rosa pensou que já tinham esclarecido isso. "Eu não-"
"Guarde suas mentiras para alguém que as acredite. Eu vejo através de você. Você é audaciosa, isso eu admito," disse Lucy, pois era preciso coragem para se aventurar em um acampamento inimigo. "Mas ainda assim é uma tola. Me pergunto que plano você bolou para vir aqui para se deitar na cama dele."
Lucy continuou, "Nosso general é um homem ao qual você jamais estará à altura. Uma prostituta que ignora todo perigo não é adequada para ele. Então, antes que perca a cabeça, sugiro que vá embora. Cubra-se, pois vou garantir que ele nunca venha até você para vê-la como está."
Rosa sorriu apesar de se sentir insultada. Ela não estava no bordel nem usando o vestido que Graham lhe dera, mas ainda assim conseguiu ouvir o insulto de ser uma prostituta. Ela riu, pois era ridículo como o insulto a seguia.
Lucy achou que Rosa estava mostrando sua petulância ao rir em vez de fazer conforme lhe foi dito. A mulher diante dela não percebeu o perigo na sala. "Não pense nem por um segundo que eu não mataria você."
"Então faça," respondeu Rosa.
Se ela ia estar constantemente sendo chamada de prostituta depois de ter fugido do bordel, então qual era o ponto de fugir? Ela tinha esperança de se libertar de ser uma dessas mulheres, mas apenas por esperar que o vestido que Zayne mencionou fosse enviado, ela foi chamada de prostituta.
"Não tenho ninguém esperando por mim ou nenhum lugar para ir. Não vejo muito futuro além de fugir e me esconder. Então, se você deve ser a que faz isso, então vá em frente," Rosa encorajou a soldada.
Rosa sofreu tanto que a morte sendo uma das suas opções não parecia tão ruim. Falar de morte para ela não era uma ameaça, mas um presente.
Lucy franziu o cenho, confusa com a resposta. Seria lógico para qualquer um estar assustado agora. Independentemente de quanto essa mulher pensasse que Zayne gostava dela, ela tinha que ter cuidado com quem estava diante dela.
"Um vestido deveria ser enviado para mim, pois o meu estava sujo. Eu lavei meu vestido e não queria andar com ele antes que secasse, então não tive escolha senão usar o cobertor para me envolver e deitar. Você não precisa se preocupar com uma prostituta estar com ele. Eu não quero estar com o seu general," prometeu Rosa.
Rosa não conseguia se ver desejando nenhum homem depois do que tinha testemunhado. Em algum lugar do mundo, poderia haver um homem bom, mas Rosa não conseguia confiar neles. Tudo o que ela queria era descansar um pouco e depois continuar seu caminho para se distanciar dos homens que sabia que Graham mandaria atrás dela.
Lucy estava prestes a falar, mas algo se movendo na sacada chamou sua atenção. Um vestido estava balançando ao vento provando ser verdadeira a história. Ainda assim, ela falhou em acreditar que essa mulher não estava atrás de Zayne.
Por que vir aqui, de todos os lugares? Não poderia ser uma simples coincidência que ela terminou aqui onde Zayne estava.
"É bom ver que você sabe o que é. Não permitirei que alguém desta terra se aproxime do general. Se você fizer alguma tolice, eu serei a última pessoa que verá antes de morrer. Saia antes que o dia termine," disse Lucy.
Enquanto Lucy esperava que os homens quisessem se deitar com mulheres depois de uma longa viagem até aqui, ela não conseguia ficar parada com Zayne trazendo uma mulher para cá. Ele não poderia estar encantado por Rosa e não parecia que Rosa era alguém que eles poderiam questionar sobre o rei.
Se Zayne não a tivesse alertado sobre ameaças, Lucy teria este quarto sem alguém hospedado nele.
Rosa se arrependia de ter aceitado a oferta e lavado seu vestido, pois isso a impedia de ir embora. Sua presença não era bem-vinda aqui e com razão, já que eram de terras diferentes.
"Vou lhe conseguir um dos meus vestidos e algo para comer. Você deve descansar e então sair do nosso acampamento. Não saia deste quarto enquanto estiver fora."
Rosa observou enquanto a soldada caminhava em direção à porta. Ela não teve a chance de aproveitar que havia uma mulher envolvida no exército por causa das acusações.
"Apenas algumas horas e então você estará livre disso," disse Rosa para se animar.
Ela não deveria pensar demais em ser chamada de prostituta, pois isso era tudo um grande mal-entendido. Em vez disso, ela tinha que planejar para onde iria.
"Será que uma igreja me acolheria?" Rosa se perguntou.
Os padres deveriam ser gentis o suficiente para escondê-la se soubessem sua história. Ela tinha ouvido uma vez a história de um padre que escondeu um homem fugitivo porque ele estava ferido, e não era do feitio da igreja recusar ajuda a quem precisava.
Rosa foi até a porta e a trancou para atrasar qualquer intruso e depois voltou para o lado da cama onde planejava dormir. Ela tinha que aproveitar esse calor agora, pois logo voltaria a vagar pelas noites frias.
Ela encostou sua cabeça na parede e fechou os olhos. A memória de um campo coberto de flores amarelas veio imediatamente à sua mente. O pouco que sabia disso a acalmava, libertando-a de pensar nas preocupações que a esperavam com a necessidade de fugir novamente.
Rosa desejava um dia ter uma resposta para por que esse sonho a acalmava ou por que às vezes ela apagava quando chegava ao final do sonho. Esse sonho sempre terminava quando ela se virava para longe do campo como se houvesse alguém atrás dela chamando para chamar sua atenção.