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Chapter 7 - Jovem Criança

Um ano oficialmente se passou dês de que Akira começou sua jornada. Nesse tempo ele percorreu um longo caminho, passando por estradas, montanhas, florestas, vilas, cidades e aldeias, sempre encontrando, derrotando e matando monstros. Agora mesmo ele acabara de chegar em uma pequena vila que estava completamente destruída e em chamas. Horrorizado com aquilo, ele correu para buscar sobreviventes, mas não encontrou ninguém

Saindo da vila, ele pulou um pequeno muro e ouviu um barulho, se virando para ver o que era e viu um garoto de cabelo preto preso em um rabo de cavalo, olhos esverdeados, cachecol branco no pescoço, uma bandeira vermelha rasgada atrás dele e com uma espada ao seu lado

- S-Se afasta! Sai fora! - Mandou, tremendo enquanto empunhava a espada

- Ei, ei, calma... Eu não vou te machucar não. - Mostrou as mãos abertas e sorriu gentilmente - Você é o único aqui? Não encontrei mais sobreviventes.

- N-Nossa vila f-foi atacada por um dragão e... e todos tentaram enfrentá-lo e... - Contou tremendo ao abaixar a espada, a voz também trêmula

- Todos...? Isso faz quanto tempo? - Perguntou preocupado

- Faz dois dias. As chamas do dragão não se apagaram dês de esse dia e as coisas continuaram a queimar.

- Entendo... - Se aproximou em passos lentos para não mostrar ameaça - Eu nem imagino sua dor. - Se sentou ao lado dele - Depois que eu matei o Diabo e essas calamidades começaram, muitas pessoas passaram e estão passando por coisas parecidas.

- Você... você o quê? - Encarou-o - Isso é sua culpa? O que aconteceu foi sua culpa?! - Agarrou a espada e a moveu contra o maior, que se protegeu usando a mão esquerda, porém se deixou ferir também, ficando com um corte na palma

- Eu nunca quis que isso acontecesse. Mas agora, eu estou em uma jornada para acabar com todas as calamidades que estão assolando o mundo. - Encarou o garoto com olhos gentis e sorriu fracamente - Sei que está com raiva de mim agora. Mas, se se acalmar, posso te ajudar.

- Como pode me ajudar?! Por sua causa todos que eu conhecia e amava estão mortos! - Exclamou, com lágrimas nos olhos - Meu pai... m-minha mãe...

Akira o puxou para um abraço reconfortante, deixando seu rosto contra seu peito

- Pode chorar. Se quiser, pode me bater até descarregar sua raiva. - Sussurrou tranquilizador, fazendo o garoto se sentir seguro para soltar as lágrimas - Venha comigo. Posso te levar até alguma cidade onde você poderá ficar.

- Não... - Sussurrou, ainda soluçando pelo choro - Eu quero... ficar mais forte... - Se afastou do abraço, sentando com as pernas cruzadas e mãos nos joelhos, secando as lágrimas com as costas da mão e olhando de forma determinada para o maior - Quero ficar mais forte para honrar aqueles que se sacrificaram. - Seus olhos brilharam determinação - Você disse que matou o Diabo, então é bem forte. Por favor, me leve com você na sua jornada e me treine. - Pediu curvando a cabeça

- Bem, eu... eu não acho que deveria fazer isso... Você ainda é uma criança e-

- Por sua culpa essas coisas começaram a acontecer e um dragão destruiu tudo que era importante pra mim. O mínimo que você tem que fazer é me levar junto e cuidar de mim.

- Ah... - Suspirou - Tá bom, se é o que você quer... - Se levantou - Qual é o seu nome? - Perguntou quando ele se levantou também

- Ochi. Meu nome é Ochi. - Falou enquanto colocava a espada na bainha - E o seu?

- Sou Akira, da ilha Aruma. - Sorriu

- Então... mestre Akira. - Sorriu

- Eh? Mestre?

- Você vai me treinar, não vai? Então é meu mestre.

- Eh, eu... - Pensou um pouco, mas acabou aceitando - Tudo bem, pode me chamar de mestre.

- E a sua mão? - Apontou a palma ainda sangrando

- Ah, isso... - Tirou a mochila das costas, abriu e tirou algumas bandagens, as usando para cobrir o ferimento - Serve por agora. Vamos? - Colocou a mochila nas costas de novo e começou a andar

- Vamos! - Falou determinado, andando atrás dele, deixando a bandeira e seu antigo lar para trás

(. . .)

Eles seguiram juntos por uma estrada que os levou até uma outra vila. Vila essa que tinha uma grande área comercial, perfeita para abastecerem seus suprimentos e dar uma pausa da caminhada. Usando o resto do dinheiro que havia recebido no início de sua jornada, Akira comprou comida e separou um pouco para se hospedar em uma pousada, tendo que separar um pouco mais já que agora também teria que pagar a hospedagem de Ochi

- Olá, quantos quartos? - Perguntou a recepcionista, sorrindo

- Do-

- Um! - Ochi exclamou com a mão levantada - Só precisamos de um!

- M-Mas Ochi, nós-

- É só pedir um quarto com duas camas! - Sorriu

- Ah, está bem... - Suspirou - Um quarto com duas camas, por favor.

- Está bem. Ficarão por quantos dias?

- Dois.

- Um quarto, duas camas, por dois dias. - Anotou - Por favor, assine isto. - Estendeu o papeu de check-in no balcão e, após Akira o assinar, ela sorriu novamente e apontou as escadas enquanto estendia uma chave para ele - Seu quarto fica no segundo andar, terceira porta à esquerda.

- Entendi. Obrigado. - Pegou a chave e subiu junto de Ochi

Ao entrarem no quarto, os dois correram para pularem nas camas, adorando a sensação dos colchões macios e suspirando de alegria por poderem passar a noite alí

- Ahh, isto é tão agradável... - Suspirou Akira ao se esticar na cama

- Digo o mesmo, mestre... - Suspirou Ochi também, imitando o maior ao se esticar na cama

(. . .)

Algumas horas se passaram, a noite caiu e os dois dormiram. Porém, durante a noite, algo fez Akira acordar. Abrindo os olhos e se levantando, ele viu o pequeno garoto se debatendo na cama, chorando e com uma face assustada. Claramente passando por um pesadelo

Ele se aproximou da cama do garoto e tocou sua testa. Um toque carinhoso que transmitia tranquilidade e conforto. Algo que ele já fazia com as outras crianças do orfanato quando as mesmas tinham pesadelos

- Mamãe... papai... - Murmurou ele, ainda chorando, mas parando de se debater

- Pobre criança... tão novo e teve que passar por esse sofrimento... - Desceu a mão para o dar um carinho na bochecha e então se abaixou ao lado da cama para o beijar carinhosamente na testa - Agora entendo porque pediu um quarto só. Estava com medo de dormir sozinho, não é? - Viu o semblante dele se aliviar e as lágrimas pararem de escorrer, assim voltando para sua própria cama - Tenha uma boa noite, pequeno. - Sussurrou antes de se deitar e voltar a dormir