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Chapter 12 - Nova Habilidade e Semi-humanos

Em um amplo e elegante salão de um possível castelo, cinco grandes tronos pairam sobre uma pequena escadaria que os coloca em um autar acima do chão do local

Quatro figuras cobertas por sombras estavam sentadas em quatro dos tronos, deixando apenas o do centro vazio enquanto essas figuras olhavam para uma outra figura, essa que estava encapuzada e tinha a cabeça de uma caveira e olhos azuis

- Olá, senhoras e senhores... Já faz muito tempo que não os vejo. - O caveira falou ajoelhado, logo no pé da escada e com uma mão no peito

- Já faz bastante tempo mesmo, Chry. O que andou fazendo? - Uma das outras figuras questionou, essa tendo uma voz masculina e madura

- Apenas andei ocupado com relação aos 10 Grandes, senhor.

- E por que decidiu vir aqui tão de repente? - Agora foi uma voz feminina quem perguntou

- Eu queria os informar sobre a decisão dos outros em treinar alguém para se tornar o herói que salvará o mundo das calamidades.

- Hum... Interessante. - A voz madura se fez presente de novo - Por mais que ver os resultados dos "frutos do Diabo" seja algo divertido, é inegável o fato de que estamos perdendo nossa autoridade.

- Exatamente. - Aquela voz feminina disse - Enquanto os 10 Grandes ganham mais presença e autoridade por ajudarem o povo, nós perdemos a nossa por estarmos nos tornando menos temidos do que essas calamidades. É irritante. - Arranhou levemente o braço do trono

- Posso pedir algo para vocês...? - O caveira pronunciou, fazendo as figuras olharem para ele

- O que você quer? - A voz masculina perguntou

- Apenas que continuem permitindo que eu faça meus experimentos. Eu estou trabalhando em algo grande, que com certeza irá entreter e satisfazer vocês, Lordes Demônio, em meio a esse estresse.

- Hum, por mim não tem problema. - Uma outra voz masculina falou, essa sendo mais agressiva

- Sem objeções. - Outra voz feminina falou

- Permissão concedida, Chry. Contanto que cumpra com o que diz. - As primeiras duas vozes falaram juntos

- Eu garanto que irei. - Disse logo antes de se levantar, fazer uma reverência e sair de lá

Subindo ao vale de montanhas próximo àquela vila que Akira e Ochi haviam passado os últimos dias, eles ouviram um grito alto ecoar pelos montes rochosos junto de um som semelhante ao de uma chicotada

Akira rapidamente subiu a montanha, sendo seguido por Ochi e, ao chegarem no topo, puderam ver a planície ao centro do vale, onde um grupo de pessoas que pareciam estar sendo oprimidas e ameaçadas por um outro grupo que os estavam levando para uma carroça com grades de cela

- Mestre, nós temos que os ajudar! Aquelas pessoas precisam de ajuda, podem ser mercantes de escravos! - Apontou o grupo opressor, com o olhar cheio de determinação e coragem

- Você tem razão, Ochi. É melhor nós irmos e, aaai... - Colocou a mão na cabeça, sentindo uma forte dor no local

- Você está bem, mestre? - O garoto perguntou preocupado

- Não, não foi nada. - Suspirou levemente quando a dor sumiu - Vamos até lá. - Falou logo antes de começar a correr montanha a baixo, sendo seguido por Ochi que chegou na planície poucos momentos depois

- Kiakahahahahahaha, isso foi fácil demais! - Um homem de cabelo preto curto com franja na testa, olhos em um tom leve de roxo, olhar afiado e porte físico mediano riu, sentando-se na grama enquanto seu grupo colocava os semi-humanos na carroça

- Posso saber o que está acontecendo aqui? - Perguntou Akira ao chegar no local, impondo presença sobre a maioria dos homens, que caíram no chão. Ochi chegou logo depois, olhando ao redor para reconhecimento

- Não é óbvio, moleque? Estamos trabalhando.

- Trabalhando? Prendendo pessoas?! - Questionou antes de sentir pontadas na cabeça novamente

- E desde quando semi-humanos são pessoas? - Sorriu em desdém

- Aaai...! - Grunhiu, colocando a mão na cabeça

- Mestre?! O que está acontecendo com você?! - O garoto ficou preocupado e segurou o braço do rapaz

- "Desvie para a esquerda." - Uma voz soou na cabeça de Akira, que instintivamente empurrou Ochi para o afastar e desviar na mesma direção, evitando um ataque de um dos poucos bandidos que sobraram, esse que segurava uma clava

- Hm? Eu pensei que ele cairia fácil, mas parece que me enganei. - O homem falou, levantando a mão esquerda

- "Desvie para trás e pule logo depois." - A voz disse e ele apenas obedeceu, conseguindo desviar de mais dois ataques de um outro bandido

- "Mas que droga, hein... Esse moleque não morre não?" - O homem pensou, levantando a mão direita, instruindo um terceiro bandido a atacar Akira por trás

- "Desvie para frente e se posicione. Em seguida levante a mão esquerda rapidamente e abaixe o tronco."

Obedecendo o que a voz falava, Akira o fez, se posicionando e levantando a mão esquerda rapidamente, acertando o punho no meio da cara de um dos bandidos, que caiu desacordado. E ao abaixar o tronco, os outros dois chocaram as cabeças um no outro, fazendo-os cair desacordados também

- Argh... que saco... - Resmungou, se levantando - Esses inúteis não conseguem nem ao menos se livrar de um moleque...?! - Colocou um sorriso sinistro, mas animado, no rosto - Parece que eu mesmo terei que cuidar disso. - Falou enquanto estralava os dedos

- "Libere sua aura."

Ao ouvir, Akira obedeceu novamente, fazendo o que lhe foi dito, liberando sua aura que foi o suficiente para fazer o homem cair de joelhos e desmaiar

- Nossa... Mestre, você é mesmo incrível! - O garoto ficou com estrelas nos olhos, olhando para o rapaz que sorriu sem jeito

- "Que coisa estranha..." - Pensou enquanto fechava os olhos e respirava lentamente

- "O que é estranho?"

- "Você! Você é estranho! Quem ou o quê você é?"

- "Eu sou uma habilidade, chamada de Sábio, ou Grande Sábio. As pontadas que você sentiu na cabeça eram os efeitos iniciais por me adquirir."

- "Uma nova habilidade, é? Isso parece útil."

- "Me considere como um sexto sentido, ao mesmo tempo em que sou uma fonte de informações e conhecimentos." - Disse em um tom orgulhoso

- "Entendo... Bem, agradeço a sua ajuda, Grande Sábio!"

- Er... senhor... - Uma voz chamou, de dentro da carroça

Olhando na direção de onde a voz vinha, ele rapidamente se tocou e foi até a carroça, quebrando as grades para que os semi-humanos saíssem de lá

Em sua maioria todos eram crianças, usando coleiras com pedras roxas e algemas com correntes de ferro em seus pulsos

As crianças estavam assustadas, parte quase chorando, outra parte tentando se manter firme, alguns ajoelhados aos prantos... Essa visão fez o coração dos dois se quebrar

- O-Obrigado, s-senhor... - Um garoto de aparentemente 10/11 anos disse. Ele tinha cabelo e olhos acinzentados, orelhas e cauda de gato preto - Obrigado por... n-nos salvar... - Disse quase chorando

- Não precisa ficar assim, garoto. E todos vocês, também levantem a cabeça. - Sorriu, colocando a mão na cabeça do garoto e fazendo um carinho que o fez sorrir, deixando Ochi com inveja

- Droga! Eles já deveriam ter chegado aqui ontem! - Uma figura gorda e de cartola batia a mão contra o braço de sua poltrona, irritado, em uma sala onde apenas a lareira iluminava o local

- Sinceramente, você se importa tanto com coisas tão irrelevantes. - Uma figura loira de terno branco falou, segurando uma taça de vinho enquanto olhava para uma janela - Aqueles mercenários idiotas provavelmente te deram um pé na bunda ou foram pegos por alguém de "coração nobre".

- Argh... Inúteis!

- Mas não se preocupe. Eu tenho certos contatos que posso usar para te ajudar. Mas não se esqueça daquilo que eu quero em troca. - Encarou o outro homem. Sua face coberta pelas sombras enquanto seus olhos vermelhos e vazios, carentes de emoções o encaravam

- Ah, sim, claro... - Tremeu, apavorado - Você receberá aquilo que quer. - Engoliu em seco

- Ótimo, senhor. É sempre bom fazer negócios com você. - Terminou de beber o vinho e colocou a taça na pequena mesa de centro, se dirigindo para a porta - Estou voltando para minha ilha. Me mande uma carta com os resultados. - Abriu a porta e parou, olhando por cima do ombro - Me conte os resultados, não importa o que aconteça, eu quero saber. - Terminou antes de cruzar a porta e sair de lá