Após lutar com a maior quantidade de puder que havia usado até então e usar uma de suas técnicas mais fortes, Akira desmaiou, tanto de cansaço quanto pelo ferimento e sequelas da técnica de seu oponente, Sete
Depois de perder a consciência e cair no chão, seus ferimentos foram tratados por Ochi que fez os primeiros socorros e cuidou dele. Ele dormiu por horas, até que o dia amanheceu. Após comerem, Ochi e Akira cavaram uma cova, onde jogaram o corpo de Sete e o enterraram
- Por mais que você provavelmente tenha feito coisas horríveis no passado e matado todos aqueles civis inocentes, eu tenho que te agradecer, pois graças a nossa batalha, eu pude ter um pouco de diversão e evolui a partir dela. Sinto que não só fiquei mais forte, como também mais resistente. Por isso, te reconheço como um oponente a altura. - Falou baixo, ajoelhado de frente para o "túmulo" feito alí, com as mãos juntas em oração
- Vamos, mestre? - Ochi perguntou, já de pé ao lado de Akira
- Vamos. - Estendeu a mão para que o menor o ajudasse a se levantar, segurando a espada dele como uma bengala para se firmar no chão e conseguir andar mesmo com o corpo ainda fragilizado
Andando por algumas horas, os dois chegaram em uma pequena floresta. Floresta essa que tinha belas flores no chão, em abundância de flores amarelas, principalmente. O caminho por dentro da floresta foi tranquilo, sem nada que pudesse os fazer mal. Eles apenas aproveitaram para admirar aquele belo lugar antes de saírem de lá
Ao atravessarem, chegaram em uma pequena vila. Logo quando avistaram a vila foram surpreendidos com uma pequena "explosão" de poeira que se levantou em uma área pouco movimentada
Quando finalmente chegaram no local, preocupados, viram que se tratava de uma briga entre dois cidadãos, lutadores. Como os outros cidadãos não mostravam preocupação ou reação, pôde-se deduzir que era algo comum e recorrente do qual não precisava de alarde
- Ai, ai, esses jovens de hoje em dia... - Uma senhora idosa murmurou. Ela tinha cabelos completamente grisalhos e usava uma roupa branca com uma saia longa branca - Só pensam em lutar, lutar e lutar. - Tossiu, se desequilibrando na bengala e quase caindo, sendo segurada por Ochi que agiu rapidamente - Oh, obrigada, garoto. - Sorriu e recuperou o equilíbrio
- Não foi nada, senhora. - Sorriu, voltando ao lado de seu mestre
- Com licença senhora... - Akira falou, segurando o peito - Sabe onde podemos... encontrar um médico?
- Meu mestre lutou em uma luta difícil e acabou sofrendo um grande ferimento pelo ataque final de seu oponente. - Falou segurando o braço dele, o ajudando a se manter de pé
- Oh, venham comigo... - Começou a andar na direção de um pequeno prédio de madeira - Vocês estão com sorte. Eu sou a médica curandeira desta vila. E este é meu hospital. - Disso logo antes de entrar no local
- Obrigado, senhora... - Falou baixo, quase um sussurro, enquanto a seguia ao lado de Ochi
O lugar era simples. A arquitetura era mais antiga e não muito elaborada. A vila era pequena e esse era um dos maiores prédios construídos, com capacidade para 15 a 20 pessoas
- Madame, algo aconteceu? - Uma curandeira perguntou ao ver a senhora que sorriu fracamente e respondeu
- É esse rapaz... - Apontou para Akira atrás de si - Ele sofreu um ferimento em uma luta e precisa de cuidados médicos.
- Oh, entendo... Venha comigo, senhor. - Disse antes de caminhar até um corredor, parando na porta de um quarto - Entre aqui e deixe-me cuidar do resto.
Akira obedeceu e, com a ajuda de Ochi, seguiu a moça até o quarto e se deitou na cama
- Foi você quem fez esses curativos provisórios? - A moça perguntou ao menor que estava ao lado da cama
- Sim, fui eu.
- Você fez um ótimo trabalho, garoto. Se não tivesse feito esses curativos, ou se tivesse feito de maneira errada, o ferimento dele poderia abrir internamente e causado ums hemorragia. Seja lá o que o atingiu, feriu gravemente seu peito, causando danos internos também.
- Meu pupilo é incrível... - Tossiu
- Mestre, fica quieto e deixa ela fazer o trabalho dela. Se não você pode piorar. - Disse em tom preocupado
- Vocês são realmente próximos, não é?
- Eh... Pode-se dizer que sim. - Coçou a nuca, levemente envergonhado
Na manhã do dia seguinte, enquanto Akira era cuidado no hospital, do lado de fora, na prassa, um homem de pele cinza, olhos dourados brilhantes, cabelo roxo, usando uma cartola preta e roupa preta andava com cara de poucos amigos
- Então, quando vocês aqui irão pagar os impostos e as dívidas, em? - Perguntou, sua voz semelhante a de Nnoitra de Bleach, colocando medo nos cidadãos que se esconderam nas casas, incluindo aqueles que estavam lutando
- Pensei que havíamos pago a metade mês passado. - Disse a senhora, de frente para o homem, com um olhar sério
- Pois eu vim buscar a outra metade.
- Mas você nos deu o prazo de seis meses para reunir o dinheiro e pagar.
- Ora, velha Muriel, entenda que a culpa não é minha. - Sorriu com desdém - Vocês dessa vila que se individaram e sabem meu chefe não é muito paciente. Ele quer a outra metade do dinheiro hoje mesmo.
- Acho que você não entendeu, Kaite. Cobrar 10 mil rea por fornecer alimentos é algo desproporcional. Nós ainda não temos dinheiro para pagar.
- Bem... se não pagarem... ficarão sem comida novamente. Por acaso querem isso? Que todos passem fome?
- O seu chefe precisa aprender que nem tudo na vida é dinheiro. E você... - Levantou a bengala, a erguendo na direção do homem - Precisa aprender a respeitar os mais velhos.
- Hum...? E o que você planeja fazer, hein? - Ergueu a mão na direção dela, criando uma grande foice de lâmina longa e mais curva que o normal - Planeja me bater com aua bengala, velhota? - Alargou o sorriso
- Não bater... - Jogou a bengala alto para cima, fazendo com que ela suma da visão
- Eh...? Tola. Acabou de perder sua única "arma".
- Eu não diria isso. - Sumiu da visão dele como em um flash
- Mas o quê...? - Olhou para os lados, a procurando
- Estou aqui, tolo. - Falou de trás dele, o acertando com um toque na costela que já foi suficiente para quebrá-la - Sabe... eu não sou apenas uma velha médica... - Murmurou logo antes de acertar mais três toques em uma outra costela, que também quebrou, em sua espinha, o fazendo arquear a coluna e o último na lateral do estômago, o fazendo cuspir e cair de joelhos no chão
- Como uma velha como você é tão forte? Eu nem ao menos sinto uma aura vindo de você...
- Isso é porque eu conheci um ex-membro dos 10 Grandes e ele me ensinou um truque secreto. - Sorriu, erguendo a mão para o alto e pegando a bengala que caiu, a apontando contra o homem novamente, agora de cima - Diga ao seu chefe para ele aprender a esperar. - Mandou séria, dando um último golpe com a bengala em seu rosto, o arranhando e fazendo sangrar
- Maldita... - Estalou a língua em indignação e desapareceu em uma sombra
- Ahh, que bom que ele foi embora... - Deu leves soquinhos em seus ombros - Se ele insistisse e contra atacasse eu estaria perdida. Ainda bem que seu orgulho e dignidade são frágeis.
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Em algum lugar no continente de Fingari, demi-humanos e suas crianças gritam, tentam correr e fugir de seus próprios lares enquanto sofrem um ataque de um grupo de humanos
- Parem... Parem com isso! Nós nunca fizemos nada com vocês! - Uma mãe tentava dialogar, mas acabava por cair no chão após um chute no rosto
- Cala a boca, demi-humana nojenta. - A mulher que havia a chutado disse, cuspindo nela logo depois com um olhar de nojo no rosto - Vocês tem sorte de que valem algum dinheiro como escravos ou em algum bordel ou puteiro. Se não nós já teríamos matado todos aqui.
- Mãe... Pai... Alguém... - Uma criança suplicava, a voz quase um sussurro, enquanto segurava um pequeno coelho de pelúcia
- Achei mais uma! - Um homem anunciou ao encontrar a criança, segurando-a pelo colarinho e levando-a consigo até a jaula onde estavam colocando todos
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Voltando ao hospital, Akira estava sentado na cama, apoiado na cabeceira para tomar um pouco de chá
- Mestre, está melhor? - A feição preocupada do garoto fez Akira fechar os olhos e suspirar, sorrindo levemente logo depois
- Ochi, você não precisa se preocupar tanto assim comigo. Eu já estou melhor, então não fique tão tenso assim. - Estendeu a mão, tocando a cabeça dele e fazendo um carinho que bagunçou um pouco seu cabelo
- É bom não estar me enganando. Eu não quero ver você morrer. - Sussurrou de cabeça baixa, alto o suficiente para o maior escutar
- Enquanto eu estiver com você, eu prometo que não irei morrer. - Sorriu seguro de si, mostrando a confiança em sua fala
- Gegegege... Você é mesmo alguém bom, não é, rapaz? - Muriel entrou no quarto, com um sorriso suave no rosto - Me deixe ver seu ferimento. - Se aproximou
- Ah, sim... - Afastou a parte da roupa que cobria o peito, mostrando a marca de palma de mão que havia começado a sumir - Eu agradeço muito pela ajuda de vocês.
- Isso não é nada. É nosso trabalho como médicas e curandeiras ajudar as pessoas. - Estendeu a mão sobre o peito do rapaz, criando uma luz verde ao redor de sua mão e a tocando no peito dele, agora curando completamente o ferimento
- U-Uau...! - Ficou impressionado - Curou completamente...! - Sorriu - Muito obrigado, senho- Parou de falar ao ver a mulher idosa cair no chão, desacordada - O-O que aconteceu?! - Se espantou
- Alguém...! Alguém, por favor, vem ajudar! A senhora Muriel caiu! - Ochi gritou da porta do quarto
Rapidamente, vários funcionários, enfermeiros(as) e médicos(as) entraram no quarto, levantando o corpo da senhora e a levando para um outro quarto onde usaram de magias e poções de cura para a ajudar, mas não fizeram grandes efeitos
- O que... aconteceu... com ela...? - Perguntou um pouco ofegante ao entrar no quarto
- Mestre, não era pra você ter levantado! Ela tinha acabado de te curar!
- Ela o quê...? - Aquela mesma curandeira questionou - Ela te curou?
- Sim. Tem... algum problema?
- É justamente esse o problema. A madame Muriel não possui magia, então ela usa da própria força vital para curar os outros. Ela tinha parado a algum tempo por ordem nossa para que pudesse viver de forma tranquila. Mas esta manhã, além de lutar contra aquele cobrador desgraçado, ainda por cima te curou...
- E-Ela lutou...?! - Se aproximou, ainda mais espantado - Não posso acreditar... Além de curandeira ela era lutadora?
- Ela costumava ser uma guerreira de um grupo que costumava proteger esta vila. Todos os outros membros morreram, então ela ficou aqui e passou a curar os outros. Mas como ela não tinha magia, usava da própria força vital para os curar. Isso fez com que sua vida e corpo se tornassem mais frágeis.
- Vocês mandaram ela se aposentar e como ela lutou hoje e me curou, ela gastou o resto de forças que tinha?
- Tememos que seja isso. - Segurou o choro, arrumando o cabelo da idosa acamada - Ela é muito especial e querida por todos aqui. Perdê-la é como perder nossas mães.
- Ao menos ela... fez o que gostava, certo? - Ochi sussurrou, fazendo a atenção de todos se virar para ele - Ela se sacrificou para curar alguém e salvar uma vida.
- É... Acho que está certo, garoto...
Algumas horas depois, foi confirmada a morte da mulher. No dia seguinte, toda a vila se reuniu para o funeral dela. Ela estava deitada no caixão, flores ao redor, as mãos unidas sobre o peito e seu rosto com um sorriso alegre formado nos lábios. Os funcionários do hospital choraram, os cidadãos prestaram suas homenagens e agradecimentos, e Akira junto de Ochi agradeceram o pouco de tempo que passaram com ela e por terem a conhecido