Depois de falar aquilo, Tatsu levou Akira para uma área de treinamento atrás da guilda, uma área grande onde haviam vários equipamentos para o treinamento de aventureiros
- Senhor Tatsu, o que você vai me ensinar? - Perguntou curioso
- Irei ensiná-lo coisas básicas. Sei que já deve saber de várias coisas, mas sempre há algo para aprender. - Ergueu a mão para o lado, fazendo com que um cajado de madeira preto com uma pedra de obsidiana brilhante no topo aparecesse - Te ensinarei como aprimorar seu estilo de luta, novos estilos de luta, aprimorarei seu físico e também te ensinarei algumas magias, como o Celare.
- O-O Celare? Mas não é uma magia secreta?
- É sim, mas sinto que você é confiável, por isso vou te ensinar.
- Posso fazer isso também? - Melissa levantou a mão com expectativa
- Não, Melissa. Você já fez esse treinamento, então não precisa fazer agora. - Ergueu o cajado na direção do rapaz - Se prepare. - Mandou, vendo ele tomar uma pose de batalha com uma perna na frente da outra, o tronco reto, o braço direito erguido com a mão na frente do corpo, o braço esquerdo para trás com a mão fechada no punho - Me ataque.
Enquanto eles começavam uma pequena luta, em que Tatsu apontava os erros na postura e forma de combate de Akira, também o dando dicas de melhora e acertando nos pontos fracos dele, Melissa se afastou, voltando ao corredor que levava até aquela área e se chocou com alguém
- Ai, olha por onde anda, monstro! - Reclamou o aventureiro no qual ela se chocou
O homem era alto e musculoso, usando de uma armadura básica e uma faca envenenada
- Tenha mais respeito comigo, Chad. Eu sou sua superior, esqueceu?
- Eu não sigo ordens de monstros.
- Tsc, com humano ignorante não se discute. Tem músculos no lugar do cérebro. - Resmungou, virando o rosto
- O que você disse, sua...! - A agarrou pelo pescoço, apertando com força enquanto a levantava do chão
- Desgraçado... - Murmurou, ficando sem ar
- Você se vangloria tanto de ser forte, de ter evoluido e de ser superior dos outros aventureiros. Cadê a força que você fala tanto, em, monstro?! - Apertou mais o pescoço dela
Mas, como um raio, o braço que segurava a garota foi cortado, com Tatsu aparecendo em um instante segurando Melissa nos braços, o cabo de seu cajado escorrendo sangue
- Argh... Não entendo porquê as pessoas dessa cidade permitem a existência de vocês. Monstros devem morrer! Principalmente os demônios! - Exclamou, empunhando a faca envenenada com a mão restante e a movendo para baixo para acertar os dois
- Não ouse... - Mandou Akira, aparecendo na frente dele e segurando a faca com a mão, quebrando-a apenas por apertar - Tanto a Melissa quanto o senhor Tatsu são pessoas boas. Você não deve machucá-los.
- E quem você acha que é, pirralho?! Demônio não são pessoas! - Tentou dar um soco, mas também teve sua mão segurada pelo menor
- Tente qualquer coisa contra eles de novo e terá punição. - Falou com feição séria
- Argh, desgraçad-
Recebeu um golpe no peito, fazendo-o voar contra uma parede e perder a consciência
- Melissa, está tudo bem? - Perguntou ao se virar e correr até os dois
- De n-novo... o-outra vez... - Murmurou ela, com os olhos marejados de lágrimas douradas
Flashback on:
Sentada encolhida no chão de uma escura caverna, abraçando as pernas com força e com a cabeça apoiada entre os joelhos, derramando lagrimas douradas de tristeza, estava a pequena Melissa com seus quatro anos de idade
- Mamãe... p-papai... maninha... - Disse fracamente - Por quê...? Por que isso aconteceu...? - Se perguntou ainda mais fraca
Já fazia algum tempo que ela estava assim. Alguns dias antes, um grupo de aventureiros atacou a vila onde ela vivia, mataram todos os seus habitantes, incluindo a família da garota que tentou a defender
- ... Eu juro... - Disse cerrando a mão - Eu vou vingar cada um de vocês! - Gritou chorando - Eu vou matar cada um deles!!! - Gritou novamente, irritada, mas acabou desmaiando de cansaço
(. . .)
No dia seguinte, ela acordou com uma fúria nos olhos, ela não demorou para sair da caverna de onde estava e, então, começou sua caçada aos responsáveis pelo massacre de seu povo. Ela foi de vila em vila, caçando e matando cada um dos responsáveis. Ela fez isso por 12 anos e, agora, com seus 16 anos, ela enfim, terminou o seu objetivo, matando um homem alto de pele bronzeada que usava apenas uma calça preta, arrancando sua cabeça de mesma maneira que ele havia feito a sua irmã
- Isso foi... bom demais - Disse sorrindo - Mas... por que eu não me sinto melhor...? - Se perguntou chorando lagrimas douradas - Por quê?!?!?!?
- Eu sei o porquê... - Disse uma voz atrás dela
- Quem é você...? - Perguntou irritada
- Meu nome é Tatsu, sou um demônio assim como você. - Disse um homem de cabelo longo prateado, de olhos da cor azul, óculos e um kimono de cor preta
- Eu sou uma ogra, não um demônio. - Disse irritada virando de costas
- Escuta, garota... - Se aproximou un pouco - Ocorreu o mesmo com um amigo meu anos atrás. O conheci à 13 anos. Quando ele tinha 12 anos, um grupo de aventureiros invadiu a tribo dele e matou a todos. Ele os matou da mesma maneira que você fez. - Disse surpreendendo a garota - Mas isso não o trouxe felicidade... porque lá no fundo, ele sabia que isso não os traria de volta. Mas como ficou cego pela vingança... - Olhou a garota
- Ele não se importou com esse sentimento... - Disse e começou a chorar as lagrimas douradas - Eu... eu só queria... queria que... - Caiu no chão, se abraçando e chorando - Queria que tivesse... um jeito...
- ... - Se aproximou mais, devagar, ajoelhou para ficar na altura dela e tocou no ombro da garota - Eu sei como é... - Sorriu acolhedoramente - Nós, monstros racionais, como ogros e demônios, sempre sofreremos com o preconceito humano. Eles nos odeiam por sermos diferentes e tem medo de nós por nossa força ser maior que a deles. - A abraçou, acolhendo-a - Venha comigo... - Separou o abraço, se levantou e estendeu a mão - Vamos juntos mudar de vida.
- ... - Olhou para ele, ainda chorando - Tá... - Sorriu levemente, animada ao segurar a mão dele
Os dois caminharam por alguns dias, rindo e se divertindo, até que chegaram em uma cidade média e se instalaram ali por por longos e bons 16 anos anos, até a chegada de uma certa pessoa
- Ok, o mestre disse que era para eu comprar um pouco de comida para eu não comer os monstros que eu caço de novo... Mas onde eu compro mesmo? estou morando aqui tem todos esses anos e ainda não decorei os locais da- Cortada ao sentir alguém esbarrar nela - Ei qual a tua?! Tá querendo brigar é?! - Perguntou intimidadora
Flashback off:
- Por quê...? Por que esse preconceito sempre leva a melhor contra nós...? Não são todos os monstros que são maus!!! - Gritou e se debateu, chorando, nos braços do outro demônio
- Calma, calma... - Tatsu fez um cafuné suave em sua cabeça, a fazendo parar de debater e chorar - Eu vou garantir de expulsar ele desta guilda e informar a todas as outras do continente para que ele não seja aceito em nenhuma delas.
- Melissa, eu prometo... durante a minha jornada, eu nunca vou atacar um monstro antes de ter certeza que ele é mau ou que faz parte das calamidades. Nunca atacarei um monstro bom, seja ele ogro, demônio, ou qualquer outro. - Prometeu Akira, batendo a mão no peito
- Obrigado... vocês dois... - Sorriu levemente
(. . .)
Exatamente uma semana após o início do treinamento, Akira terminava seu treinamento, deixando aquela área de treinamento cheia de crateras, buracos, destroços e manchas de sangue, tanto de Akira quanto de Tatsu
- Está bem, acabou. - Falou Tatsu, ofegante e suado - Não tenho mais nada para te ensinar ou ajudar a aprimorar.
- Já...? - Perguntou também ofegante
- Sim. Até mesmo o Celare você já dominou com maestria. Já pode seguir sua jornada. - Sorriu
- Terminaram foi? - Perguntou Melissa ao chegar e ver os dois completamente suados
- Exatamente.
- Ei, Melissa... - Tentou andar até ela, mas acabou caindo de cara no chão pelo cansaço - O que acha de... me acompanhar na... minha jornada...?
- Hm...?
- Você é alguém que gosta de aventuras, então eu pensei que...
- Não, Akira. - Recusou ela, ajudando ele a se levantar - Eu até gostaria de ir e te acompanhar, mas eu estou feliz com minha vida de agora. Gosto de viver nessa cidade e de ser uma aventureira respeitada, pela maioria. - Sorriu
- Entendo... Então tudo bem. - Sorriu, mesmo cansado - Irei partir amanhã mesmo. Obrigado por tudo, pessoal.
- De nada!! - Responderam os dois