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Chapter 35 - 35

Aleksander Petrov

Não acredito que o velho Constantine não morreu, o desgraçado é sortudo, a minha linda e louca esposa, teve a magnífica ideia de trazer o pai para a Rússia. Segundo os nossos médicos, parece que alguém estava envenenado ele. O que o amor faz conosco? De diabo, ao salvador da pátria, eu dei abrigo para o meu inimigo.

Minha Zayka está radiante com a melhora do pai e com a festa de chá revelação do nosso pequeno diabinho. Ela anda tão sorridente que é impossível não fazer tudo o que ela me pede. Há duas semanas atrás, recebi notícias da Camorra, eles pretendem encontrar-se comigo e quem sabe fornecer ajuda para nós. Ygor e seus capangas andam muito calmos, eles não explodiram nada ainda, o que nos deixou um pouco melhores e a Cosa Nostra, bom! Isso ainda é uma ameaça para nós, visto que, com a viagem do velho até aqui, Giana tornou-se líder por um tempo indeterminado, se o velho morrer, está mais do que claro que ela será o líder. Mikhail enviou notícias há alguns dias, ele ao menos conseguiu se aproximar da princesinha da Camorra, se a minha reunião, não for proveitosa, ele dará seguimento com o plano, não posso mandar ele voltar sem antes ter garantias de nada.

— Pakhan! Esse é um dos apoiantes do traidor — meus soldados trazem mais um dos traidores.

Faz duas semanas que estou caçando os traidores da Bratva, estou fazendo isso pessoalmente, para que ninguém suspeite de nada, só eu mesmo posso fazer isso, sendo eu mesmo o responsável, isso não vai causar alardes. Assim sendo, os outros ficam acomodados e eu posso destruiur as células de dentro para fora.

— Uhm! Muito bem, vamos conversar um pouco, o que acha? Eu vou adorar te apresentar alguns amigos meus, será fantástico — o desgraçado está praticamente se cagando de medo, ele sabe que o que lhe espera não são coisas boas, sabe muito bem que vai morrer no final das contas. Sabe que eu não vou pegar leve com ele.

Ele foi um dos meus melhores soldados, eu mesmo recrutei ele, nem posso crer que escolheu me trair. É decepcionante saber que, não existe mais lealdade na máfia, antes os soldados escolhiam morrer pela Bratva, mas agora, só um pouco de dinheiro e algumas promessas, são o suficiente para um soldado trocar tudo e ficar do lado contrário.

— Andres Borkhan! Vinte e cinco anos, pai de uma menina, ascendência turca, entrou na Bratva aos dezoito anos, eu mesmo recrutei você — eu adoro ler a ficha dos traidores, antes de mata-los, adoro mostrar tudo o que perderão no final das contas.

Ele é um bom soldado, não vai falar abertamente nada se não for realmente torturando, foi por isso que escolhi ele em meio a tantos, porque ele é um bom soldado, ele é forte e destemido, me espanta que esteja tão vulnerável agora.

— Você é um bom soldado, então! O que fez você me vender Andres, eu não vou fazer mal para você, ainda, eu prefiro que me conte por vontade própria o que Ygor ofereceu ou prometeu para você — me sento de frente para ele..

Os meus soldados não bateram nele ainda, eu pedi para que não fizessem isso, ele está limpo, mas está erguido pelos braços. Os outros soldados eram indivíduos de baixo escalão, então um pouco de dinheiro foi o suficiente para tê-los do outro lado, mas os soldados do alto escalão, não têm esse tipo de comportamento, a honra é maior que o dinheiro, então, o que fez ele me trair.

— Não vai falar? UAU! Eu fui um bom mentor para você, engraçado que só temos uma diferença de idade de três anos — ele continua calado, não parece disposto a falar nada, ele não está assustado.

Seus olhos me estudam e pela linguagem corporal, ele sente vergonha pelo que fez, mas também sente satisfação, o que vai lhe garantir algumas horas de tortura.

— Não tenho nada para falar senhor, o senhor já sabe de tudo sobre mim, não vejo o que posso acrescentar aí — ele fala destemido, sem um pingo de arrependimento mesmo sabendo que vai morrer.

Se ele está assim tão tranquilo mesmo sabendo que vai morrer, o que Ygor ofereceu, não é só dinheiro, é muito mais que isso. Os soldados da máfia geralmente não são corruptíveis, para conseguir mudar eles de lado, só por meio da ameaça ou gratidão. No caso de Andres, o medo não foi, porque ele não é alguém que facilmente é assustado, o que me resta é a segunda opção. A gratidão, Ygor deu a ele, algo que ele estava esperando muito ganhar.

— O que ele te deu? Nós dois sabemos que não foi dinheiro, até porquê você recebe muito bem — falo abrindo a minha maleta cirúrgica.

Eu adoro torturar as pessoas com fogo, é divertido, o cheiro de carne queimando é satisfatória e porra! Eu sou o diabo, faz mais sentido usar o fogo para torturar. Mas hoje eu decidi variar, será um método mais lento, para além de trair a Bratva, Andres traiu seu mentor, porra! Eu fiquei muito tempo ensinando os valores da Bratva para ele. Ele me insultou como professor também.

— Antes que comece a tortura, saiba que Ygor colocou novas bombas em um dos navios que vai sair, na sua casa tem um espião, ele sabe tudo o que vocês fazem, inclusive sobre o Italiano que está escondido lá — ele não está assustado com a provável morte que vem aí, ele sabe que nada vais salvar a vida dele, mas mesmo assim, ele prefere gastar seu fôlego nos ajudando.

As informações dele são extremamente valiosas, ele pretende nos atacar enquanto estamos distraídos com a festa do bebé, provavelmente durante a festa eles farão alguma coisa conosco. Mas isso não anula o facto da possível morte dele.

— Obrigada soldado, mas me fala o que ele te deu ou prometeu? — murmura a contra gosto.

Arranco suas unhas usando o bisturi, ele não grita nem implora por sua vida. Mas está sentindo dor e muita.

— O que ele me prometeu não tem preço senhor, sinto muito senhor — ele grunhe de dor, seu sangue suja todo o chão e quase salpicada para a minha camisa.

Com a ajuda de um outro bisturi, faço cortes alinhados em sua barriga e com o meu tridente quente, no ponto escaldante passo nas feridas recém abertas. Andres grita de dor finalmente. O cheiro de sangue cozendo é enlouquecedor.

— O que ele deu Andres? Você vai morrer, sabe disso né? — falo abrindo outro buraco em seus braços.

A minha camisa antes branca agora está toda tingida de vermelho. Ele não está tão forte assim.

— Eu sei que vou morrer senhor, só não posso deixar os meus morrerem, o senhor será pai, sabe do que estou falando — Andres sussura num fio de voz, já fraco por causa da dor excruciante causada pelo meu tridente.

Eu entendo perfeitamente o que ele está dizendo, é claro que entendo. O desgraçado do Ygor, usou do medo para chantagear ele, talvez tenha usado a filha dele para tal. Se for realmente isso, acho que ele merece um tiro de misericórdia pelo bom serviço prestado todos esses anos a Bratva.

— Eu entendo Andres, você merece um tiro de misericórdia por isso — Murmuro e dou um tiro em sua testa.

Saio do galpão ainda sujo, preciso falar logo com Mikhail e acelerar as coisas para nós, não temos muito tempo, meu filho já vai nascer e ele não pode nascer num ambiente instável. Ele precisa de paz que toda a criança necessita para crescer bem e saudável. Dou ordens aos meus soldados, para que investiguem sobre a família de Andres Borkhan e o que realmente está acontecendo. Dou ordens também, para que vigiem os nossos barcos e desmantelem as bombas nos portos e que peguem todos os envolvidos.

Volto para casa ainda sujo de Sangue, não quero que minha Zayka me veja assim, não quero que ela tenha uma má impressão de mim, mesmo que eu seja conhecido como o diabo, eu ainda tenho um pouco de escrúpulo.

— Onde vai assim todo sujo? Minha filha está grávida, não pode te ver desse jeito — o desgraçado do velho Constantine, desde que despertou do seu sono de beleza, tem me irritado muito.

Ele acha que tem algum direito a opinião na minha casa. Ele é o convidado e se acha o dono da casa, era só o que me faltava.

— Velhote você é o convidado aqui, vê se cuida da sua vida, você devia me agradecer de joelhos por ter poupado sua vida, não pense que só por estar aqui nós somos amigos, você tentou matar a mim e ao meu pai, não se esqueça disso, o facto de eu amar sua filha, não anula o meu ódio por você, assim que você melhorar, eu o matarei, não o faço agora, porque não sou covarde igual a você, não mato pessoas indefesas, mesmo que sejam ratos como você — aperto seu pescoço a medida que falo, não vou matar ele, mas confesso que a vontade é grande.

O velho se debate na cadeira de rodas, aperta o braço da mesma procurando por ar, mas não é algo tão grave. Em todo caso, se morrer, direi que foi um acidente.

— Aleksander Petrov, o que está fazendo? — Caty me repreende tirando as minhas mãos do pescoço do velho.

Ele teve sorte e graças que Caty veio para me impedir, caso não, estaríamos preparando o funeral do velho e o meu. Minha Zayka me mataria com certeza, ainda mais com a gravidez no último trimestre, ela anda mais assustadora que nunca.