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Chapter 3 - Desejo 3 - Um Vendaval chamado Shamal!

A brisa marítima da praia de Botafogo soprava forte, carregando o aroma salgado e o murmúrio das ondas. De repente, uma voz doce e calma quebrou o silêncio: — Você não deveria estar descansando para trabalhar amanhã?

No mesmo instante, todos os músculos de Farid se retesaram. Aquela voz. Seu corpo entrou em alerta máximo, enquanto sua mente corria em pânico. "Sem as Areias do Desejo, não tenho como enfrentá-lo... não vou conseguir tocá-lo... minha parte corpórea está atada à garota... preciso fugir, e preciso levar a garota comigo."

Perdido em seus pensamentos, Farid foi trazido de volta à realidade quando percebeu Gabrielle virar-se em direção à voz.

— Sr. Oshiro, que bom que o Senhor está bem! Eu fiquei preocupada… — Ela se vira para o Farid e diz — Esse é o Sr. Guilherme Oshiro, o meu patrão, o dono da Pousada Buraquinho!!

Farid, olha para Guilherme com uma expressão séria, ao mesmo tempo em que segura Gabrielle por um dos ombros, impedindo que ela vá ao encontro de Guilherme.

— ELE É O BREU! — Diz, Farid, ainda impedindo que Gabrielle se aproxime de Guilherme, sem desviar o olhar do jovem Oshiro.

Gabrielle está totalmente alheia ao que Farid diz. "Breu? O que é isso?" — Pensa Gabrielle. 

Guilherme fecha os olhos saboreando o momento, e então sorri de forma maliciosa, seus dentes tornam-se pontiagudos, e ao abrir os seus olhos, e a esclera está negra, e a íris vermelha.

— Farid… ou melhor, Djinn… — a voz do Guilherme começa a mudar, tornando-se distorcida. 

— Vai induzi-la a fazer desejos como fez comigo? — Diz Guilherme com a expressão em visível fúria, e a voz cada vez mais distorcida e gutural.

— O que está acontecendo com o Sr. Oshiro? — Se sobressalta Gabrielle, e virando-se para Farid pergunta — O que ele quis dizer com isso de induzir a fazer desejos?! 

Farid se vê em um beco sem saída, e apesar de estar preocupado com a presença de Guilherme, tenta se fazer de desentendido para Gabrielle.

— Não sei do que esse maluco tá falando. — Diz Farid, se fazendo de desentendido, assobiando para o lado, ao mesmo tempo que mantém, a atenção em Guilherme.

Guilherme estreita o olhar, cujas pupilas, agora, estão completamente tomadas pelo amarelo, e diz:

— Um Djinn perde sua imortalidade, quando é chamado por algum humano ao plano físico. Quando isso acontece, a vida do Djinn passa a estar conectada com a de seu mestre! Somente após a realização dos desejos, é que o Djinn ele volta a ser imortal.

Gabrielle está confusa e estupefata! "Então é por isso que ele estava falando sobre Areias dos Desejos… e realização dos meus sonhos" — pensa, ela.

Gabrielle se enfurece, empurra Farid, e começa a dar tapas no tórax dele.

— É por isso que estava querendo realizar meus desejos logo né?! Seu Djinn canalha! Sem caráter! — Diz, Gabrielle vermelha de raiva.

Apesar o acesso de fúria da Gabrielle, Farid não se importa muito com o rompante de raiva da Mestra, e brinca — Que loira brava, hein? Não me bate, que eu gamo!

Guilherme, que estava assistindo a tudo calado, começa a se transformar completamente na criatura monstruosa que atacou Gabrielle na pousada.

— Tem mais um detalhe, Gabrielle, quando um Djinn está no plano terreno, a vida dele e a do seu mestre se tornam uma só! Se matar o mestre... o Djinn sumirá junto!!! — fala exultante, Guilherme quase totalmente transformado em Breu.

Gabrielle e Farid ficam imóveis assistindo Guilherme quase se transformar totalmente na horrenda criatura.

— Agora sujou, Loira! Mete o pé, bonita! — Fala Farid, desesperado. "Se essa molequinha morrer, eu to lascado!", pensa do Djinn.

— O Guilherme é aquele monstro horroroso! — Grita, Gabrielle.

— Eu te falei que ele era o Breu! — Responde, Farid. 

— Eu lá sabia o que era um Breu? O que a gente faz agora? — diz Gabrielle em tom de urgência.

Temendo que Gabrielle, sua Mestra, possa ser morta por Guilherme, na forma de Breu, o que colocaria sua vida em risco, Farid a pega no colo. Com um sorriso debochado, ele diz:

— Eu não te disse? Correr até o pé cair!

Enquanto se prepara para fugir com Gabrielle, Farid subitamente hesita. Um pensamento atravessa sua mente: "Não... ainda há uma maneira..."

O Djinn, então, olha diretamente no olhos de Gabrielle, que está em seus braços, com um semblante sedutor diz:

— Loira, se prepare que agora eu vou te usar. 

Ao ouvir aquilo, a tez de Gabrielle se torna vermelha, em uma mistura de raiva e vergonha, ela pula dos braços e Farid, e acerta um tapa no rosto dele, com toda a sua força.

— Seu sem vergonha, tarado, bandido! Tá pensando que eu sou o quê? Eu prefiro ficar com o Guilherme transformado em bicho do que com você! — Diz, ela.

Farid, que nem sentiu o tapa de Gabrielle, debochadamente esbraveja — A tarada aqui é você! Eu não falei nesse sentido…

— Não tem outro sentido para isso!! — Devolve, Gabrielle.

Farid aponta para Guilherme e vendo que a transformação em Breu está terminando, diz:

— Daqui a pouco ele vai estar com a transformação completa, e o principal alvo dele será você, por ser mais frágil. E aí qual vai ser? Você quer morrer aqui, loirinha? — Indaga, sério o Djinn, agora com ambas as mãos na cintura.

Gabrielle treme ao pensar na ideia de ser morta pelo Breu. "Morrer aqui? Sem realizar os meus sonhos? Nem pensar!" — Reflete, Gabrielle. 

— O que eu preciso fazer? — Pergunta ela, em tom de urgência.

Farid olha para ela em tom de admiração, então responde — Se me der permissão para usar seu corpo, poderei me sal... digo, salvar a todos nós!! Poderei purificar as Areias do Desejo corrompidas no corpo e na alma dele! — completa Farid, com um sorriso sarcástico.

Farid avança em direção à Gabrielle, como se fosse beijá-la.

Gabrielle recua automaticamente — Não vai precisar me beijar não, né? — questiona de pronto, Gabrielle.

Farid arregala os olhos, e depois faz uma expressão de profundo desapontamento.

— Tá… pode ser só na mão… — Retruca Farid, um pouco desapontado.

Guilherme termina a sua transformação, escutando a briga dos dois, e começa a se mover, criando uma bola de energia vermelho escarlate.

— DESAPAREÇAM!! — Grita Guilherme em forma de Breu!

Guilherme em forma de Breu atira a bola de energia. Gabrielle se assusta e em tom de urgência diz para Farid.

— Rápido, Rápido! Ele tá vindo!! — diz Gabrielle preocupada com a aproximação de Guilherme, afinal, ela é o principal alvo dele.

— Não se preocupe, boneca! Deixa comigo!! — Responde, Farid, sorrindo sarcasticamente.

 

— Juízo com o meu corpo hein?! — Devolve a garota, em advertência.

O Djinn então beija a mão de Gabrielle e uma luz dourada corta a energia vermelho escarlate.

***

Ao toque dos lábios do Djinn na mão de Gabrielle, uma explosão de luz dourada cortou a energia escarlate ao redor, como um relâmpago em uma noite escura. A claridade cegante durou apenas um instante, mas foi o suficiente para mudar tudo. Quando a luz se dissipou, o silêncio que se seguiu foi quebrado por um súbito movimento.

Com um salto gracioso, uma figura feminina pousou no topo do muro, sua silhueta recortada contra o céu noturno. O Breu, ainda ofuscado pela luz, ergueu o olhar e viu a mulher misteriosa, seus longos cabelos esvoaçando na brisa, a postura altiva e segura. A presença dela irradiava uma energia poderosa e intimidante, como se fosse uma guerreira de lendas antigas.

— É IMPOSSÍVEL!!! — Exclama, o Breu-Guilherme, em furor.

A aparição inesperada deixava claro que algo grande estava prestes a acontecer, algo que mudaria para sempre o curso dos acontecimentos. A figura feminina parecia ser a Gabrielle, mas ao mesmo tempo muito diferente da garota.

— Meu queridíssimo Breu... fecha a conta e passa a régua! Porque agora, o bicho vai pegar!! Agora você vai dançar comigo, a Shamal! — Declara, a garota, com a voz semelhante a da Gabrielle, mas com um tom mais debochado e elétrico!

Guilherme, transformado em Breu, observou a figura no alto do muro, com uma mistura de confusão e desconfiança. A garota parecia ser Gabrielle, mas ao mesmo tempo, não era. Sua pele, agora de um belo tom de cobre, reluzia sob a luz da lua, e seus olhos brilhavam com um misto de malícia e desafio, um olhar afiado e debochado que ele não reconhecia.

Ela vestia uma bombacha árabe azul, aberta nas laterais, que ondulava suavemente com a brisa noturna, enquanto uma larga tornozeleira dourada cintilava em seu tornozelo. Um curto corpete azul, com mangas bufantes que deixavam os ombros à mostra, destacava-se com detalhes dourados no decote e nos punhos. Seu cabelo, agora em um tom de avelã, estava preso em um rabo de cavalo elegante, do qual pendia uma pedra de ametista azul, que repousava sobre sua testa, adicionando um toque enigmático à sua aparência.

A figura exibia uma confiança quase palpável, como se desafiasse o mundo. Enquanto Guilherme tentava entender o que estava acontecendo, percebeu que o Djinn havia desaparecido. Então, Guilherme compreendeu imediatamente o que havia acontecido.

A presença de Farid, tão imponente momentos antes, agora parecia ter se fundido com a de Gabrielle. A jovem não era mais a mesma, e o Djinn tinha sumido, deixando no lugar deles uma nova entidade — a Shamal, que emanava poder e mistério.

— Realmente... os meios que você usa para sobreviver não encontram barreiras. Primeiro o penico, agora isso?! HAHAHAHAHAHAHAH! — Caçoa, Guilherme.

— Essa transformação vai me poupar trabalho, já que eu posso acabar com os dois de uma só vez! — Comemora o Breu.

A Shamal está pulando para treinar seu novo corpo, e olhando de forma desafiadora para Guilherme, lambe levemente os próprios lábios.

— Esse corpo é bem legal, bastante leve, apesar do peso frontal. Olha só Breuzinho, como eles pulam!! IAHAIHAIHAIHAIHAIHIAHIAHIAHIAHIHA — A Shamal ri histericamente, e olha descaradamente para Guilherme.

— Mas que sujeita, assanhada! — Diz a voz de Gabrielle, visivelmente chateada.

— Não seja fingida, loira, a Shamal é metade você. — Diz Farid, em meio a risadinhas.

— Se ela é metade eu, isso quer dizer que a metade descarada é sua, Djinn! — Retruca, Gabrielle.

O Breu mais uma vez se enfurece, por ter sido ignorado, e dispara suas garras em direção à Shamal, que desvia, as garras do Breu, então, acabam acertando e quebrando a parede. Da poeira levantada, Shamal surge.

— Patrãozinho Breu, é muito feio atacar assim a sua dedicada funcionária! - Ela ri de forma debochada para ele! - Assim você não vai conseguir nada, comigo, pois eu gosto dos garotos gentis, viu?! — Diz a Shamal, de forma atrevida.

— O que é que eu tô dizendo?? — Diz uma mortificada, Gabrielle!

— Meteu essa mesmo, loira? Hahahahahahahaha — Ri Farid de forma debochada! 

A Shamal, então, parte para cima do Breu com uma risada enlouquecida.

— MUHAHAHAHAHAHA!! Agora você vai ver só!

Quando se aproxima, a cauda do Breu a acerta em cheio, fazendo-a colidir com um muro, que se despedaça.

 

— Obrigado por dizer por onde vinham, idiotas! — Exclama, o Breu!

A Shamal está entre os escombros do muro com o nariz sangrando. 

— Eu tô sangrando, eu tô sangrando!! — Diz Gabrielle, desesperada!

— Ai, ui… alguém anotou a placa? — Diz Farid.

A Shamal estreita o olhar em direção à Guilherme, e pronuncia:

— Eu já disse que gosto dos caras gentis, você é idiota ou o quê? — Diz a Shamal, enquanto limpa o sangue que escorre do nariz.

Essas palavras da Shamal enfurecem ainda mais o Breu.

— DESAPAREÇAM DA MINHA VISTA, SEUS DESGRAÇADOS! — Vocifera o Breu!

O Breu cria uma bola de energia, cor escarlate.

A Shamal se levanta dos escombros, um pouco cambaleante, mas consegue se equilibrar.

— Olha só… um "finish him"? HUHAUHAUHAUHAUHAU!! Manda bala, garotão! — Diz a debochada Shamal.

O Breu dispara! A Shamal desvia, e com sua velocidade aparece já por trás do Breu.

— PURIFICAÇÃO ASTRAL!! — Grita a Shamal!

Uma luz intensa invade todo o local, como um grande clarão.

***