Lina marchou pelo corredor — uma mulher com uma missão. Ela não iria voltar atrás. Ela estava grata por não ter assinado o contrato com ele. Caso contrário, seria um inferno de casamento do qual ela se arrependeria. Em vez disso, manteve a cabeça erguida e os ombros firmes — mesmo sem saber como voltar para casa da fortaleza que era a casa dele.
"Lina."
Lina apressou o passo. Ele não demorou quase nada para alcançá-la.
"Lina, espera."
Lina andou mais rápido. Ela poderia muito bem ganhar a medalha de ouro olímpica em caminhada rápida. Ela queria sair dessa casa o mais rápido possível. Ficar o mais longe daquele homem louco o quanto pudesse.
"Lina!" Kaden disse rispidamente, agarrando o pulso dela para pará-la. Ela poderia correr o quanto quisesse, rastejar o quanto desejasse, mas ele sempre estaria um passo à frente dela.
Contudo, quando ela se virou para revelar suas lágrimas de raiva e um olhar que poderia matar, ele hesitou. Ela poderia fugir o quanto quisesse e ele a deixaria, mesmo que pudesse capturá-la com a mesma facilidade.
"Não quis dizer nisso." Kaden precisava explicar, ou então ela entenderia errado. Seu último encontro havia terminado em mal-entendido. Ele não queria que a história se repetisse, especialmente depois de ter aprendido com isso.
"Seu Tio nunca concordaria com este casamento," Kaden começou. "A menos que eu ofereça a ele algo maior do que os Leclares poderiam possivelmente oferecer a ele."
Lina lutou para lidar com suas emoções. Ele a havia perseguido. Era tudo o que ela queria. Mas ele a havia perseguido. E isso a irritava. Pensar que ele acreditava que ela poderia ser comprada com dinheiro.
"Você é inestimável, Pombinha minha, e sabe disso," Kaden afirmou, puxando-a para si, mas ela estava firme como uma árvore, não cedendo ao toque dele.
O olhar de Kaden suavizou. Ele podia ver de novo. Ela estava desdobrando suas lindas asas brancas, pronta para fugir a qualquer momento. O símbolo da paz, até não ser. Ele a chamava de pomba por um motivo, não porque ela era pequena, mas porque ela estava sempre pronta para voar. Ele queria cortar essas asas angelicais e torná-la incapaz de voar para sempre.
Mas então, ela estaria aterrorizada e aos prantos sem suas asas. Então, ela não seria mais a Lina que ele conhecia.
"Não é renda passiva," Lina finalmente disse. "Ele não vai concordar."
Kaden soltou um suspiro suave, uma mistura de riso e alívio. "Ele vai."
"Os Leclares ofereceram a ele participações na empresa, você—"
"Você deixa seu Tio vendê-la como gado quando ele nem mesmo é seu pai?" Kaden retrucou.
Lina parou. Ela abriu e fechou a boca, mas não disse nada. Como poderia? Ele estava certo. E em vez de enfrentar seu Tio, ela brigava com Kaden. Por quê?
Porque ela tinha medo de enfrentar seu Tio. Ela havia deslocado sua raiva. Não era culpa de Kaden. Era do Tio dela, por criar esse tipo de sistema em primeiro lugar.
"Ele nem sequer tem a guarda sobre você. O que te faz pensar que ele tem o direito de casá-la?" Kaden perguntou, dando o pequeno empurrão de que ela precisava.
Kaden sabia que ela era poderosa por direito próprio. E ele adorava isso até demais. A maneira como ela se portava, cabeça erguida, ombros firme, como se estivesse pronta para enfrentar o mundo.
"Ele não tem direito," Lina murmurou, percebendo o que estava impedindo-a de discutir com seu Tio? Sua liberdade? Ele havia trocado uma coleira por outra, de uma rica herdeira para uma esposa troféu.
"Isso mesmo," Kaden disse lentamente, puxando-a de volta para sua gaiola.
Ele sorriu com as engrenagens girando em sua cabeça. Isso mesmo. Fique viciada em seu conselho...
"Minha liberdade," Lina disse de repente.
Kaden pausou. "Do que você está falando?"
"Eu quero minha liberdade e ele a tem," Lina murmurou.
"Pombinha minha, liberdade é subjetiva. Ele não pode possivelmente—"
"Uma vida normal," Lina sussurrou. "Eu quero uma vida normal. Sem parentes obcecados por poder, sem amigos intrigantes, sem paparazzi, nada disso."
"Eu posso te dar isso," Kaden disse. "Sob meu regime, ninguém ousará conspirar contra você, ninguém ousará tentar tirar o poder dos seus amigos. Nenhuma câmera tocará em você."
A cabeça de Lina ergueu-se. "Então eu confiaria minha liberdade nas mãos de outra pessoa."
O olhar de Kaden suavizou. "Então qual plano você tem em mente?"
Lina não sabia. Ela contemplava fugir. Mudar seu nome. Tingir seu cabelo. Fazer cirurgia plástica. Qualquer coisa. Tudo. Ela estava tão desesperada. Chega de amigos falsos. Chega de parecer perfeita para os holofotes. Chega de mães restritivas.
Ela nunca conseguiria fugir longe ou por muito tempo. É só questão de tempo até um de seus parentes rastreá-la. É só questão de tempo até que ela esteja de volta às suas correntes. E agora, havia dois homens a perseguindo.
O coração de Lina afundou no estômago.
"Eu não tenho um plano que funcionaria," Lina admitiu.
Os olhos de Kaden brilharam com a oportunidade de prendê-la em seus braços naquele exato momento. Ela estava vulnerável, tão vulnerável que ele poderia se aproveitar dela. Alimentá-la de mentiras até que ela ficasse viciada, e então não ter para onde ir, senão para seus braços.
Era uma pena que ele se importasse demasiadamente com ela para se aproveitar dessa maneira.
"Então fique comigo," Kaden disse. "Até você ter um plano que funcione."
Os olhos de Lina brilharam com a oportunidade, nervosamente lambendo os lábios.
"Você faria isso por mim, mesmo sabendo que pode haver um dia em que eu desapareça para sempre? Um dia em que você nunca mais verá Lina Yang?" Lina perguntou, sua voz baixa e trêmula.
"Não preciso ver Lina Yang, só preciso saber que você está viva e bem," Kaden disse, seu aperto no pulso dela se intensificando. Ele olhou para seus dedos, onde logo um anel bonito estaria.
"Sério?" Lina perguntou ingenuamente.
"Sério." Kaden a puxou para mais perto, enrolando seu braço em torno da cintura dela, pressionando o corpo dela contra o dele. Ela não se opôs. Ele se aliviou.
"Promete?" Lina disse.
"Claro," Kaden disse, cruzando os dedinhos deles e pressionando os polegares um contra o outro.
Lina permitiu que Kaden a puxasse para um abraço. Ela se permitiu se apaixonar por ele, apenas por um breve momento. Mas nenhum deles conhecia a expressão no rosto do outro.
Kaden não viu seu olhar determinado e Lina não viu seu sorriso malicioso. Ambos eram diabos fingindo ser anjos. A questão era, quem sairia vitorioso?