"Ugh, por que você é tão pesado?" Lina gemeu, o segurando antes que ele batesse a cabeça no chão, o que só o tornaria mais burro do que já era.
Milo era um irmão dramático. Ele colocou a mão na cabeça e revirou os olhos para trás para maior efeito.
"Me diz que você está brincando," Milo conseguiu dizer, ofegante. Ele agia como se estivesse em seu leito de morte e essas fossem suas últimas palavras.
"Quem me dera estar," Lina afirmou, empurrando-o para longe de seu corpo. "Agora levante-se sobre seus dois pés como um garotão."
Milo revirou os olhos e se endireitou, ajustando seu cabelo perfeito e a camisa.
"Eu sequer quero perguntar quem é o marido?" Milo disse, com o rosto se contorcendo de nojo.
"Será um dia frio no inferno antes que eu chame Everett Leclare de meu irmão mais velho," Milo sussurrou, inclinando-se para falar com ela, já que ela era baixinha. Ele sempre caçoava da altura dela.
"Ainda bem que o inferno continua queimando," Lina afirmou.
"Sério?"
"Sim."
"Então…" Milo deixou a frase no ar, piscando em confusão e inclinando a cabeça. "Não me diga, seu marido é—"
"Kaden DeHaven," Lina terminou.
"Caramba," Milo murmurou baixinho, seus olhos tremendo diante da oportunidade que se apresentava à sua frente.
O Clã Yang já havia se fundido com uma das famílias mais poderosas, o Clã Zhao, que possuía o setor financeiro e hoteleiro do país. E agora, uma família que era praticamente um monopólio estava se juntando ao Clã Yang.
"Você xinga demais para uma adolescente," Lina suspirou, balançando a cabeça como uma mãe decepcionada.
Milo revirou os olhos. "Nem todo mundo quer ser um nerd certinho que se veste como um puritano."
"Eu não—"
"Lembra daquela vez no ensino médio quando você foi convidada para uma festa e apareceu pronta para a igreja?" Milo retrucou.
As bochechas de Lina queimaram de vergonha. "Foi porque eles me disseram que era uma festa a fantasia e eu só—"
"Uma festa a fantasia de roupas ousadas," Milo reclamou, dando um facepalm. "Enfim, só estou contente que você melhorou seu estilo depois de conhecer a Isabelle."
Lina assentiu com ironia. Ela ainda se lembrava de Isabelle jogando um travesseiro na sua cabeça quando ela sugeriu usar um vestido até o joelho na balada. Naquela noite, elas não foram a lugar algum. Isabelle a sentou e deu uma palestra sobre moda a noite inteira.
"Só estou grato por não ter que afastar uma longa fila de pretendentes por você," Milo resmungou.
Lina revirou os olhos. Como se ela realmente chamasse tanta atenção das pessoas. Ela sempre se esforçou ao máximo para se mesclar ao ambiente. Quanto mais tentava, mais se destacava.
Isabelle uma vez lhe disse que era por causa de sua presença. Uma presença inegável e única que atraía o olhar das pessoas.
Lina não entendeu o que Isabelle quis dizer.
"De qualquer forma, vá dormir," Milo disse, desviando o olhar de seus olhos sinceros.
Se ao menos sua irmã soubesse, todos os seus amigos sempre falavam dela. Seja pelo seu sorriso fácil ou sua risada suave. Escusado será dizer que seus amigos eram rapidamente conquistados e encantados. Quanto à assaltante? Ela era completamente alheia.
"E tente não dormir até a tarde. Você precisará de comida no estômago para lidar com o Tio amanhã," Milo a advertiu, sacudindo o dedo como um pai disciplinando seu filho.
"Sim, Mãe," Lina respondeu entre dentes, rindo quando ele a encarou feio.
Lina se virou sobre os calcanhares e entrou no seu quarto, colocando a pasta no criado-mudo. Ela estava exausta e queria dormir, mas não conseguiu. Não sem se trocar.
Lina foi ao banheiro, limpou o rosto e tomou um longo banho agradável. Ela quase adormeceu na banheira, mas conseguiu sair e dormir.
E, pela primeira vez, Lina não teve um pesadelo. Talvez fosse a comida no estômago ou o dia cansativo, mas ela dormiu como um carneirinho.
- - - - -
"Onde ela está?" Uma voz rugiu lá de baixo, abrindo a entrada da frente com um estrondo e empurrando para o lado os mordomos e empregadas que rapidamente vieram recebê-lo.
Eram oito da manhã. O que o Presidente da Empresa Yang queria dizer? Onde estava quem? Os mordomos e as empregadas trocaram um olhar confuso.
"Traremos a Jovem Madame até aqui, Primeiro Jovem Senhor," o chefe dos mordomos afirmou, seus olhos se contraindo com o comportamento violento de seu comedido Presidente. Em todos os anos em que trabalhou para o Clã Yang, ele nunca tinha visto o Primeiro Jovem Senhor se comportar dessa forma.
"Não ela," o presidente sussurrou furioso.
As grossas sobrancelhas brancas do chefe dos mordomos se ergueram. Quem mais então? Ele limpou a garganta e se endireitou para proteger seus jovens funcionários. Eles estavam muito assustados para fazer uma pergunta ao presidente, muito menos desobedecer sua ordem.
"O senhor está se referindo à Jovem Senhorita, Primeiro Jovem Senhor?" O chefe dos mordomos pacientemente perguntou.
William estava tão agitado com esse mordomo que não conseguiu dizer nada. Ele abriu caminho entre os funcionários e subiu correndo a escada da Segunda Mansão. Era a Segunda por um motivo. Este lugar era menor em comparação com a Mansão Principal Yang que se assemelhava a um castelo enorme.
"Que barulho é esse?" Milo resmungou enquanto esfregava os olhos cansados, ainda abraçando seu travesseiro. Ele apertou os olhos quando viu uma visão de calças sociais cinzas correndo em sua direção.
"Ai meu Deus, um fantasma!" Milo gritou, pulando para trás quando viu a expressão furiosa de seu Tio.
"Milo, fale! Onde está sua irmã?" William estalou, agarrando seu jovem sobrinho pelos braços. Ele ignorou o pijama de desenhos animados e olhou para baixo com severidade.
"Eu não sei," Milo resmungou. "Provavelmente dormindo até a tarde como ela normalmente faz?"
"Bom garoto," William afirmou, enfiando uma nota de cem dólares na mão de seu sobrinho.
"Uau, por mais uma nota, eu till digo até onde ela planeja comprar a lápide dela!" Milo piou, segurando o dinheiro e acordando instantaneamente com o cheiro de notas recém-impressas direto do banco.
De repente, Milo veio a seus sentidos. Ele percebeu exatamente porque seu Tio estava com tanta pressa. Oh não.
Antes que Milo pudesse sequer se mover, ele ouviu portas batendo contra a parede, seguidas por um grito alto. Milo percebeu que acabara de trocar a vida da irmã por cem dólares.
Avô o mataria.
"O que você está fazendo?!" Uma mulher gritou, seguido pelo som de travesseiros caindo no chão.
"Meu Deus, eu deveria chamar o Pai," Milo sussurrou em voz baixa, andando freneticamente para frente, mas então para trás, percebendo que chamar o pai poderia ser tarde demais.
Não querendo que sua irmã enfrentasse um homem furioso sozinha, Milo correu rapidamente para o quarto dela. Ele sabia que seu Tio não era um homem violento, pois ele não era o filho louco encarregado do submundo. O Segundo Tio que era. Mas Milo estava assustado que seu Tio pudesse dar um tapa em uma mulher fora da linha.
PAK!
O coração de Milo congelou. Um silêncio assustador caiu sobre a mansão. Até os mordomos e empregadas prenderam a respiração, trocando olhares horrorizados uns com os outros. Os que estavam correndo para o quarto de Linden e Evelyn congelaram no meio do caminho.
Uma pergunta pairava no ar.
Quem esbofeteou quem?
"Você ousa levantar a mão para o seu Tio?!" Uma voz repreendeu severamente.
Milo suspirou aliviado. Enquanto isso, os funcionários estavam horrorizados. A Jovem Senhorita deu um tapa no Presidente?!