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Chapter 55 - Não me faça repetir.

William sempre viu potencial em Lina como a primeira mulher a ser Presidente da Yang Enterprise. Sua arrogância, sua intelectualidade, sua retidão. O potencial sempre esteve lá, mas escondido sob camadas de inseguranças e auto-aversão.

Pela primeira vez em muito tempo, William viu o diamante sujo brilhar novamente. Que decepção que fosse sob pressão e que ela não conseguiria fazer isso em nenhum outro lugar.

"Impressionante discurso," William finalmente conseguiu dizer. Ele estendeu a mão, observando enquanto ela fingia que não se encolhia com seu toque.

William não disse nada. Ele apenas esperava que seu irmão mais novo, Linden, não tivesse visto aquilo.

"Agora, onde está o item prometido de ontem?" William exigiu, finalmente desistindo da luta. Se ele não pudesse ter renda passiva das ações do Escritório de Advocacia Leclare, ele poderia apenas ganhar mais dinheiro assim que o casamento de Lina fosse anunciado.

Com quem? Isso ele não se importava. Contanto que fosse com um dos homens com quem ela brincava com os sentimentos.

"Você receberá quando eu estiver apresentável e pronta para vê-lo," Lina declarou. "Agora saia."

William soltou uma risada pequena, seus olhos brilhando. Ele não sabia se deveria estar orgulhoso ou provocado pelo comportamento dela. Ele escolheu o primeiro. Havia anos desde que ela o fizera sentir orgulho por ser um dos Tios que a tratava como se fosse sua própria filha.

"Muito bem então," William concordou, assentindo com a cabeça e abaixando a mão.

William virou e saiu do quarto dela, seguido de perto por seu irmão mais novo. William não estava surpreso com o rompante de Lina, mas ficou admirado com a desobediência do seu irmão mais novo. Geralmente, Linden era o mais passivo dos três irmãos e aquele que jamais ousaria falar contra o mais velho.

"Você não pode falar com a Lina assim," Linden advertiu, agarrando o pulso de seu irmão, forçando William a parar. "Ela não é sua filha, ela é minha."

William soltou um suspiro. Ser mesquinho ou ser virtuoso... Ele se virou e lançou um olhar para Evelyn, que desviou o olhar. Então era assim que seria.

"Eu a criei como minha depois que ela se recusou a ir para casa após aquele incidente no passado. Esqueceu?" William perguntou com uma voz despreocupada.

William observou a postura de seu irmão desmoronar. Então ele era um babaca. E daí?

O rosto inteiro de Linden desabou. Ele cambaleou para trás, ainda assombrado pelos erros de seu passado. Até mesmo Evelyn teve a ousadia de parecer arrependida pelo que aconteceu. Ela abaixou os olhos e olhou para o chão.

"Preciso lembrá-lo que sua pequena manobra transferiu a tutela da Lina para mim?" William declarou. "Você deveria ser grato por eu ter permitido que ela voltasse para casa, especialmente após o trauma que você e o Avô infligiram a ela."

William enfiou as mãos nos bolsos da frente e olhou para baixo, para a triste desculpa de um pai. Se William tivesse sido abençoado com os genes para ter filhos, ele não teria deixado Lina passar pelo que passou no passado. Ele jamais faria aquilo com ela.

Era uma pena Lina não ser sua filha.

"Não use o passado como uma arma contra meu pai," Milo argumentou. "As ações do Pai e do Avô colocaram Lina em perigo por causa dela. Enquanto isso, você, Tio, a colocou em perigo por seu próprio bem."

William ergueu uma sobrancelha. Então o patético Linden não tinha apenas um filhote de raposa, mas dois. Que divertido. Ele simplesmente deu um sorriso para Milo, em vez de responder ao garoto. Ele era apenas um adolescente. Ele não queria desperdiçar seu tempo.

"Irritante," Milo murmurou em voz baixa, ignorando o olhar de advertência de William. Sua irmã poderia respeitar William, mas Milo não.

Milo via através deste lobo em pele de cordeiro. Enquanto seu Pai e Avô tinham o mínimo a ganhar com o passado infeliz de Lina, os dois Tios sem filhas próprias tinham tudo a ganhar.

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Depois que todos saíram do quarto dela, Lina deitou-se na cama por mais cinco minutos olhando para o teto. Ela precisava acalmar seu coração acelerado e as mãos trêmulas. Já fazia um tempo desde que ela havia levantado a voz daquela maneira para seu Tio.

Lina era uma pessoa que queria agradar a todos por natureza. Só a ideia de decepcionar a aterrorizava. Ela havia sido uma aluna de honra durante toda a sua vida, se destacando em seus estudos e recebendo os elogios de todos. Ela havia se tornado viciada nisso.

"Você é uma aluna prodígio esgotada," Lina sussurrou as palavras que seu avô uma vez lhe disse.

Lawrence havia dito isso depois de testemunhar seu trabalho exaustivo sobre os arquivos de seu Tio. Ela revisaria tudo duas, três, quatro vezes para garantir a perfeição à custa de sua juventude.

"Eu só quero ir embora." Lina esfregou a testa cansada, desejando poder simplesmente arrumar suas malas e ir.

Lina estava cansada de ser uma pessoa que queria agradar a todos, perseguindo sua alta através de elogios e não de drogas. Talvez assim, ela não estaria se desgastando tanto por meras palavras e ar.

Segurando um suspiro, Lina saiu da cama, usou o banheiro, tomou um banho e então se vestiu. Ela secou o cabelo, se preparou para o dia e pegou o contrato do criado-mudo.

Quando Lina se considerou apresentável, ela desceu as escadas onde o café da manhã estava pronto para ela.

"Venha sentar, eu guardei um lugar para você!" Milo exclamou, batendo na cadeira ao lado dele.

Os olhos de Lina encontraram os de seu Tio. Ele estava sentado à cabeceira da mesa, onde seu pai sentava, apesar de ser um convidado na casa. Bem, estava dentro da cultura deles tratar o convidado com a mais alta estima. Mas o convidado também tinha que mostrar respeito por não tomar a posição de cabeceira da mesa.

"Eu tenho o que você quer," Lina declarou, mostrando a pasta manila para seu tio.

"Ah, minha cor favorita," William brincou, sempre gostando de ver aquelas pastas coloridas nas mãos dela. Ela sempre sabia o que fazer com todos os problemas que ele tinha com seus relatórios.

Lina não disse nada. Ela nem sequer lhe deu um sorriso ou um olhar de desprezo. Ela estava apenas... neutra.

William franziu a testa. Ele a pressionou demais? Ou ela estava apenas cansada das porcarias de todos?

"Tudo bem, tudo bem, vamos discutir isso. Eu tenho uma reunião em uma hora," William declarou, exatamente quando os pratos bateram atrás dele.

William viu que Evelyn estava arrumando a mesa de jantar. Ela só deve ter feito isso na frente de convidados, pois as empregadas estavam abaladas.

"Bom, agora meu apetite não será arruinado," Milo murmurou em voz baixa, recebendo um olhar longo e severo de William.

Milo fingiu não vê-lo. Ele tomou um gole de seu chá verde.

"Não há nada a discutir. Esta é a minha decisão. Esta é a minha vida." Lina saiu pela porta, confiante de que seu Tio a seguiria. E ele relutantemente o fez.

"Você não vai comer café da manhã?" Milo chamou, decepcionado. Ele havia assado scones para ela, com a massa que preparou na noite anterior por ficar acordado esperando que ela voltasse para casa.

"Estou bem." Lina fechou a porta na cara da sua família e então levou seu Tio para a sala de espera da casa. Era onde a maioria dos convidados esperava por alguém da família aparecer, fossem amigos ou familiares.

Uma vez que chegaram à sala de espera, Lina nem sequer permitiu que ele se sentasse.

"O contrato," Lina declarou, mostrando-o a ele.

William estendeu a mão para pegá-lo, mas ela recuou a mão.

"Você não pode ficar com ele. Você só pode olhar," Lina disse.

William deu um riso forçado. "Mão de vaca."

Vendo sua expressão distante, William ergueu uma sobrancelha. "Você sabe que eu fiz aquilo só para tirar uma reação sua, certo? Eu tinha que ter certeza que você ainda tinha seu potencial—"

"Não me faça repetir," Lina sibilou. "Eu não vou assumir o seu cargo. Não hoje. Não amanhã. E certamente não em breve."

"É o que você pensa," William disse secamente, arrancando o contrato das mãos dela. Para sua satisfação e seu revés, havia realmente um certificado de casamento.

O nome do seu marido? Certamente não era Everett Leclare. Em vez disso, era Kaden DeHaven.