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Chapter 50 - Não Sou Pobre

"Você prometeu," Anakin latiu assim que entrou pela porta, cabelo jogado para trás, olhos afiados como uma raposa astuta. Ele estava ajeitando a gravata novamente, seus longos dedos enrolados em torno da peça irritante.

Anakin pausou quando a viu. Uma mulher com olhos e cabelos da cor da noite, espiando pela janela, com a pálida luz da lua brilhando sobre ela. Ela era linda. Mas se ela estava no escritório do Kaden, ela era intocável.

"Não fale como um amante desprezado," Kaden disse, um aviso em sua voz quando percebeu Anakin olhando por mais tempo do que deveria.

Anakin revirou os olhos, finalmente ajeitando sua gravata. Ele tinha vindo às pressas da janta e é isso que seu Chefe lhe diz?

"O que é tão importante que você me apressou até aqui?" Anakin exigiu, cruzando os braços e desviando sua atenção da mulher. Quem era ela?

"Ajustando seu contrato," Kaden resmungou, apontando para o item com o queixo.

"Meus contratos são perfeitos, não há nada para ajustar neles," Anakin murmurou, mas, ainda assim, se aproximou dele.

"Minha esposa," Kaden enfatizou. "Gostaria que fosse ajustado."

Ah, muito, MUITO intocável. Arítia deveria saber. Era por isso que ele não se incomodou em puxar conversa com ela. No entanto, era intrigante ver seu Chefe se comportar assim.

Anakin trabalhava com seu Chefe há anos agora, mas nunca tinha visto o homem tão possessivo sobre qualquer coisa. Nem mesmo mulheres.

"Ainda não sou sua esposa," Lina disse, afastando-se da janela e da bela vista lá fora. Essa casa era verdadeiramente como um castelo. Ela poderia dizer pelo exterior de pedra lindamente cortada que fazia até as igrejas mais elegantes parecerem envergonhadas.

"Ainda," Kaden repetiu, seus lábios se curvando quando ela franziu a testa.

"Então essa é a razão pela qual você violou os termos de emprego," Anakin resmungou, pegando seu computador da maleta.

Lina olhou para Anakin, intrigada que um dos advogados seniores mais jovens de Ritan estivesse diante dela. Sua atitude e comportamento eram muito mais diferentes do que ela esperava. Ele transparecia uma atitude distante e inacessível, como se o mundo inteiro lhe devesse um favor.

De repente, a temperatura caiu. Estava assustadoramente frio. Lina estremeceu, sentindo um calafrio subir sua espinha. Ela se virou e notou que a expressão de Kaden havia se tornado sombria. Ela poderia praticamente ver espíritos mortos ao redor dele, enquanto a escuridão emanava de sua presença.

Qual era o problema?

"Venha aqui, pomba," Kaden disse, chamando-a na direção dele com um movimento de mão.

Lina recusou. Ela permaneceu em seu lugar para mostrar que não gostava da maneira como ele a tratava como algum animal de estimação. Ela planejava treiná-lo para tratá-la bem.

Kaden estreitou os olhos. Ele se ergueu em toda a sua altura. Ele viu ela vacilar, mas seus ombros permaneceram quadrados.

"Lina," Kaden advertiu.

Lina encarou.

Kaden esticou a mão. Finalmente, Lina se aproximou dele com um sorriso divertido.

"Sim?" Lina indagou, olhando para cima com curiosidade. Isso não foi tão ruim. Ele a encarou, como um animal de estimação irritado por sua própria obediência. Às vezes, ele realmente a lembrava de um cão rabugento.

"Você vai passar a noite," Kaden declarou.

"Não posso, meus pais vão se preocupar—"

"Não foi uma pergunta," Kaden disse, como se fosse um fato.

Lina piscou. Esse controlador, egocêntrico—

"Cuidado, já consigo ouvir os insultos em sua mente," Kaden brincou, o canto da boca se curvando.

Kaden podia ver as engrenagens girando em sua cabeça. A essa altura, ela estava se perguntando se ele podia ler mentes. Ele gostaria que pudesse. Só para entender que tipo de pensamentos passavam pela cabeça dessa mulher louca. Talvez ele pudesse até aconselhá-la a ir para um hospital psiquiátrico. Estaria tudo bem. Ele a visitaria o máximo que pudesse.

"Eu não ousaria," Lina declarou em uma voz robótica que denunciava a mentira.

Kaden sorriu, ajeitando mechas de cabelo atrás das orelhas dela.

O coração de Lina pulsou, desejando que ele sorrisse mais. Essa tinha que ser a primeira vez que ela viu um sorriso tão genuíno em seu rosto bonito. Ela se apaixonou por ele, ali mesmo. Quando ele sorria assim, fazia ela esquecer todas as suas preocupações.

"Tenho certeza que não faria," Kaden disse.

"Me mate," Anakin murmurou em voz baixa, digitando furiosamente no teclado para que pudesse voltar ao seu maldito jantar. Ele tinha vindo às pressas e nem tinha embrulhado os pratos. Agora, ia estar frio.

"Com prazer," Kaden afirmou, alcançando sua gaveta.

"Brincadeira," Anakin respondeu, a voz tremendo no final.

Kaden não respondeu. Continuou alcançando sua gaveta, observando enquanto seu advogado congelava e levantava a cabeça.

"Chefe, você não pode estar falando sério—"

Kaden pegou um cheque em branco.

"Ah, Chefe, seja tão sério quanto quiser!" Anakin piou, endireitando-se e digitando menos irritado no teclado. Com seu ímpeto, ele sempre tinha que trocar seu teclado.

Kaden ignorou seu advogado irritante. Ele se virou para Lina e lhe entregou o cheque, onde seu nome já estava assinado nele.

"Chefe, você não pode estar falando sério," Anakin gemeu, percebendo que o cheque não era para um bônus.

Anakin resmungou reclamações em voz baixa, como os funcionários da DeHaven deveriam se sindicalizar e exigir melhores horários de trabalho, ou como seu Chefe era o empregador mais cruel que ele já havia encontrado.

"O que é isso?" Lina perguntou, olhando para a folha de papel branco.

"Um cheque."

Lina lançou-lhe um olhar incisivo. "Não sou estúpida. Sei que é um cheque."

"Você perguntou o que era," Kaden afirmou. O que há de errado com essa mulher?

"Eu quis saber para que serve?" Lina ajustou-se.

"Você não podia ter perguntado diretamente para que serve em vez de perguntar o que é?" Kaden respondeu.

Lina queria estrangular esse homem. Com suas próprias mãos, também. Ela empurrou sua mão para longe e decidiu que ela tinha ficado mais do que o necessário.

"Estou indo para casa," Lina disparou.

Kaden revirou os olhos. Dramático. Ele agarrou seu pulso, puxando-a de volta para ele. Mas não o suficiente para que seus braços a envolvessem. Não até que ele deixasse claro para o mundo inteiro a quem Lina Yang pertencia.

"Isso é para o seu Tio," Kaden explicou pacientemente, descansando um braço na borda de sua escrivaninha, diretamente atrás de suas costas pequenas. Ele estava encurralando ela, para que ela não escapasse, mas fazendo parecer que ele estava simplesmente cansado.

"Eu não sou pobre," Lina afirmou.

"Eu sei disso."

"Então por que—"

"Eu sei que os Leclares ofereceram algo ao seu Tio em troca de sua mão em casamento. Quando ele perguntar o que eu ofereço a ele, dê a ele este cheque," Kaden afirmou.

Lina estava perturbada. Ele a tratava como gado a ser comprado. Esse homem era tão denso quanto uma árvore! Ela poderia muito bem estar falando com uma parede e ela teria uma melhor compreensão dos humanos do que ele.

"Oh Chefe, agora eu sei porque você queria um contrato," Anakin murmurou em voz baixa. "Olha esse EQ lamentável."

"Do que você está falando?" Kaden rosnou, lançando a Anakin um olhar de advertência.

Anakin simplesmente encolheu os ombros em derrota, voltando ao contrato. Ele de repente simpatizou com a mulher. Imagine namorar um homem tão estúpido. Então, ele viu a mulher do Chefe pegar o cheque.

Ele percebeu que ela poderia ser igualmente estúpida.

Sem aviso, Lina escreveu tantos zeros quanto ela possivelmente podia caber naquele pedaço de papel.

Kaden espiou por cima dos ombros dela, impressionado com o valor que ela media a si mesma. Ela não percebia que era inestimável?

"Adicione mais um zero aí, eu posso pagar," Kaden murmurou, assentindo com a cabeça em acordo com o quão caro ela era.

De repente, ela pegou o cheque e o bateu nele.

PAK!

O som reverberou no ar. O rosto de Kaden virou para o lado devido ao choque. Ele esfregou o queixo em descrença.

"Uma esposa não é um gado que você compra pelo preço mais alto," Lina rosnou, saindo tempestuosamente do escritório dele.

Anakin aplaudiu mentalmente. Então ela era bastante inteligente. Isso era bom. Ele esperava que ela também fosse emocionalmente inteligente, para que pudesse ajudar seu Chefe estúpido.

O dito Chefe estúpido ficou atrás de sua escrivaninha, atônito com o que ela tinha feito. Além disso, ele estava confuso. Era apenas um presente de casamento. Qual era o problema?

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