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Chapter 11 - Velho Conhecido

Nahome estava curioso e até mesmo seu cigarro apagou quando ele perguntou ao drone.

— Quem são os responsáveis?

— Segundo as informações obtidas nas últimas horas, o principal responsável é um homem chamado Zarek, um portador de primeira classe que integra um grupo criminoso de portadores chamado Fundação.

A Fundação era uma organização de portadores com fins criminosos e megalomaníacos que operava no mundo inteiro. Zarek, um dos principais e mais poderosos integrantes, destacava-se como uma figura central dentro dessa organização.

— Zarek?

Nahome sabia o tamanho do perigo que se encontrava na cidade e, apressado, pegou seu celular no bolso e ligou para Ava, comandante da Torre no país.

Segundo a Alliance, Zarek era um dos dois únicos portadores de primeira classe no mundo inteiro. Seu nome envolvia tanto respeito quanto temor, a ponto de a Torre considerá-lo a maior ameaça ao equilíbrio entre humanos e portadores no planeta. Sua fama como um portador poderoso perpetuou-se internacionalmente, além de ser um dos intocáveis e invictos, títulos dados àqueles portadores que nunca sofreram um mínimo toque em combate e muito menos foram derrotados.

Primm! Primm! 

— Ava, está me ouvindo? — perguntou primeiramente o agente.

— Aconteceu algo? — foi a primeira coisa que a comandante disse, lendo os arquivos da Torre dentro de seu escritório profissional.

— O drone me informou que o Zarek está envolvido nisso tudo.

 A preocupação de Nahome estava presente em sua face, mas a comandante não se comportava da mesma maneira.

— Eu imaginava que ele estaria nesse caos. Agente, estarei enviando agora reforços para ajudá-lo — a calma na voz da Ava era admirável ou assustador para o momento.

Nahome prontamente e, corajosamente, recusou a sugestão.

— Comandante, não será necessário. Eu não vou demorar e, mesmo que eu precise de ajuda, darei um jeito de sobreviver.

Ava soltou um suspiro de discordância, mas não tentou mudar a ideia de Nahome. 

— Só não morra, agente — foi a última coisa que Ava disse antes de ela mesma desligar a ligação.

Com o drone o acompanhando, Nahome foi avisado de algo ao chegar ao térreo.

— Agente Nahome, localizei a presença de uma pessoa parada na cobertura do edifício Montreal, que fica próximo da avenida central — informou o drone.

Seus passos calmos até o local, perto de onde ele estava, não o fizeram demorar para chegar. As ruas, cheias de carros capotados, casas destruídas e sangue por todos os cantos, amedrontavam alguém com a mente fraca.

O agente entrou na recepção do edifício com um leve receio, não havia nada além de objetos e pessoas sem vida no chão da recepção. 

Ele não se importou com a cena e foi ao elevador, apertou o botão do último andar e apenas esperou enquanto tirava um aparelho de energia do bolso.

— Se eu fosse um portador, pelo menos já saberia onde está o Zarek.

Ao sair do elevador e chegar no topo de um dos maiores edifícios de Dynami, Nahome se deparou com um homem sentado na beira do arranha-céu. 

A troca de olhares entre os dois revelou o desconhecimento. 

— Quem é ele? — perguntou o agente, com os olhos atentos e uma postura segura.

— O homem à sua frente se chama Hideki, ele é um portador de terceira classe e integra o grupo criminoso de portadores chamado Fundação.

Com vestimentas escuras e um cabelo loiro e liso com corte shaggy, seus olhos escuros e amendoados, junto de seu comportamento sério e expressão desprovida de emoções, Hideki se tornava uma pessoa enigmática, assim como Sam.

O homem, cujo nome era Hideki, comentou inexpressivamente ao agente.

— Zarek estava à espera.

Os passos lentos e a aura daquele que era o mais temido dentre todos os portadores esfriaram o clima. O agente se virou e, diante dele, estava Zarek.

— Estou sentindo um forte cheiro de tristeza. Tirando isso, é bom te rever, Nahomezinho — Zarek estava ali em carne e osso, com um sorriso ao mesmo tempo agradável e intimidador. 

Uma voz conhecida não ouvida há anos, fez o agente Nahome, preocupado e surpreso, pensar automaticamente.

— Eu não posso demorar muito — os olhos de Nahome se fixaram na presença imponente emanada por Zarek.

Zarek caminhava em direção a Hideki e parecia desfrutar do reencontro com Nahome. 

— É estranhamente agradável ver essa sua reação depois de tantos anos — disse Zarek, referindo-se a Nahome, seu amigo de longa data. 

Zarek, como já mencionado, era um velho amigo do agente. Seu cabelo ondulado e longo, branco, caía até o queixo, e sua vestimenta sombria com um sobretudo preto o tornava ainda mais altivo. Sua boca tónica tinha um alto valor, pois seu sorriso era uma marca registrada, uma maneira de impor sua presença acima de tudo e todos. 

— Já sabemos que você e a Fundação fizeram tudo isso — disse Nahome, com uma expressão séria, encarando Zarek como um militar.

— Vocês da Torre se intrometem em tudo, me lembram até os americanos.

Zarek não demonstrava nenhum incômodo com a Torre. Ele os desprezava enormemente.

— Zarek, o que está fazendo? Qual é o objetivo dessa vez? — questionou Nahome, aproximando-se tanto que a fumaça de seu cigarro quase alcançava Zarek.

— Nosso objetivo está um pouco distante daqui, talvez em um lugar espaçoso e importante — Zarek sorria por nada, mas parecia achar a situação engraçada.

A curta distância entre o agente e o portador não intimidava Nahome, que não se importava mais com a antiga amizade com Zarek.

— Vocês têm três horas para desaparecer de uma vez. Caso contrário, teremos um problema.

— Quantas pessoas você acha que eu matei? — rebateu Zarek, sua tranquilidade e suas breves risadas espantavam a moral de um humano.

Sem hesitar, Nahome puxou sua arma com a mão direita e a apontou na direção da testa de Zarek. 

— Nada de mais estragos, Zarek!

— É incrível... eu nunca consigo te entender, amiguinho — disse Zarek, com um leve sorriso de desprezo.

Um breve silêncio marcou o fim do reencontro. Nahome virou-se e caminhou em direção ao elevador, gritando para seu amigo enquanto se afastava.

— Três horas, Zarek! Três horas!

O grito e a ameaça de Nahome não tiveram nenhum efeito; Zarek permaneceu impassível. Num tom baixo, Zarek disse a Hideki.

— Vá para as bases militares no sul e mate o máximo de pessoas que estiverem tentando evacuar.

— Ok, chefia.

Enquanto Hideki se encarregava de uma chacina nas bases do sul, Zarek concentrava-se em cumprir o objetivo da Fundação em Dynami.