O suor escorria pelo rosto de Tahiko, mas ele não diminuiu o ritmo. Em vez disso, ele abriu um sorriso determinado e desafiador. Para ele, era impressionante que Hideki desviasse tão facilmente de suas investidas.
— É impressionante que ainda desvie, mas isso só me empolga mais, e eu ainda não usei minha técnica.
Antes que alguém pudesse reagir, vários disparos de metralhadora ecoaram, especificamente de uma AR-15.
Rá-Tá-Tá-Tá! Rá-Tá-Tá-Tá!
O capitão Williams surgiu de repente, descarregando a AR-15 em direção a Hideki. No entanto, algo imprevisível aconteceu.
— Essas coisas humanas não funcionam — disse Hideki, passando as mãos pelos braços e limpando sua vestimenta. Ele não havia sofrido qualquer dano.
— Ah, merda. — murmurou o capitão, perplexo. Seus olhos estavam paralisados e suas mãos tremiam levemente enquanto segurava a arma — Que coisa é essa?
Nesse momento, Hideki sentiu uma energia emanando de Tahiko, que se preparava para contra-atacar.
— Évros: Amplitude Natural! — exclamou Tahiko, enquanto se levantava e limpava o suor de sua testa.
A Amplitude Natural elevava todos os atributos e características humanas ao auge extremo, transformando o usuário em um ser sobre-humano. Com força, velocidade, resistência e intelecto aprimorados, o usuário podia realizar feitos extraordinários. Essa habilidade proporcionava uma vantagem incomparável em combate, exploração e estratégia. No entanto, exigia controle e disciplina para evitar o desgaste excessivo e a exaustão.
Uma aura poderosa envolveu Tahiko, aumentando exponencialmente sua velocidade e força. Em um piscar de olhos, ele se posicionou atrás de Hideki, desferindo um golpe devastador.
Contudo, Hideki se moveu com uma graça letal, desviando de cada golpe com uma leveza desconcertante. Ele observava Tahiko com um olhar analítico, quase entediado.
— Não acha que está perdendo tempo? — perguntou Hideki, pois não via justificativa alguma para Tahiko se arriscar em prol dos humanos.
— Está tentando provar algo?
A batalha se transformou em uma corrida incessante, mas nada que Tahiko tentasse, mesmo com a Amplitude ativada, conseguia atingir Hideki.
Hideki aproveitou a oportunidade para fazer algo.
— Inversão de Sonoridade — disse ele, completando com uma única palavra — Trocar.
Com essa ordem, Hideki inverteu e redirecionou os sons, de forma que, em vez de se dissiparem normalmente, foram enviados diretamente para onde Tahiko estava.
Ele se concentrou na origem e no destino dos sons, especificamente no som dos corpos dos civis caindo no chão, mortos. Tahiko ouviu claramente o som dos corpos caindo, como se estivesse no local onde os civis estavam, apesar de estar fisicamente em outro lugar.
Instantaneamente, não apenas Tahiko, mas também Williams ouviram e expressaram total desesperança. Williams se ajoelhou, sua força parecia desaparecer completamente. Era possível escutar até as últimas respirações das pessoas e, posteriormente, os corpos caindo no chão, já sem vida devido à intoxicação.
Dessa vez, o orgulho de Tahiko estava quebrado, estraçalhado, morto. Seus pensamentos se concentravam em uma única coisa.
— Riley... Riley…
A presença do garoto era de enorme importância, equilibrando a loucura dentro de Tahiko. Entretanto, não havia mais raiva dentro dele, mas sim ódio puro e implacável.
Seus olhos, cheios de fúria, anunciavam uma ameaça iminente. A pulsação de raiva em seus músculos demonstrava sua perda de controle, enquanto um grande sorriso falso estampava seu rosto, tentando encobrir sua odiosidade.
— Poucas vezes eu senti tanto ódio.
Ligeiramente, Tahiko avançou na direção de Hideki. Sua velocidade era tanta que deixava rastros de vento pelo caminho, mas seus ataques não terminavam como ele queria. Hideki continuava a se esquivar das tentativas desesperadas e visivelmente forçadas de Tahiko, que se esforçava, suava, e tentava ao máximo acertar seu adversário.
— Como? Como eu não consigo acertar? Até mesmo com a Amplitude — gritou Tahiko, impaciente, ofegante e suspirando de raiva, olhando fixamente para Hideki.
Enquanto isso, Hideki observava calmamente seu adversário, determinado a lutar pelos civis. Ele refletia sobre a técnica Amplitude Natural de Tahiko.
— É uma ótima técnica para quem possui um ótimo físico como ele, mas a inexperiência dele é nítida. Certamente ainda não tem conhecimento sobre o uso da energia externa... quando entender, se tornará um problema.
Como já explicado, a energia externa era usada unicamente para o aperfeiçoamento das capacidades físicas, elevando-as ao auge da capacitação humana. Enquanto isso, a energia interna era utilizada exclusivamente para sustentar a técnica. Portanto, a cada minuto que Tahiko usava sua Amplitude, ele consumia sua energia interna devido à natureza técnica dessa habilidade.
O uso da energia externa aumentava as capacidades físicas ao extremo. Quando utilizada junto com a Amplitude Natural, isso tornava o portador muito além do que ele imaginava, superando todos os limites de sua compreensão, atingindo até mesmo a velocidade do som, se necessário.
— Pelo visto, é iniciante, provavelmente é da última classe — Hideki observava, sereno, enquanto batia as mãos para limpar a poeira, analisando friamente o estado enfraquecido de Tahiko.
Fora dos 800 metros da prisão criada por Hideki, alguém finalmente chegou à região das bases militares. Despretensiosamente, Koji chegou ao sul da cidade, com cortes e sangue por todo o corpo. Ele estava bem ferido, mas ainda se via na necessidade de chegar onde deveria. Ao se deparar com a grande estrutura feita por Hideki, ele parou, confuso.
— Tem um portador aqui além do Tahiko e do Saik? Que negócio é esse, Spherea? — Ele batia na estrutura, intrigado e preocupado, tentando entender o que estava acontecendo.
— Um portador superior a eles e a você — respondeu Spherea.
Dentro da prisão, Tahiko não conseguia se manter de pé. Seu esforço havia ultrapassado todos os limites, e a exaustão o dominou por completo. Suas pernas enfraquecidas não o sustentaram, e ele caiu de costas sobre um grande pedaço de concreto, um dos muitos destroços no cenário devastado.
Hideki, a poucos metros de distância, apenas olhava para ele com uma expressão séria e serena. Não muito distante, o capitão Williams cedeu totalmente, caindo no chão sem forças e sem reação, atingido pela intoxicação.
Tahiko observava o cenário ao seu redor, perdido e derrotado. Não conseguia mais se levantar, muito menos lutar; sua derrota estava confirmada. Seus olhos refletiam frustração e abatimento completo. Ele não conseguia manter a cabeça erguida. Sua capacidade havia sido destroçada e jogada no lixo.
Ele não sabia como poderia mudar a situação em que se encontrava, resultado de sua confiança excessiva em si mesmo.