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Chapter 2 - Querido Atlas

Me chamo Emi e eu era apenas uma garota de 17 anos quando encontrei o amor da minha vida, com seus belos cabelos escuros e curtos, pele morena e os olhos asiáticos negros, que brilhavam quando ele sorria, o mais belo dos sorrisos. O mais perfeito dos meus sonhos e acredito fielmente que nem sonhando conseguiria imaginar tão perfeito ser no mundo, meu Querido Atlas.

  Essa era mais uma quase noite em que eu saía para trocar as flores do túmulo de minha mãe que eu havia colocado no dia anterior.

Sou filha única de um pai solteiro, que me criou sozinho, pois minha mãe morreu quando eu nasci, por complicações no parto. Fui criada com todo o amor do mundo, o meu pai nunca deixou que o amor que eu receberia de minha mãe me faltasse, dividindo sua atenção entre mim e o trabalho, comigo sendo prioridade.

Eu nasci albina, com cabelos ondulados, num loiro extremamente claro, pela falta de pigmento e os olhos azuis, quase brancos. Meu pai diz que puxei essas características da minha mãe, tirando a palidez, pois ela era uma mulher ruiva, de olhos azuis, os cabelos que formavam perfeitas ondas e a pele clara banhada por sardas que lhe pintavam as bochechas, ele a admirava tanto e eu só a posso ver por quadros pintados, que segundo ele, não mostram nem um terço de sua real beleza.

Embora não a tenha conhecido, colho flores do jardim ao entardecer, todos os dias, para colocá-las em seu túmulo e torná-lo tão belo quanto um dia ela foi.

Nessa tarde em questão, caminhava pelo jardim, escolhendo as mais bonitas rosas que encontrava, mas assim que colhi a primeira rosa branca da roseira, escutei um farfalhar de folhas secas, que vinham de trás da casa.

Pensei serem os coelhos que as vezes passeavam por ali, eu normalmente os dava algumas hortaliças escondida de meu pai, então larguei o cesto de flores no chão e corri para a cozinha, pegando um repolho recém colhido de cima da mesa e correndo de volta para o quintal.

Me aproximando dos fundos, em silêncio para não assusta-los, vi o chão coberto por folhas alaranjadas e o vento derrubando ainda mais delas, me distrai com o quão deslumbrante era aquela paisagem, até que folhas secas rangeram atrás de mim e eu me virei em sobressalto, esbarrando agressivamente no que, ou em quem estava atrás de mim.

Me virei para ver o que era e me deparei com aquela vista, um homem desconhecido, coberto apenas por um tecido branco, provavelmente um dos lençóis que ali estavam estendidos. Imediatamente, me afastei para trás para tentar correr, mas com as pernas quase paralisadas pelo medo, caí no chão em seguida, uma sensação aterrorizante, parecia que minha voz havia sumido pelo susto, pois eu não conseguia gritar por socorro, então só me restava tentar me arrastar pela grama.

Então ele começou a vir em minha direção e eu senti que iria morrer ali mesmo, com a voz engasgada, sem nem conseguir gritar por socorro, uma morte horrenda, mas tudo que ele fez foi me estender a mão, para ajudar-me a levantar e perguntou:

_Você está bem?

Da forma mais doce possível, como se não houvesse acabado de invadir uma casa, seminu.

Eu não entendi, não sabia o que estava acontecendo, mas aceitei sua ajuda, mesmo receosa e assim que me levantei, o vi cair como quem desmaia no chão e de seu nariz começou a sair sangue.

Arregalei os olhos e quase gritei por ajuda, mas me lembrei que aquele era um homem seminu, ao meu lado e deduzindo o que iriam pensar, decidi por tirá-lo dali eu mesma.

Com a pouca força que eu tinha e o grande peso muscular daquele gigante, o máximo que consegui foi o carregar até o lavabo, onde haviam alguns medicamentos e talas que papai guardava.

O coloquei com tronco deitado e posicionei suas pernas encima do sanitário, em uma tentativa de lhe fazer acordar, técnica que aprendi com meu pai, esperei alguns minutos e logo o vi recobrar a consciência, o ajudando a se sentar.

_Obrigado.

Ele disse, quando lhe entreguei um algodão molhado, indicando que ele deveria limpar o nariz.

Eu o encarei por algum tempo, sem dizer nada, apenas esperando ele começar a falar o porquê está em minha casa, mas ele não o fez, então eu perguntei:

_Você é ladrão?

Ele nega.

_Um tipo de libertino audacioso que invade a casa das pessoas desnudo e se aproveita das mulheres?

Suponho, me encolhendo, mas ele ri, como se eu houvesse acabado de lhe dizer algo engraçado, mas é totalmente compreensivel que eu esteja receosa sobre isso.

_Não vejo graça, do que está rindo? Essa é minha casa e você a está invadindo, eu poderia muito bem chamar...

Sou interrompida.

_Tudo bem, tudo bem, eu sei que não é engraçado, mas te garanto que não sou um cara ruim desse jeito e nunca, de forma alguma, eu trataria uma mulher assim. Então pode, por favor, não chamar ninguém?

Seu modo de falar é diferente, mas suas falas parecem sinceras, me fazem acreditar e eu acabo cedendo ao seu pedido, não tendo também outra opção.

_Como se chama?

Pergunto, por fim, apenas para desencargo de consciência por estar abrigando alguém que nem ao menos conheço em minha casa e, principalmente, sem avisar ao meu pai.

_Atlas. E você?

Ele também pergunta.

_Informação demais para você.

É tudo o que digo.

_Ok, senhora dona da casa.

Diz, sarcástico.

Continua...