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Chapter 3 - A história mais engraçada

O que eu estou fazendo!? Não sei. O que deveria fazer? Com certeza não estou fazendo, mas estou fazendo algo que não sei que resultado terá no fim de tudo: Ajudando um estranho.

Depois de estancar seu sangramento, o levei para um dos quartos que ficavam no andar de baixo da casa e apesar de não ser uma casa tão grande, acredito que meu pai não irá notar uma presença estranha, já que ele está sempre muito exausto mental e fisicamente, por conta do trabalho.

Por ser cientista, as experiências o tomam toda a energia, mas ainda sim passa maior parte do seu tempo comigo, mesmo cansado após o trabalho.

Peço que o rapaz se sente na cama e então começo a sessão de perguntas, preciso saber mais sobre ele se vou ajudá-lo.

_Qual sua idade?

Pergunto, de pé para impor algum tipo de superioridade e ele logo responde:

_Tenho dezenove anos.

_De onde veio?

Digo simples, mas ele pensa por algum tempo, tempo até demais para mim.

_É tão difícil assim saber um lugar?

Decido perguntar, incomodada pela demora.

_Não é isso, mas, para começar, onde eu estou?

"Ele está mesmo me perguntando isso?"

_Como assim "onde eu estou"? Você esteve bebendo? Está alcoolizado ou indisposto?

_Não, eu só não sei, ok? Me deu branco.

Ele coça a cabeça e levanta os ombros, como quem não se importa e sua atitude me irrita ainda mais.

Minha paciência já se esgotava, mas eu ainda tento:

_Entendi, tudo bem. Vamos começar de novo.

Respiro fundo para me acalmar e volto a dizer, tentando soar o mais amigável possível:

_Sabe me dizer ao menos o que estava fazendo em meu quintal?

Ele balança a cabeça negativamente.

"Inacreditável"

É impossível conversar com o rapaz sem se estressar, mesmo me esforçando ao máximo, tenho que me sentar, respirar fundo e pensar em coisas que gosto, no caso:

"As plantações cheias de abóboras cheirosas no outono e a sopa de abóbora que a empregada prepara ao final da estação, quando vem o inverno, desce tão quente que parece um abraço para afastar o frio e o sabor é tão divino que me pergunto se veio diretamente do céu" mentalizo.

Já me sentindo mais calma, posso finalmente continuar aquela conversa.

_Olhe, Senhor. Eu poderia expulsa-lo da propriedade de meu pai neste exato momento. Mas não o fiz ainda pois tenho pena de um moço tão jovem, já estar tão moribundo dessa forma, então, por favor, colabore.

Peço, pacientemente.

_Tudo bem, me desculpe, eu menti. Na verdade eu sei bem como vim parar aqui...

Confessa, como se não estivesse óbvio.

_... mas sei que você não vai acreditar.

"Olhe só. Ele está tentando me enganar. Será que pensa que nunca assisti um teatro? Pois bem, minha peça favorita foi ... Esquece, não me lembro, faz muito tempo desde a última vez em que fui a um teatro com meu pai, mas ainda sei identificar uma má atuação. Acredito."

_Tente, veja se me convence.

Digo, já convecida da enorme mentira que viria a seguir.

_Ok, tudo bem. Primeiramente, me chamo Atlas Suta.

_Isso é uma abreviação?

Pergunto, pois era um nome bem diferente e curto.

_Não, é isso mesmo, sobrenome Suta.

Acho estranho, mas não fazia diferença em meio a tantas estranhezas.

_Tudo bem, Atlas Suta, o que estava fazendo em meu jardim?

Tento ir direto ao ponto.

_Calma, vamos por partes. Eu sou estudante de Biologia e tenho alguns professores.

Ele dizia, como se estivesse falando com uma criança.

_Eu sei mais de ciência do que pensa, seja menos óbvio.

Digo.

"Com quem ele pensa estar falando? Posso ser considerada incapaz por alguns, por ser mulher, mas sei mais de ciências do que qualquer um. Meu pai sempre foi um ótimo professor!"

_Tudo bem. Um desses professores estava organizando um experimento novo e precisava de alguém para testar, então me ofereci...

O interrompi:

_Que tipo de professor irresponsável faz um experimento nunca antes feito e testa com alunos? E por que você se ofereceu?

Me encontro indignada, a história fazia ainda menos sentido do que as perguntas sem resposta.

_Eu precisava de nota, ok? Já sobre ele ter me deixado participar, não é comigo.

Ele diz, como se estivesse se livrando da culpa e eu o acho estúpido por aceitar se submeter a isso, meu pai sempre diz como experimentos novos podem ser perigosos.

_Mas voltando para a história, descobri mais tarde que o experimento tinha a ver com viagens no tempo...

A partir dessas palavras, eu já não acreditava em mais nada.

_Estava certo, não acredito.

Concluí, me levantando, saindo do quarto e sendo acompanhada por ele.

_Olha, sei que é inacreditável, mas estou falando sério.

Ele jura.

_Se você realmente espera que eu acredite nessa história, posso lhe dizer que citar "viagens no tempo" não o fará conseguir, de maneira nenhuma.

Digo, rindo, pois aquilo tudo me parecia uma grande comédia.

Vou até o quarto de meu pai e lhe separo algumas roupas que parecessem servir em seu corpo.

_Experimente.

O entrego as roupas e ele pega sem questionar, mas começa a olhar para mim, quieto e eu questiono:

_O que está esperando?

_Vou me trocar com você aqui?

Pergunta e eu percebo, saindo dali imediatamente, envergonhada.

_Me desculpe.

Digo, atrás da porta.

_Tudo bem.

Ele responde, do outro lado.

Minutos se passam e ele saí. As peças o serviram perfeitamente, o fazendo parecer um nobre homem, o que admito ter me encantado um pouco.

_Vamos, vou levá-lo ao quarto e garantir que não o vejam, antes que meu pai volte para casa.

Voltamos ao quarto de hóspedes e antes de deixá-lo e ir organizar-me para o jantar, ele diz:

_Eu te disse o meu nome, me diga o seu agora, estou curioso.

Sua forma tão informal de dizer me intriga e eu iria já lhe dizer para deixar de ser inconveniente, mas escuto meu pai me chamando na cozinha, ele havia chegado em casa mais cedo, aparentemente.

_Emi, onde está você? Preciso de ajuda.

A voz se aproximava cada vez mais.

Olho para Atlas com os olhos arregalados e ele apenas sorri e com um sorriso bordado em seus lábios, ele sibila: Emi.

Continua...