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Chapter 5 - Brincadeiras

_Meu Deus, pai, por que o senhor está com um faca?!

Ela grita, mais para alertar ao outro que eles estavam chegando no quarto e que ele deveria se esconder ou fugir.

Seu pai olha estranho para ela, pois não tinha nenhuma faca em mãos e ela apenas dá de ombros, fingindo ser para espantar o ladrão, no caso, era para espantar Atlas.

Chegando ao cômodo, o homem vasculha por todo o lugar e como não encontra nada, então resolve ir até o quarto ao lado, talvez o ladrão estivesse escondido lá.

Emi leva um susto quando vê que ele está indo em direção ao quarto, a garota treme em ansiedade e em medo de ser pega escondendo um homem em casa, ainda mais sendo a casa de seu pai.

Ao abrir a porta do lugar, acendendo a luminária, nada é visto, apenas dois futons (cama típica), a iluminação baixa, um armário pequeno e um guarda-roupa, um cômodo bem minimalista, tudo no mesmo lugar, no mesmo estado em que foram deixados, algo que Emi estranhou, já que o garoto havia ficado ali por horas.

De qualquer forma, se sentia aliviada, mas sua expressão de alívio logo foi substituída por puro medo, assim que seu pai começou a vasculhar pelo quarto. Ela sabia como ele não deixaria passar nenhum mínimo detalhe, por isso também ativou seus olhos de águia, herdados do mais velho, e se pôs a procurar por quaisquer vestijos, antes que ele os encontrasse.

Foi assim que notou a porta do banheiro do quarto dar uma leve tremida e os olhos do moreno brilharem por alguns segundos, quando a claridade que passava pelo escuro do vão da porta, lhes atingiu.

Imediatamente se põe a agir, indo para a frente do pai, que checava o guarda-roupa:

_Pai, acho que foi um dos bichos que passeiam aqui pela vizinhança, nessa manhã vi coelhos.

Ela inventou, tentando convencê-lo com um sorriso, mas o homem apenas a afastou para checar o banheiro, já que não havia nada ali e os futons e o pequeno armário eram pequenos demais para esconder alguém.

Ele se aproxima do banheiro, começando a observar a porta com cuidado e então...

_Aah!!

O grito ecoa pelo cômodo, despertando pai e filha, era Ayame.

_Um RATO!!

Ela começa a gritar e pular, correndo para a cozinha, para aonde o rato também vai.

_Ele está me perseguindo!

Ela grita, à distância.

Os dois correm para ajudá-la, mas chegando lá, enquanto seu pai luta para achar onde o rato se escondeu e Ayame grita, encima da bancada, como se sua vida dependesse disso, Emi ri com vontade, soltando boas gargalhadas, sem se preocupar, afinal, era apenas um ratinho.

Um tempo depois

_Por Deus, eu nunca ri tanto na vida.

Emi solta, com as mãos na barriga, com câimbra de tanto rir.

_Não sei qual a graça.

Ayame diz, informalmente, enquanto respira em um saco de papel, tentando se acalmar.

Estavam as duas na cozinha, encostadas na bancada.

_Pronto, agora aquele pequeno roedor está em seu ambiente natural e não irá mais incomodar.

O pai chega, depois de deixar o animal em algum brejo por aí, seu bom humor ao dizer era notável.

_Eu disse, era apenas um bichinho.

A garota lembra, aquele foi um golpe de sorte.

_Desculpem-me pelo escândalo.

A funcionária pede.

_Se refere a gritar? Está tudo bem, eu faria o mesmo.

Emi diz e todos riem, pois sabem bem que isso nunca aconteceria, já que Emi consegue ser mais corajosa até que o próprio pai, quando se trata de animais.

_Falou a minha garotinha que queria um sapo de estimação, aos dez anos.

O pai diz, de forma carinhosa, com tom nostálgico e todos começam a rir novamente.

O clima permaneceu em pura alegria até a hora de ir para a cama.

Emi já estava indo para o quarto onde deixou Atlas, quando Ayame a parou e disse:

_Não se esqueça de se lavar antes de ir deitar, mocinha.

A garota se assusta, mas logo que entende do que se trata, afirma com a cabeça, revirando os olhos no segundo em que a outra vira as costas, por ter sido tratada novamente como criança.

_Não revire os olhos, você sabe que esquece.

A mulher avisa, ao longe.

_Eu entendi.

A outra afirma, com rompante.

Ela dá uma última olhada, para ver se mais alguém vinha e assim que conclui estar sozinha, se põe novamente a caminhar em direção ao quarto.

De fininho, tentando fazer o mínimo de barulho possível, ela abre e fecha a porta atrás de si, com a iluminação do quarto já acesa, ela vai até o banheiro e procura por Atlas, talvez tremendo pelo medo de não ser dele aqueles olhos e sim de alguma outra pessoa ou até de um ser de outro plano, talvez um fantasma, sua voz até chegou a falhar quando disse:

_Atlas, você está...

Engole em seco.

_Atlas, é você? Pode sair.

Ela termina a frase, não obtendo resposta.

"Meu Deus, por favor..." ela pensa, estando realmente com medo, enquanto cuidadosamente abre a porta do banheiro, notando não ter com ninguém atrás, mas antes que possa acender a iluminação do cômodo, sente uma mão pesar em seu ombro e seu resquício de coragem vai com um último sussurro:

_Atla...

Não pôde terminar, pois é interrompida por uma voz em seu ouvido:

_Buu!

Ela treme com o susto, mas reconhece a voz em instantes e se vira para encará-lo, em puro ódio.

_Oi, Emi.

Ele sorri.

_Eu era o monstro do armário.

Aponta para trás, onde estava o guarda-roupa e a outra revira os olhos, entendendo e logo se desvencilhando do toque para sair do pequeno cômodo.

_Eu poderia ter me assustado de verdade. E se eu gritasse?

Ela diz, falando baixo, enquanto se senta no colchão.

_Você com certeza se assustou de verdade.

Ele ironiza, se sentando ao lado dela.

Ela o encara e intercala um olhar irritado entre os olhos dele e a distância não existente entre eles, para que ele entendesse que ela não queria proximidade, mas ele não o faz, então ela mesma se afasta, bufando.

_Está brava por isso?

Ele pergunta, indignado, se referindo a tê-la assustado.

A garota o olha, sem entender do que ele falava.

_Qual é? Foi só uma brincadeira, eu só estava descontando por você ter me feito pensar que eu seria morto pelo seu pai.

Quando mais ele falava, menos a garota entendia e em seu rosto era clara a expressão de "quê?", então o rapaz explica:

_Você disse que ele tinha uma faca!

Afirma, indignado, o que faz a garota rir.

_Agora sou eu a dizer: "Você está indignado com isso?" Eu só estava te avisando.

Emi diz e os dois se põem a rir.

_Estou de saída, durma com os olhos abertos, Sr: Viajante do tempo.

Ela brinca.

_Isso me pareceu uma ameaça, princesinha.

Ele ri e ela ruboriza em saber que ele havia escutado tudo.

_Boa noite.

Ele termina, bem humorado.

_Boa noite.

Ela saí e fecha a porta atrás de si, subindo as escadas para o próprio quarto.

Continua...