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Chapter 11 - Capítulo 11 - Promete não bater?

Quando ele chega na instituição imediatamente sente todo o estresse se acumular, o prédio desabado estava refeito, obviamente trabalho de alguns demônios explorados pela assembleia.

Pelo que havia acontecido provavelmente ele deveria ir primeiro ver o diretor pra esclarecer tudo, pelo menos isso era o que Kolin iria fazer até ver Melanie na entrada da escola, assim que ele a viu ela veio em sua direção.

Melanie estava péssima, seus belos cabelos loiros avermelhados estavam soltos de modo desgrenhado, e embora ela tentasse disfarçar a leve bolsa vermelha que tinha embaixo dos olhos com maquiagem, era evidente que havia chorado, seus olhos castanhos pareciam menos vividos que o normal.

A gravata do seu uniforme estava com um nó mal feito e Melanie nunca fazia nada assim, ela sempre tentava ser perfeita pra aquele idiota.

Ele suspira fundo, e antes que ela tentasse dizer algo braços fortes a abraçam.

Ela não se afasta, seu corpo pequeno se encaixa perfeitamente em seus braços, suas mechas ainda tinham o mesmo aroma de rosas e faziam cosquinha no seu pescoço.

— Não precisa fazer isso. — Ela começa se afastando um pouco.

— Fazer o que?

— Você sabe, me consolar, e cuidar de mim como se eu fosse quebrar a qualquer momento, sei que não sou tão forte como você, mas aguento isso.

— Com "isso" você quer dizer o babaca do seu ex-namorado? — Ele pergunta dando um ênfase especial ao "ex".

Ela faz uma careta, as bochechas avermelhadas pelo frio.

— Ele não é meu ex, quer dizer, não exatamente eu acho, tenho certeza de que vamos voltar. — Ela diz como se tentasse convencer a si mesma.

— Bom, pelo menos você não negou que ele é babaca, já é um progresso.

Ela revira os olhos castanhos e desfaz o abraço, mas diz por fim:

— É, talvez ele seja um pouco babaca.

Ela sorri, finalmente mostrando uma expressão mais suave, e ele sorri de volta com o gesto.

Ela usava um cachecol verde escuro que expressava mais suas bochechas avermelhadas com o frio, era realmente linda, mas ela odiava essa cor.

Ele poderia até perguntar por que seu guarda roupa estava repleto desse tom se ela odiava tanto mas, mas a resposta sempre seria ele, então Kolin prefere não dizer nada.

— Então qual foi o motivo do término dessa vez? — Ele pergunta.

Parte sua tentava esconder o fato de que se ela respondesse errado ele iria independente de tudo procurar Richard e dar um soco no lindo rosto dele.

Ela o olha com um tom acusatório por alguns segundos, mas suspira e diz:

— Promete que não vai surtar e bater nele se e eu contar?

— Tenho mesmo que prometer isso?

— Mas é claro, da última vez que você bateu nele, ele contou para o irmão dele e... — Ela diz mas para no meio da frase, talvez percebendo que falar do irmão morto dele, seja demais.

— É, eu sei, eu sei, era só brincadeira, não vou bater nele.

— É sério, não quero que você volte pra prisão, aquele lugar já é horrível por si só.

Ele concorda brevemente.

Melanie e Kolin concordaram de não conversar sobre isso, era sempre deprimente e ele já recebia sermões suficientes de todo o resto, ela vinha o visitar antes, mas ele a fez prometer não fazer mais isso, aquele lugar simplesmente não combinava com ela.

Kolin não combina com ela, talvez seja por isso que ela prefira o Chard.

Ela o fita por um momento, talvez tentando detectar se ele esta mentindo, e por fim assente.

— Ele me odeia.

— Ele não te odeia. — Sua resposta era automática apesar de sentir que Chard a odiava sim um pouco, talvez até demais.

— Eu sei que em algum momento ele gostou de mim, caso contrário não teria me pedido em namoro, mas ele sabe que meu sonho sempre foi me casar, eu fui paciente quando ele me pediu um tempo pelo luto, mas já se passou quase duas semanas, quanto tempo mais ele quer que eu espere. — Ela diz irritada, mas Kolin pode perceber que ela só estava contendo as lágrimas.

— Talvez ele esteja realmente depressivo por isso?

— Ele tenta amenizar.

Em sua mente ele sabia que não havia a mínima possibilidade disso, ele mais do que ninguém sabia que o coração de Chard era mais frio que gelo.

— No início também pensei que fosse, mas desde o funeral não o vi derramar nenhuma lágrima, nem tem tristeza nos olhos dele, só cansaço e tédio, o único momento que ele se ilumina é quando seguro aquele livro idiota, uma herança de família.

— Herança de família? — Ele pergunta se aproximando.

— Quando eu perguntei, ele só disse que uma mente "não evoluída como a minha não entenderia", e que não era da minha conta. — Ela explica gesticulando.

— Deve ser porque significa muito pra ele.

— Eu sei, mas não é só isso, tem também aquelas luvas idiotas, eu sou suja, vou infectar ele com minhas bactérias? Isso é ridículo, eu não posso nem abraçar ele, sem que faça uma careta, pensei que poderíamos superar tudo isso juntos, e agora ele vem com isso de romper o compromisso, não sei o que fazer, simplesmente não posso ficar sem ele. — Antes que eu pudesse dizer algo ela desaba em lágrimas.

Ele a abraça mais uma vez sentindo o ódio lhe consumir.

Melanie havia sido a primeira pessoa que o havia tratado com igualdade, sem o trair ou falar mal pelas costas, ele naturalmente a considerava sua prioridade.

— Eu vou falar com ele Lanie.

Ela imediatamente se afasta e arregala os olhos.

— Você prometeu não machucar ele. — Melanie diz em tom de acusação.

— É só uma conversa, você não confia em mim?

Ela faz uma careta, mas assente.

— Bom, então te vejo depois, ele provavelmente está no terraço certo?

Chard ficava lá vinte e quatro horas por dia, era raro não vê-lo lá, era a única pessoa que tinha a chave fora Kolin e Hayley, os outros não iam lá, não sei se por respeito ou medo, respeito seria por Richard, medo por dois demônios não autorizados ficarem lá sem os anjos falarem nada a respeito.

Mas não é como se Peter não houvesse tentado entrar antes.

— Você sabe que sim.

Assim que se despede dela, ele vai até o terraço, mas para no corredor quando vê a cena irritante que se formava a frente.

Todos o olhavam do mesmo jeito, talvez pior, ele já estava acostumado, era normal as pessoas fazerem julgamentos apressados, mas continuava sendo irritante todas as vezes, garotas paravam no meio de suas conversas e cochichavam algo depois de o olhar.

Um nerd deu meia volta depois de ter deixado alguns papéis cair no chão, ele vai ter que voltar pra pegar, Kolin pensou.

Um casal parou de flertar e evitou seu olhar.

E por fim Kolin encontrou uma das pessoas que menos queria, o principal motivo de ele ter perdido o controle e ido pra cadeia, a segunda pessoa que ele mais odeia.

O cabelo tingido de mechas azuis em meio ao castanho claro natural que pertencia a ninguém mais ninguém menos que o estúpido do Peter.

Até hoje ele não sabe por quê havia sido já sido amigo de um idiota como ele, talvez tenha sido uma fase estúpida, mas isso nunca entraria na cabeça de Kolin.

Peter o olha com superioridade apesar das leves marcas vermelhas em seu braço, e dos curativos no rosto, de que adiantava ser um anjo se ele era tão violento quanto um demônio?

— Então você tem coragem de mostrar seu rosto por aqui? — Ele diz levantando o rosto, apesar de já ser mais alto que Kolin

— Isso foi para mim? — Ele indaga?

Droga, ele não podia começar outra briga, no melhor dos casos o expulsariam, no pior, ele perderia o controle, abriria a barreira das bestas e seria executado de vez.

— Você fala como se não tivesse destruído um prédio inteiro com seu temperamento de merda, você teve sorte dessa vez por não ter matado ninguém seu monstro. — Ele diz diminuindo o espaço entre os dois o olhando com desprezo.

Kolin achava ele realmente irritante, não tão irritante quanto Chard, mas muito irritante.

Os alunos que começavam a sair do corredor lançaram olhares de repulsa a Kolin.

— Não teria destruído nada se você me deixasse em paz. — Ele responde tentando manter a respiração estável, e contando até cem mentalmente.

— Então a culpa é minha? Não sou eu que não consegue se manter na coleira. — Ele diz passando a língua nos dentes, e deixando por um segundo seu piercing a mostra.

— Kolin, O professor quer falar com você. — Diz Hayley, se interpondo entre os dois.

Ela havia aparecido na hora certa, Kolin estava quase dando um soco nele, ou quebrando o outro braço ao menos.

Hayley e ele não éramos muito próximos, na verdade ela é uma grande amiga de Daniel, mas também conversa muito com Chard, ela é um anjo mas é muito sociável então se da bem com quem quiser.

Bom, de qualquer forma ele a agradeceria mais tarde por isso.

Uma bela imagem passou pela sua cabeça nesse momento, seria lindo arrancar o piercing da língua de Peter e depois faze-lo comer com sangue e tudo, com uns insetos no meio de preferência.

Com isso em mente ele continua seu caminho e esbarra em seu ombro ferido.

— Eu prefiro não brincar com você agora Samaster. — Ele zomba enfatizando o sobrenome que Peter odiava.

Ele solta um grunhido de raiva e algum xingamento que Kolin ignora.

Para o bem dos dois e principalmente de si mesmo, Kolin consigue seguir seu caminho, até onde ele realmente queria ir, mas assim que chega se arrepende.