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Chapter 15 - Capítulo 15 - Assuma a responsabilidade

— Até da Melanie? — Kolin indaga indignado.

Um pensamento que não entrava na sua cabeça era como ele poderia desconfiar da Melanie, ela nunca faria nada que ferisse Richard, nem sequer emocionalmente, se é que ele sente alguma coisa.

— Todos, sem exceção, só que os poderes do meu irmão eram em um nível ainda melhor que o meu, então ninguém poderia matá-lo tão facilmente, seria preciso muita força bruta, e dentre todos os suspeitos, você é o que mais tem isso.

Kolin da um estalo com a língua irritado, essa lógica era completamente ridícula.

— Mas o assassino também é muito inteligente, o que não combina com você, a não ser que tivesse ajuda não faz sentido. — Ele explica como se estivesse falando com um animal.

— Então você acha que todos os suicídios que vem acontecendo, são na verdade assassinatos de um serial killer? — Kolin pergunta.

 Ele acaba soando mais surpreso do que realmente estava.

Kolin adoraria dizer que o estava alucinando em cada palavra que disse mas essa última parte fazia sentido.

— Kolin Corteny. — Ele diz seu nome pela primeira vez em muito tempo, o surpreendendo. — O que você acha?

Era a primeira vez que Chard reagia dessa maneira, normalmente ele não perguntaria pela opinião de ninguém sobre nada, já que ele não se importa, nem está interessado sobre o que pensam.

Afinal na sua cabeça nenhuma lógica poderia ser melhor do que a do anjo superior, representador de toda a beleza do mundo e blá, blá, blá.

Kolin se lembra das várias vezes que havia consolado Melanie quando ela dizia que Chard estava obcecado com algo e não lhe dava atenção.

Kolin se pergunta se deveria contar isso a ela, ele sempre contava tudo a ela, principalmente por que as vezes ela pedia para ele descobrir coisas sobre Richard então ele investigava a vida do outro a fundo.

 — Só acho que não deveria ser tão extremo. — Ele responde.

Kolin desvia o olhar de seus olhos acinzentados e observa o corte no centro do seu pescoço pálido demais, ainda escorria um pouco do líquido de um vermelho escuro embora Richard nem parecesse sentir.

Ele faz um "ah" com a boca quando vê para onde Kolin olhava com tanta atenção.

— Isso não é nada, vai curar um dia. — Ele diz pegando um pano e pressionando contra o corte. 

Kolin o olha por um tempo mas decide não dizer nada.

— Eu nunca contei para ninguém mas cada pessoa tem um aroma que exala quando sente desejo de matar, e eu consigo sentir, naquele dia eu senti o do assassino.

Um quebra cabeça parece se encaixar lentamente na cabeça de Kolin, como Richard podia ser insano a esse ponto era assustador.

— Por isso me deixou com vontade de te matar? 

Uma lógica bem louca, na pior das hipóteses Kolin poderia de fato ter matado ele, ele quase teve uma explosão de tão irritado que ficou.

— Foi o que me ocorreu. — Ele diz com calma.

— Então se eu nunca sentisse desejo de matar você continuaria me provocando? 

— Era o plano.

— Você é um verdadeiro filho da puta. — Sua voz tremeu um pouco pela raiva.

 Ele se conteve enquanto olhava o pano no pescoço de Richard ficar encharcado com o sangue.

Talvez o corte tenha sido mais profundo do que ele imaginava. 

Mas não é como se ele não houvesse recebido feridas piores, isso não era nada, na verdade já haviam vários outros curativos pelos seus dedos causado de brigas anteriores.

Richard por fim joga o pano ensanguentado e estende a mão com uma de suas luvas negras para Kolin.

Kolin se pergunta se a expressão que tinha em seu rosto era tão idiota assim por que em seguida Richard lhe deu um sorriso e disse:

— Me dá a sua mão. 

Era um daqueles sorrisos que você olha e deseja receber várias vezes da mesma pessoa, afinal Richard normalmente só continha aquela expressão fria e vazia.

Seus olhos pareciam possuir toda a escuridão e crueldade do mundo, porém quando ele sorria era o completo oposto, e apesar disso Kolin sabia exatamente quando a alegria estampada em seu rosto era falsa.

Ele desvia o olhar da sua beleza cegante e por fim observa a própria mão, o corte com o caco de vidro não parecia profundo  mas ainda jorrava muito sangue.

A dor era gruda e irritante mas não forte então após alguns segundos ele se cansa de olhar para a mão estendida de Richard e obedece colocando a mão sobre a sua.

Kolin espera com espectativa que ele retirasse a luva preta das mãos, mas ele não o faz e apenas envolve a mão de Kolin com as suas enquanto olha fixamente para o corte.

Seu cabelo liso demais acima da sobrancelha estava perfeitamente arrumado mesmo após tudo o que aconteceu.

Richard parecia um boneco de porcelana exceto pela novas marcas em vermelho vivo que agora estava em uma das bochechas, e o corte no pescoço que apesar de ter parado de sangrar ainda era recente.

E se pergunta sentindo a consciência pesar se seu ombro estava muito ferido e quase pergunta preocupado mas se lembra que foi ele quem provocou tudo isso.

Ele se distraí até que sente um calor forte seguido por um formigamento na mão, uma sensação estranha e não exatamente ruim.

Ele havia sentido isso poucas vezes antes, talvez duas, uma vez pela sua mãe, e apenas parcialmente.

É um poder muito valioso, poucos anjos tem o suficiente para curar outras pessoas.

Normalmente era usado apenas em uma pessoa que fosse muito importante para você ou com algum risco de morte.

— Pronto, com isso deve bastar. — Ele diz retirando as mãos.

Quando Kolin volta a observar a sua mão, tudo o que havia restado era uma marca vermelha de sangue seco, a dor tinha cessado e o corte estava curado.

— Não precisava usar poder divino nisso.

— Estou apenas me redimindo não precisa agradecer. — Ele diz voltando a se sentar na cama.

Kolin observa uma última vez o corte em seu pescoço e desvia o olhar.

— Eu não ia.

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Assim que Kolin pega de volta as suas coisas, sente a sua raiva cessar pouco a pouco, ao menos sobre isso, porque não havia como cessar algo infinito. 

Quando termina de conferir que tudo estava intacto ele volta ao verdadeiro problema.

— E onde eu vou morar agora gênio?

Chard para por um pouco de ler seu livro e o olha por cima por um momento, a casa dele era enorme, não que Kolin já não tenha visto ela em após seguir ele até em casa, afinal ele tinha que estar previnido contra qualquer plano diabólico dele.

— Sua mãe não é rica? — Ele pergunta como se fosse óbvio.

— Eu prefiro morar com o diabo a ter que conviver com aquela mulher. — Kolin exclama.

Ele ergue as sobrancelhas fingindo surpresa e acena a cabeça por fim.

— Prefere morar com a pessoa que mais odeia então.

Kolin acena.

— Certo então, nada mais justo do que eu assumir, tem vários quartos livres aqui, escolha um. — Ele diz casualmente enquanto toma um gole de chá.

— O que te faz pensar que você é quem mais odeio? — Ele revira os olhos.

Richard sempre o tratava como alguém fácil de controlar.

— Diz que eu não sou então. — Ele desafia.

— Você não é. — Assim que Kolin diz isso nota que é mentira.

— Quem foi a pessoa que te proibiu de entrar em todos os eventos oficiais?

— Você.

Sua resposta foi tão imediata que ele mesmo se assustou.

Ele se lembrava claramente desse dia, uma teoria de que Richard estava envenenando Melanie com alguma poção do amor penetrou em sua mente e ele ficou vidrado nisso.

Então ele foi até o banquete que era estritamente proibido demônios como convidados e derrubou três lustres, por sorte ninguém saiu ferido.

Agora que ele havia parado para pensar dói uma ideia estúpida, Richard era o objeto de amor de quase todas as garotas da época, não era surpresa ser da Melanie também mas na cabeça dele fazia tanto sentido.

Bom, ele tinha onze anos.

— Quem foi a pessoa que fez a sua bela coleira falhar pela primeira vez te causando uma explosão de raiva?

— Você. 

Kolin nem sequer precisou pensar para responder essa.

Depois de Peter espancar até quase matar três anjos, ele colocou a culpa em Kolin e Richard apesar de ter visto a cena simplesmente o culpou.

 Isso não seria grande coisa se logo em seguida ele não tivesse declarado em rede nacional que Kolin tinha transtorno explosivo intermitente.

Kolin nem sabia direito o que era isso antes as pessoas começarem a evita-lo ainda mais como se e fosse um parasita, o chamando para onde quer que ele fosse de "bomba relógio".

 Isso o deixou tão irritado que ele teve uma explosão de poder pela primeira vez e quebrou uma máquina de refrigerantes, no começo as explosões não eram tão intensas, mas foram ficando cada vez piores.

— Quem rejeitou várias vezes a garota que você é completamente apaixonado? — Ele diz tranquilo não parecendo sentir um pingo de remorso.

— Você. — Kolin responde a contra gosto.

— Quem te fez desmaiar dez vezes em um só mês?

— Você.

Isso acontecia sempre que Melanie chorava, quando Kolin sentia que Chard fez algo contra ele de propósito, ou simplesmente quando ele o irritava.

 Kolin ia até ele, perdia o controle e acordava horas depois sentindo como se tivessem batido com um martelo na sua cabeça.

— E quem é seu pior inimigo?

— Você. 

Ele revira os olhos sem paciência.

Ele odiava isso, Chard tem um jeito único de fazer alguém admitir o que não quer, ele usa isso várias e várias vezes e infelizmente nunca falha.

— Eu imaginei que sim. — Ele diz voltando a ler o livro, o tal livro de herança. 

— Então?

— Parece que vamos morar juntos.