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Chapter 5 - Capítulo 5 - Teste dos Anjos

Richard se aproximou colocando uma das mãos enluvadas sobre a mesa lotada de documentos.

— E quanto a quem o matou, eles estão ao menos investigando isso?

— Você finalmente enlouqueceu irmão, não foi um assassinato, foi obviamente um suicídio, é claro que Rarlee viu o ataque acontecendo, ficou com medo e se matou. — Ele disse com naturalidade, sua voz fria.

Richard fechou as mãos em punho.

— Não foi um suicídio, ele foi assassinado.

Narlan teve uma leve mudança de expressão surpresa, mas logo seus olhos castanhos voltaram a sua constante frieza.

— Você viu ele sendo morto por alguém? — Um quase sorriso se formou no seu rosto.

Richard ficou sem palavras por um momento. 

Era óbvio que ele não se matou, Rarlee não era um covarde, ele nunca tiraria a própria vida.

— Eu vi o corpo, é claro que ele não se matou, é impossível.

Um sorriso completo se formou no rosto frio de Narlan. 

Ele se levantou e se aproximou dele.

— Você é realmente engraçado Chard.— Ele disse apertando o queixo de Richard com as mãos igualmente enluvadas.

Richard olhou por um momento para as mesmas luvas que Narlan usava. 

O motivo de Richard usar era claro, ele odiava qualquer tipo de sujeira e também não queria que ninguém visse as marcas em seu corpo, mas qual era o motivo de Narlan?

Narlan usava roupas grossas e a maioria em tons azuis e cinzas, há algum tempo atrás ele também gostava de manter o cabelo longo amarrado em um rabo de cavalo, por algum motivo um dia ele simplesmente apareceu com eles cortados, ele nunca lhe disse o motivo e Richard nunca perguntou.

— Não contei nenhuma piada.

O sorriso de Narlan sumiu.

— Já é suficiente, volte para a sua ala, eu vou te informar quando algo for decidido, só não se intrometa. — Ele disse com um aceno de mão, e deu um suspiro parecendo exausto.

— Eu quero vingança. — Richard sussurrou.

Narlan lhe deu um breve olhar, suas expressões para Richard eram sempre repletas de desdém.

— Você não sabe o que está falando.

— Então é melhor eu ficar em silêncio e não fazer nada? 

Narlan ajustou as mangas do seu terno preto e deu um sorriso frio.

— Não seja tão ambicioso, se eu descobrir algo você vai ficar sabendo.

Ele voltou a se sentar e deixou de prestar atenção em Richard.

— Você realmente vai fazer algo? 

Após alguns minutos, Narlan continuou o ignorando, escrevendo algo que parecia ser uma carta de amor, corações vermelhos e rosas preenchiam a folha. 

Quando era criança, no seu aniversário de 6 anos, Narlan lhe deu ações dizendo que alguns anos elas seriam mais valiosas e que uma Richard devia lhe agradecer de joelhos por ele estar pensando no seu futuro.

É claro que ele não se ajoelhou, mas Rarlee lhe obrigou a dar um abraço de agradecimento já que era raro Narlan sequer se lembrar do seu aniversário.

Mas isso aconteceu antes da sua mãe se suicidar, depois que ela morreu Narlan nem mesmo se preocupava em fingir que tinha família, ele se afogou na farra e na sua parte da herança.

Apesar de possuir esse ar sério, ele ainda era apenas um hipócrita que só se importava consigo mesmo.

Richard deu um estalo com a língua e saiu sem dizer mais nada. 

Os dias seguintes se passaram lentamente, tudo parecia ter voltado ao normal, Narlan havia assumido o lugar de Rarlee, e ao contrário do que ele disse, ninguém veio lhe informar sobre nada.

— Mentiroso. — Richard murmurou para si mesmo.

Três horas depois de Richard ter dito isso vieram lhe informar que Narlan sofreu um grave acidente e estava em estado de coma. 

Ele ficou confuso, aparentemente esse acidente aconteceu no dia anterior então por que estavam dizendo isso agora?

Ao mesmo tempo a pessoa disse que uma reunião urgente estava acontecendo na assembleia, foi então quando Richard entendeu.

 Isso era uma estratégia simples, eles lhe informaram do acidente do seu irmão, ao mesmo tempo que começaram a reunião. 

Uma pessoa normal iria correndo para pegar uma passagem para fora do instituto e ir até o lugar onde seu irmão estava em coma, enquanto isso eles discutiriam quem pegaria primeiro os bens dos Nildern. 

Quem pegaria o cargo que deveria pertencer a ele.

Sem hesitação Richard foi até o grande salão da assembleia, os guardas olharam confusos quando ele entrou mas não fizeram nada. 

Os membros do conselho o olharam surpresos, todos sentados em uma longa mesa elegante.

Ele normalmente sempre usava aquele azul pálido junto com cores cinzas da cor do instituto, mas hoje ele estava de preto, completamente, uma blusa de gola alta que cobria o pescoço, e suas luvas negras, não deixando nem uma faixa da sua pele pálida aparecendo.

O conselho era composto no total de onze membros, e haviam onze pessoas no total sentadas na mesa. 

Um homem com um longo rabo de cavalo sentado no lugar que costumava ser do seu irmão. 

Esse homem, após olhar por um momento, Richard percebeu que era o seu instrutor de infância, Sage.

Ele se aproximou com o queixo erguido e as costas muito retas do lugar que pertencia a ele por direito e olhou com frieza para Sage em uma ordem silenciosa.

Mesmo sem dizer nada, Sage entendeu e se levantou imediatamente, apesar de sua expressão não parecer muito feliz ele não protestou. 

Richard se sentou e todos sentados a mesa o encararam silenciosos.

— Richard, você soube do estado do seu irmão? — Sage perguntou finalmente.

Esse homem, ele era realmente descarado, Richard aplaudiria de pé sua hipocrisia se não o odiasse tanto.

Sage um dia fora considerado alguém valioso para ele, alguém por quem valesse a pena acobertar por mais cruel que fossem suas ações.

Não importava quantos erros fossem cometidos, se essa pessoa o tratasse bem ele naturalmente acreditava que havia uma redenção.

Afinal de contas Sage era seu instrutor, o havia ensinado as coisas consideradas importantes na vida como piano, política e uma educação um pouco rígida.

Tudo o que sua mãe não ensinou, Sage ensinou, naturalmente Richard confiou sua vida a ele sem pestanejar.

Era um pensamento estupidamente inocente de uma criança que apesar de sofrer diariamente ainda não via a maldade evidente no mundo, mas logo a verdade foi esfregada na sua cara junto com a traição de Sage.

Tudo aconteceu naquele maldito dia... um dia antes do suicídio da sua mãe.

— É senhor Nildern para você. — Richard disse sem sequer poupar um olhar ao homem.

Sage o olhou surpreso e esperou que alguém o defendesse mas a assembleia ficou em silêncio. 

Uma expressão repleta de vergonha se apossou do seu belo rosto.

— Isso não é uma boa ideia... senhor Nildern, não vejo como poderia ser algo bom, em um estado tão severo de luto, o senhor não deveria estar aqui.

— Agradeço a preocupação mas o luto nunca atrapalhou o julgamento dos meus irmãos, como poderia afetar o meu? 

As pessoas a mesa o olharam fixamente, Richard não se importava com a atenção, ele estava acostumado.

— Quando meus pais morreram Rarlee nem sequer um momento cometeu erros apesar da perda, e recentemente após a Morte dele Narlan assumiu sem sequer esperar o corpo no caixão esfriar não vejo como eu não poderia fazer o mesmo.

Nenhum deles nunca o haviam ouvido falar tanto, Richard era considerado por eles apenas uma imagem bonita da família.

Como um quadro pintado perfeitamente, apesar de ser usada as mais belas tintas ainda era apenas um quadro, sua beleza merecia admiração mas apenas isso, eles nunca consideraram que o rostinho bonito da família tinha qualquer talento além do piano.

— Perdão jovem Nildern mas não vejo como o senhor poderia assumir essa posição sendo tão jovem. — Disse Wren Grace, o pai de Melanie.

O pai da sua ex namorada, ele certamente era alguém ambíguo, quando ele pediu Melanie em namoro esse homem lhe apoiou sem hesitação ao ver que ele pertencia a uma família rica, mas agora que poderia obter esses bens sem ter que casar a sua filha provavelmente pensou que seria bem mais fácil.

Richard apenas lhe poupou um olhar frio.

Esse homem era obcecado por controle, apesar de antes Richard ter namorado a sua filha, ele já deve saber sobre o Término.

— Isso é verdade, talvez você precisa de alguém de confiança, que tenha seu sangue e te ajude a administrar os negócios. — Dessa vez quem disse foi Nolan Spry, o tio de Richard por parte de mãe.

Ele evidentemente não tinha nenhum direito as posses de Richard e eles nunca estiveram em contato, mas ainda insistia em fingir ser próximo dele. 

Richard não o conhecia direito na verdade, apenas por nome, e uma vez soube que esse homem havia abusado de sua mãe.

Mas fora isso ele não sabia nada mais.

Seu interesse era óbvio, Richard sabia que se parecesse indefeso então definitivamente seria explorado até a morte.

— Não acho que idade seja um fator importante, sou maduro o suficiente para lidar com a pressão com que todos vocês lidam, alguém discorda?