Chapter 21 - Leões famintos

Após três dias, durante uma das visitas do Meistre, houve uma agitação no pátio de entrada do castelo, Gwayne desceu rapidamente para lá. Um homem muito ferido estava sendo sustentado pelos arqueiros enquanto conversava brevemente com Sor Jason.

— O que aconteceu? — perguntou Gwayne.

— O Cerco caiu, como previra. — Disse Sor Jason, se virando a passos largos. — Vamos partir!

Para o lado que eles partiriam, Gwayne queria estar bem longe, em direção ao oeste. De jeito nenhum ele iria atravessar o território inimigos até a tropa de Tywin. Era uma ideia insana, o próprio Tywin estaria agora cercado se a Senhora Arryn decidir de juntar aos Stark.

— Hora de partir... Para casa. — disse ele.

Daeron sorriu animado, e foi ajudar Gwayne a colocar a armadura.

Após isso, ele desceu para informar Sor Jason de sua partida, o encontrou pilhando o castelo com os homens, saqueando o que podia. As crianças Blackwood foram trancadas em seus quartos, juntos com os servos. Ele desistiu de informar da partida, aparentemente eles iriam também.

Gwayne aprontou dois cavalos no pátio principal e foi buscar Daeron, que já aguardava pronto no quarto.

— Agora, Daeron. — disse ele, puxando ele pelo braço. — Adeus Meistre.

Eles desceram rápido e montaram nos cavalos, tinha apenas três lanceiros no portão. Gwayne ordenou a abertura do portão e eles fizeram sem pestanejar.

Partiram a galope pela estrada, saindo dela na primeira oportunidade em direção ao vilarejo de Jocelyn.

Quando viram o vilarejo entre as árvores, viram que uma das casas estava pegando fogo e cavalgaram o mais rápido que puderam, Gwayne mandou Daeron ficar em um local mais afastado observando, Daeron retrucou mas ele não estava querendo debater, era uma ordem.

Um soldado com vestes cobertas de sangue, Gwayne não sabia se era sangue dele ou do homem que ele acabara de matar, era um dos que tinham entrado para proteger a senhora Jocelyn, quando Daeron e Gwayne buscaram refúgio em sua casa. O outro estava lutando com dois homens, todos eles tinham o estandarte do unicórnio empinado da casa Brax.

Gwayne avançou com o cavalo por cima dos dois homens, pisoteando um deles. O homem que estava lutando com eles anteriormente, caiu sobre eles e os finalizou enquanto estavam no chão, ele parecia estar ferido.

— Volte para dentro de sua casa! — bradou ele, de cima do cavalo.

Gwayne girou o cavalo e olhou para a casa de Jocelyn, a porta estava completamente aberta, então, caiu sobre o soldado que estava em seu caminho. Ele conseguiu defender os primeiros ataques, mas caiu para o terceiro que rasgou sua face, Gwayne desceu para o finalizar e correu para a casa de Jocelyn.

Ao chegar na porta, Gwayne notou um corpo cheio de sangue na escuridão da casa, pelo tamanho do corpo ele pensou ser um dos soldados.

Jocelyn estava em pé parada adiante coberta de sangue e com o punhal na mão, enquanto sua filha gritava por ela no quarto.

— Você está ferida? — perguntou ele, se aproximando.

Ela o atacou rapidamente aos berros e Gwayne segurou o punhal e a prendeu contra a parede.

— Sou eu! Gwayne! — disse ele ofegante.

— Está tudo bem agora...

Ela recobrou a consciência e começou a choramingar. Um som de cavalo do lado de fora se aproximava.

— Sou eu! — Gritou Daeron, do lado de fora. — não parece ter mais nenhum inimigo.

Gwayne voltou a olhar para ela.

— Me perdoe... — choramingou Jocelyn, em seus braços. — foi o primeiro homem...

— Está tudo bem, fez a coisa certa. Vá e busque sua filha. — disse ele, saindo para o lado de fora.

— Tem certeza que não tem mais nenhum inimigo?

— Absoluta. — disse o amigo, do alto do cavalo.

Gwayne sentou na beirada do poço no meio do vilarejo e descansou um pouco.

Os camponeses começaram a sair de suas casas, alguns para chorar por seus mortos e outros para agradecer.

Uma mulher se jogou sobre ele.

— Muito obrigada! — bradou ela, em tom amigável.

O homem que ficou ferido segurava um pano no braço e agradeceu gesticulando.

Jocelyn saiu de sua casa e caminhou até eles com sua filha nos braços.

— Não precisam agradecer, apenas cumpri meu juramento de proteger os inocentes.

Mesmo dizendo isso, os camponeses ainda trouxeram pão e água para eles.

Então, um cavaleiro rompeu das árvores a toda velocidade e Gwayne se adiantou puxando a espada. Mas, olhando mais de perto ele notou que não era um cavaleiro e sim uma criança de mais ou menos doze ou treze anos de idade.

Jocelyn pareceu o reconhecer e correu para ele, que desceu do cavalo rapidamente e se jogou em seus braços.

"Meu garoto!" Gwayne pensou ter ouvido.

O garoto o olhou e afastou-se dos braços de Jocelyn, puxando a sua espada e partiu para cima dele gritando.

"Maldito"

Gwayne defendeu sem dificuldade, batendo na base da espada, fazendo ela cair da mão dele.

Jocelyn o segurou por trás.

— Ele é um deles! Maldito leão! — disse a criança, e desatou a chorar.

— Ele não é como os outros. — murmurou ela. — esse homem acabou de nos salvar deles.

— Escutem! — bradou ele. — se ficarem agora, todos morreram. Os Stark quebraram o cerco dos Lannister, o que significa que vai ter muitos dos que fugiram ou sobreviveram a batalha passando por aqui.

Gwayne observou os camponeses.

Dois homens adultos e de cabelos grisalhos, dez mulheres, algumas velhas e outras novas, sete crianças.

"Eles não vão sobreviver." — pensou ele.

Eles o olharam com curiosidade.

— Daqui uns dias talvez, ou até mesmo hoje, os Lannister vão abandonar o castelo de Solar de Corvarbor. Se forem para lá vocês podem dar se cara com eles.

— Disse Gwayne, com a voz dura. — mas é a melhor escolha que vocês podem fazer, vão até Solar de Corvarbor e esperem escondidos na floresta, quando eles partirem vocês vão até às muralhas e pedem abrigo para o jovem senhor, o nome dele é Brynden Blackwood.

Os camponeses se entreolharam e começaram a murmurar.

Jocelyn se abaixou e perguntou algo ao filho.

— Seu pai... Cadê ele? — perguntou ela, com rosto rígido.

— Ele está vivo, mas foi gravemente ferido na batalha sobre as muralhas.

Gwayne pegou as espadas dos mortos e entregou aos dois homens, era melhor que seus machados. Os camponeses voltaram para suas casas para arrumar suas bagagens e Jocelyn foi para perto de Gwayne.

— Como está seu marido? — perguntou ele.

— está vivo... isso é bom... — disse Jocelyn, enquanto sorria de felicidade.

Gwayne colocou a mão no braço dela e o garoto o olhou carrancudo.

— Escute, faça tudo do jeito que eu disse. Se forem descobertos, vão ser todos mortos.

— Eu farei. — disse ela, então abraçou Gwayne. — muito obrigado, vocês vão precisar de comida para viagem, irei juntar o que eu conseguir.

Gwayne agradeceu e esperou com Daeron já montado.

Ela trouxe um saco de pano, com pães e queijos. E os desejou boa viagem.

Eles partiram e cavalgaram até o anoitecer, na manhã seguinte continuaram chegando até o Dente Dourado, e após dois dias cruzaram o castelo de cinzamarca, sede da casa Marbrand. Onde pararam para pegar água e conseguir algo para comer com as poucas moedas que sobraram, chegaram nas bordas do bosque dourado no entardecer.