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Chapter 39 - A justiça as vezes é cega

Enfim o dia mais esperado chegou, o ambiente da sala do tribunal estava carregado de tensão. Alexia sentia o coração apertado, tentando manter a calma, enquanto seus olhos buscavam desesperadamente por uma esperança no semblante dos presentes. Com as mãos suadas e os olhos marejados, ela esperava o início do julgamento que decidiria o futuro da acusação absurda que ela está tendo que enfrentar.

Lucy veio imediatamente ver a queda de Alexia, ela e Dafne mantinham um olhar satisfeito e triunfante, sentadas do outro lado da sala. Ambas trocavam olhares de cumplicidade, satisfeitas por terem criado uma calunia que em fim destruiria Alexia. Enquanto isso, Benício, Fred, Julio e Lorena observavam o desenrolar da situação com ansiedade.

O juiz entrou na sala, e o murmúrio da multidão calou-se. Alexia prendeu o fôlego enquanto as acusações eram apresentadas. Ela escutava cada palavra com um nó na garganta, sentindo cada acusação ser uma punhalada em seu coração.

"Abuso infantil", "negligência", "estupro", eram palavras que ecoavam na sua mente, impiedosamente pronunciadas pelos advogados de acusação que Dafne arrumou. Alexia via Brayan, ser levado pelas mãos de uma assistente social para longe dela. Sentia um desespero crescente ao perceber que o menino estava assustado, procurando por ela, depois de alguns dias sem os cuidados de Alexia ele estava mais magro, seus olhinhos que tanto brilhavam, hoje já não tem mais brilho.

— A acusada abusou de um menino de apenas 4 anos, aqui apresento as provas...— O advogado proferia palavras assustadoras, provas que foram covardemente manipuladas, que até então Alexia desconhecia.

— Isso é mentira! Eu amo Brayan, jamais faria mal a ele!— Ela gritou, os olhos marejados de indignação, numa tentativa insana de se defender. — Vocês não conseguem ver o óbvio, essa mulher quer me prejudicar, por favor, acreditem em mim.

Alexia encara os olhos das pessoas que ama, a família de Benício, seus amigos, ninguém acreditou na mentira, mas teve aqueles que por causa de uma mentira contada se afastou da família Nicolai e de todos os envolvidos com a Alexia.

— Meritíssimo, senhoras e senhores do júri, estou aqui hoje para defender minha cliente, Alexia, que está sendo acusada injustamente de abuso infantil. A acusação contra ela é baseada em falsas provas e testemunhos manipulados.— Betina irmã de Benício fala.

— Meritíssimo, peço que o júri não se deixe levar pelas palavras eloquentes da advogada de defesa. Temos provas concretas de que Alexia é culpada e deve ser punida pelo seu terrível crime.— O advogado de Dafne troca olhares com ela, ele está ciente de que a acusação será levada ao extremo.

— Senhoras e senhores, peço que analisem cuidadosamente as provas apresentadas pela acusação. Nada mais são do que manipulações e falsificações. A minha cliente é inocente e está sendo vítima de um grande equívoco.

— A defesa está tentando desviar o foco do crime horrendo cometido por Alexia. Ela deve ser responsabilizada pelos danos causados à criança indefesa que foi vítima de seus abusos.

— Eu juro que sou inocente! Eu jamais faria mal a uma criança. Por favor, parem de dizer que eu sou um monstro, pois eu não sou!— Alexia fala entre soluços.

— Típico de um culpado, eles sempre imploram para parecer uns coitadinhos.— Dafne fala rapidamente, antes do juiz interromper.

— Agora vamos ouvir a avó de Brayan!— O juiz fala, Alexia e Lorena arregala os olhos vendo a mulher que o maltratava, suas vestes impecáveis, jamais alguém diria que aquela distinta senhora era a bebeda que vivia caída nas ruas. Lorena indignada com o que está diante dos seus olhos, grita.

— Essa mulher é um monstro, ela que deveria estar aí, sendo julgada.— Antes que ela diga mais alguma coisa o juiz bate o martelo.

— Silêncio!— Ele grita.

A senhora de nome Ivana Vasconcellos começa a falar, em nenhum momento ela passa como uma moradora de rua, o timbre da voz, os olhares, as mãos firmes, ela sabia exatamente o que era para fazer, Dafne e Lucy ficaram dias ensaiando com ela de como ela deve agir.

— Ela roubou meu neto...— Ivana faz uma pausa, seus olhos se enchem de lágrimas.— Com ajuda da menina que eu alimentei, eu cuidei dela e do menino Brayan, essa mulher estuprou meu menino, esse monstro tem que pagar pelo que fez!

Todos começam a falar ao mesmo tempo, alguns indignados e pedindo a prisão de Alexia, outros implorando pela verdade. Até que um recesso de 30 minutos foi decretado. Alexia só sabia chorar, amparada por Benício, ele todo esse tempo não soltou as mãos de Alexia, ele quer provar sua inocência a todo custo. Porém as provas apresentadas, pegaram a todos desprevenidos.

— Por quê isso está acontecendo? De onde saiu essas pessoas, esses vídeos? Eu não consigo entender...— Alexia sussurra, já sem força até mesmo para falar.

— Vou fazer o possível, amor. Eu juro que vou conseguir provas que tudo que foi apresentado ali é falso.

Os dois se abraçam e Alexia desaba em seus braços, seu choro é silencioso, suas súplicas quase inalditivel. Não demora muito todos estavam diante ao júri.

— Diante das provas apresentadas, Alexia Jacob será temporariamente presa por estupro de vulnerável, até que novas evidências possam ser analisadas. Este tribunal será responsável por garantir a justiça neste caso.

— Presa? Meu Deus.— Alexia sussurra e afunda o rosto em suas mãos.

As evidências falsas criadas contra ela pareciam fazer mais peso do que suas palavras, e ali naquela sala fria, com pessoas que ela nunca viu, seu mundo desabou sobre seus ombros, e as lágrimas escorriam pelo seu rosto sem parar.

— Vamos recorrer da decisão, faremos de tudo para provar a inocência de Alexia. Temos plena confiança de que a verdade virá à tona e ela será libertada.— Betina fala encarando os olhos da cunhada.

As emoções na sala de julgamento são intensas, Alexia está desesperada por ser injustamente acusada, enquanto sua defesa luta para provar sua inocência. E assim, sem poder nem se despedir ela é levada sob custódia temporária até que novas evidências possam ser analisadas.

— Alguém, por favor, não posso deixar o Brayan com essas pessoas!— Ela clamava, lutando contra os policiais que a rodeavam.— Amor, por favor, me tira daqui.— Ela fala estendendo as mãos para que Benício as pegue, mas os policiais são mais rápidos e tiram Benício de perto dela.

— Fica firme, amor. Aguenta só mais um pouco.— ele grita.

Enquanto isso, Benício, Fred, Julio e Lorena sentiam o coração apertado, incapazes de ajudá-la naquele momento.

No dia seguinte, Benício se reuniu clandestinamente com Fred, Julio e Lorena. Eles estavam unidos em um propósito: libertar Alexia da injustiça que a aprisionava. Planejaram cada passo com cautela, articulando um plano para provar a inocência dela e desmascarar as mentiras de Lucy e Dafne.

— Nós não podemos ficar aqui parados, Dafne sempre esteve um passo a frente de nós, ela armou direitinho. Todos nós vamos depor a favor da Alexia, vamos atrás da psicóloga do Brayan, quero câmeras, tudo que for preciso para tirar Alexia da prisão.