Dias antes.
Enquanto Alexia pensava no por que a família do Benício e ele não iam visita-la na prisão, Benício estava determinado a descobrir a verdade e provar a inocência de sua amada. Ele sabia que precisava se distanciar de Alexia para que seu plano desse certo, e por isso sorrateiramente se aproximou de Dafne.
— Dafne podemos conversar?— Benício fala assim que ela abre a porta do seu apartamento.
— O que quer Benício, veio me ofender por causa daquele monstro?— Dafne fala se fazendo de ofendida.
Benício suspirou e sem demonstrar qualquer vestígio de raiva que estava sentindo, ele sorri.
— Jamais. Sei que está tarde, mas eu precisava vir aqui. Fiquei todo esse tempo pensando em tudo que Alexia fez, no começo foi difícil de acreditar, mas agora vejo o quanto estava enganado em relação a ela. E por isso, vim pedir perdão a você, Dafne, você é a única pessoa que eu posso confiar... — Benício fala calmamente, apertando os dedos dentro do bolso da calça, por falar tantas mentiras ao mesmo tempo. Dafne sorri pelas coisas que ouve, porém ela não daria o braço a torcer tão facilmente.
— Conta outra! Acha mesmo que acredito em você? Você me ofendeu Benício.
— Eu sei, e eu entendo se você não quiser me perdoar. Mas eu realmente quero consertar as coisas, Dafne. Por favor, me dê uma chance de provar que estou falando a verdade. Eu não quero te perder, todo esse tempo eu estava cego pelas mentiras que Alexia contou. Você é a pessoa mais importante para mim.— Benício fala com tanta convicção e aos olhos de Dafne ela vê sinceridade em suas palavras.
Dafne olha para ele por um longo momento, analisando suas palavras e expressão. Ela suspira e finalmente decide dar uma chance para ele.
— Tudo bem, Benício. Vamos conversar. Mas saiba que não vai ser fácil reconquistar minha confiança.— Dafne fala, abrindo a porta para que ele entre.
Benício sorri, aliviado e ao mesmo tempo transtornado, tudo que ele queria era desmascarar Dafne de uma vez por todas e o mais rápido possível. Mas sabe que as coisas não serão fácies. Tentando disfarçar o incômodo, ele sorri e agradece a oportunidade que recebeu. Eles passaram a maior parte da noite conversando. Benício fez tudo que estava ao seu alcance para fingir simpatia e compreensão.
Benício sabia que precisava ser persuasivo e sedutor, mas sem ultrapassar os limites que impôs a si mesmo. Foram dias para conseguir ter a confiança dela novamente, e depois de tantos mimos e jogos de sedução, ele conversou com Dafne, fez com que ela se sentisse à vontade e aos poucos foi conquistando a confiança dela.
A conversa entre eles era sempre tensa, Benício não suportava ficar perto de Dafne. Ele não via a hora de correr para os braços da mulher que ama, mas Benício se manteve firme, fingiu calma para não comprometer seu plano, pois sabia que Dafne iria segui-lo para ver se ele estava armando alguma coisa. Mas ele foi esperto, se afastou de tudo que liga ele com Alexia, cortou conversa com os gêmeos e fez com que sua família o apoiasse nisso, só assim seu plano iria dar certo.
Benício observava Dafne com uma intensidade que não passava despercebida. Ela olhou para ele, um pouco desconcertada com a atitude de Benício.
— Algum problema, Benício?— perguntou Dafne, tentando desviar a atenção de seus próprios nervos.
— Nada, apenas observando como você está bonita hoje.— respondeu Benício sorrindo levemente.
Dafne ficou sem graça e desviou o olhar, tentando disfarçar o leve rubor em suas bochechas. Benício aproveitou que hoje ela estava mais avontade e decidiu embebedar Dafne para que ela fale, para isso não precisaria muita coisa, apenas um copo de uísque era o suficiente para ela falar sem pensar.
— Obrigada, Benício por voltar a ser o que era. Está tudo perfeito, só estou sentindo falta dos seus beijos... seus toques.— Dafne fala de uma forma sedutora, se inclinando para perto de Benício. Ele incomodado com a aproximação, levanta e finge colocar mais bebidas.
— Quer mais um pouco?— Ele pergunta com a garrafa na mão, ela concorda e Benício a serve olhando fixamente para ela.
— Preciso te contar algo que eu fiz.— disse Dafne sorrindo, mudando o foco da conversa.
— Hum, fiquei curioso... O que você fez?
Benício notou a urgência em seu tom de voz e se concentrou em ouvir atentamente suas palavras. Dafne então respirou fundo como se tivesse criando coragem para falar. Mesmo estando um pouco bêbada ela estava falando normalmente.
— Eu preciso te contar a verdade, Benício. Talvez assim consiga dormir novamente. Se você me perdoa e voltar pra mim, prometo que vou esquecer que me deixou por aquela mulherzinha e vou me tornar a mulher perfeita para você!
— O que ouve? Está me deixando preocupado.— Benício fala segurando na mão dela, numa forma de passar confiança.
E foi exatamente isso que ele passou. Dafne desde que inventou essa história de abuso, não dorme direito. Ela se deixou levar pelo ódio e o ciúmes. E também pela maldade de Lucy. Contudo, mesmo arrependida ela jamais faria algo para ajudar Alexia sair da prisão.
— Eu inventei toda aquela história de Alexia abusar daquele menino.— Dafne fala com um sorriso nos lábios, logo ele se desmancha pelo arrependimento e medo de Benício sair e deixa-la sozinha.
— O quê?! Por que você faria isso?— perguntou Benício, tentando manter a expressão neutra, controlando a raiva que queimava pela sua garganta.
— Eu estava com ciúmes de Alexia, admito. Comecei a odia-la pois achava que vocês estavam ficando próximos demais e logo você me abandonou para ficar com ela, tudo que eu fazia para afastar vocês, se tornava um fracasso. E isso estava acabando comigo. Aí conheci uma mulher que tem o mesmo ódio que eu tenho pela Alexia e me deu essa ideia... me perdoa Benício, sei que fiz você sofrer, eu simplesmente perdi a cabeça.— explicou Dafne, desviando o olhar e falando com sinceridade.
— Está tudo bem, querida. Eu não tenho raiva de você.
— Jura que não vai mais me deixar?— Dafne fala com um sorriso. Benício concorda com a cabeça e ela o abraça, Benício demora uns minutos para devolver o abraço, porém para não por tudo a perder, fingiu uma compreensão inexistente.
Benício fingiu ate onde conseguiu não se importar, guardando a raiva que estava prestes a explodir por dentro. Ele queria dar a entender que aquilo não o afetava, mas em pensamentos ele gritava e por um segundo chegou até pensar em dar o corretivo que Dafne merece, porém ele não é um covarde, nunca sequer levantou a voz para uma mulher, não seria a raiva que faria ele perder a cabeça.
Assim que Dafne saiu do escritório, Benício pegou a gravação e as imagens da câmera, algumas provas que ele conseguiu no apartamento de Dafne, provas essas que inocentavam Alexia e em seguida, ligou para os gêmeos explicando tudo que fez, para sua irmã Betina que já sabia do por que da aproximação, juntos correram para a delegacia.
Benício estava determinado a fazer justiça e reparar o mal que havia sido causado. A verdade viria à tona para todo mundo ver, e ele não mediria esforços para que tudo fosse esclarecido.
— Eu vou te tirar daí amor, meu Deus, enfim vou poder ve-la novamente, já não aguentava de saudade.— Ele sussura olhando para a porta da delegacia.
— Calma irmão.— Betina tenta acalmar Benício.
— Será que ela vai me perdoa? — Ele pergunta olhando nos olhos de Fred.
— Claro que vai, se ela perdoou o idiota que você era, agora que mudou e é o homem que ela merece, você acha mesmo que ela não perdoaria?— Fred fala parando na frente dele.— Vai dar tudo certo, você fez o possível. Até nós acreditamos que você havia se aliado naquela mulher. Não imagina o quanto foi difícil de segurar o Júlio e me segurar para não ir quebrar sua cara.
— Só eu sei o quanto foi difícil se afastar da mulher que amo e até mesmo de vocês.— Benício fala suspirando pesadamente, seus olhos se enchem de lágrimas por pensar na Alexia, pensar na saudade que sentiu, em imaginar a tristeza que ela deve estar, acreditando que ele a traiu.— Vamos logo, preciso tirar minha mulher daí.