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Chapter 45 - De volta para a realidade

A volta para França foi longa. Alexia saiu sem nada, somente com uma pequena bolsa com uma peça de roupa do Brayan. No chaveiro pendurado no retrovisor havia uma foto dela e do Benício. No calor do momento, ela pegou o carro dele e, quando se deu conta, já estava longe para voltar.

Às vezes, seus olhos percorriam rapidamente o pequeno retrato em forma de coração. O silêncio no carro era insuportável. Lorena queria perguntar como ela estava, porém deixou-a ter o tempo dela.

Alexia pensou em tudo que viveu nos últimos meses. O amor e a dedicação que Benício demonstrou por ela. As lembranças dos dois estavam a torturando. Ela já não sabia o que era realmente certo.

Lágrimas escorriam sem parar. A saudade e a traição de Benício torturavam seu coração. Brayan dormia na sua cadeirinha. Ele estava triste por deixar Benício para trás, mas feliz por Alexia estar ao seu lado.

As horas foram passando e Alexia estava chegando ao seu destino. Ela olhava a imensa cidade que nasceu, pessoas sorrindo, casais se abraçando, e ela se sentia cada vez mais pequena.

Ao parar na frente da enorme mansão Laurent, ela respirou fundo e segurou as suas lágrimas.

— Lorena, chegamos. — Alexia falou, acordando Lorena com delicadeza para não assustá-la.

— Meu Deus. — Lorena disse, levando as mãos ao rosto e coçando os olhos ao ver o quão grande era a mansão. — É sua?

— Sim! Pega a bolsa do Brayan que vou levá-lo. — Alexia disse sem emoção, aproximando-se do menino e com cuidado envolvendo-o em seus braços. — Chegamos, meu amor. Aqui você terá lembranças lindas, as mesmas que eu nunca tive.

— Mamãe... — Ele sussurrou, apertando seus pequenos braços no pescoço de Alexia.

— Estou aqui, meu amor, pode dormir.

Ela falou e suspirou tristemente. Chegando na frente da porta, sua digital abriu com facilidade. Ao entrar em casa, o vazio se fez presente. Tudo estava no lugar. Matheo deixou exatamente igual a 4 anos atrás, mas para Alexia, nada parecia ter sentido, como se não pertencesse a esse antigo mundo.

— Que quadro lindo. — Lorena disse, vendo um dos quadros que Alexia pintou antes do pai morrer. — Por que olhar para ele traz tanta tristeza? — Ela sussurrou.

— Porque era exatamente esse sentimento que eu estava sentindo quando pintei. — Ela falou, assustando Lorena que sorri sem graça.

— Foi você quem desenhou todos eles? — Lorena perguntou surpresa e Alexia assentiu com a cabeça. — Sinto muito por tudo que viveu no passado e o que está vivendo agora.

Ela se afasta sem respostas, por algum motivo ela não conseguia desabafar. Afinal, por que dói tanto pensar no que aconteceu? Alexia nunca se permitiu sentir tais sentimentos, para ela falar do que está sentindo sempre foi coisa difícil de se fazer.

Enquanto Lorena admirava cada detalhe do lugar, Alexia sentou-se no sofá e deixou as lágrimas caírem livremente. A dor do luto misturado com a da traição era insuportável, mas ao mesmo tempo, o amor que Benício lhe dedicou por tanto tempo ainda estava presente em seu coração. Seu celular tinha milhares de ligações dele e da família Nicolai. Os gêmeos ligaram algumas vezes, porém eles sabiam que ela precisava de um tempo para pensar, pesquisaram sobre quem era a amiga. Apesar de estarem tristes, eles decidiram dar o tempo necessário para que ela voltasse a ter as rédeas da sua vida.

Ela sabia que teria que recomeçar, deixar o passado para trás e seguir em frente, mesmo que fosse difícil. Sentindo-se perdida, porém determinada a encontrar forças para seguir em frente, principalmente por Brayan, que agora era sua responsabilidade.

Enquanto olhava para o pequeno dormindo, Alexia prometeu a si mesma que daria o seu melhor para ser a mãe que ele merece.

Lorena, de longe, a olhava, sentindo a tristeza emanar em seus olhos.

— Bom, vamos subir, Lorena, precisamos de um banho... amanhã te apresento ao meu mundo, um mundo que não lembrava ser tão sombrio e solitário. — Lorena a encarou e seguiu seus passos em silêncio. — Pode ficar com esse quarto, o meu é o da frente. Brayan irá dormir comigo hoje, então não se preocupe. Amanhã vamos comprar tudo que vocês precisam. Tem roupas limpas no meu quarto...

— Por que está tudo tão impecável mesmo depois de 4 anos? — Lorena perguntou curiosa.

— Porque meu melhor amigo nunca desistiu de me encontrar. Ele sabia que se um dia eu voltasse, iria vir direto para a casa onde cresci.

— Será que vai dar para tomar banho? Sai sem nada de lá.

— Não se preocupe com isso. Minhas roupas são lavadas todas as semanas mesmo sem uso, por algum motivo sei que continuam fazendo isso. Então pode pegar o que quiser.

— Alexia... você está bem?— enfim Lorena criou coragem para perguntar.

— Não! — Alexia respondeu e desviou o olhar. — Mas vou ficar. Fique tranquila, já passei por coisas bem piores que isso, então não se preocupe comigo. — Ela olhou para Lorena e percebeu o quanto ela estava tentando se fazer de forte. — Lorena, ligue para Fred e para o Júlio. Peça para que, se eles puderem, venham esta semana. Meus projetos já estão prontos, e quero continuar a sociedade com eles. Quem sabe consigo trazer os gêmeos para ficar conosco.

— Sério? Posso mesmo ligar? — Lorena falou surpresa e animada ao mesmo tempo. Alexia deu um pequeno sorriso, vendo o brilho que surgiu nos olhos dela.

— Claro, sei que veio comigo porque realmente gosta de mim. Gosto de ter pessoas leais ao meu lado, e sei que posso confiar em vocês. — Ela disse e sorriu, pois ouviu a barriga de Lorena roncar de fome.

— Jesus, que vergonha.

— Logo desço e peço algo para a gente comer. Acredito que alimento não tenha.

Alexia falou e entrou no quarto. Assim que abriu a porta, encontrou o berço que comprou para seu bebê. Ela coloca Brayan na cama e dá um leve beijo em sua testa.

Tirando seu salto, ela se aproxima do cantinho que preparou com tanto carinho para o filho e cai de joelhos no chão, chorando.

— Meu filho... me perdoa por causar a sua morte.

Ali ela fica por longos minutos, sentindo-se incapaz. Tantas coisas passavam em sua cabeça, tantas incertezas e medo.

Naquela noite, ela não quis falar com ninguém. Decidiu que irá pessoalmente à empresa ver Matheo, e depois sua amiga. Tomou um banho, acordou Brayan para fazer o mesmo, pediu comida e apresentou todos os cômodos da casa para eles.

Brayan gargalhava correndo pela mansão, e mesmo sofrendo por seu filho, Alexia sorria vendo a alegria do menino.

— Vamos dormir? Amanhã vamos comprar muitos brinquedos para você.— Alexia fala pegando o menino no colo e colocando ele na cama. Já era tarde quando todos foram deitar para dormir.

— Titia... posso te chamar de mamãe? — Brayan pergunta de olhos fechados.

Alexia se senta surpresa, esse pedido fez com que seu coração disparasse. Ela o olhou com os olhos cheios de lágrimas e sorriu.

— Claro, meu amor. Você pode me chamar de mamãe sempre que quiser. Eu prometo estar sempre aqui para você.

Brayan segurou na mão dela e, mesmo sendo vencido pelo cansaço, sussurrou.

— Boa noite, mamãe... eu te amo.

— Também te amo, meu filho...