Atenção: esse capítulo contém temas delicados como agressão e aborto. Se você é sensível a esse tipo de leitura recomendo pular ele.
Alexia organiza um jantar para o pessoal da empresa, ela liga no seu restaurante favorito, pois estava com vontade de comer a comida de lá. Com um espaço fechado somente para eles, Alexia e Matheo saem juntos para o consultório da Laila, porém chegando lá estava fechado, nesse momento Alexia se preocupa.
— Ela nunca fecha seu consultório, nem quando aquele maldito do ex namorado dela a agredia, alguma coisa aconteceu, eu sei.
— É estranho mesmo, ontem ela foi de manhã no hospital ver a Marcela, mas não me esperou como sempre fez.
Os dois rapidamente vão em direção ao apartamento dela. Eles interfonam e quem atende deixa Alexia atordoada.
— Fala logo! O que quer a essa hora?— Era Yure que atendeu. Alexia fica em silêncio e corre em direção a recepção.
— Preciso ir para o apartamento de Laila Dubois, agora!
— Senhora, desculpe, mas a ordem é de não deixar ninguém subir.
— Quem deu essa ordem?— Matheo pergunta impaciente.
— O namorado da senhora Dubois, ele proibiu qualquer visita.
— Filho da mãe! — Alexia pragueja.— Quanto tempo esse homem frequenta esse apartamento?
— Já tem 6 meses.
— É o tempo que a Ana disse na mensagem que te viu, acreditei ser alguém parecido, daí no mesmo dia... enfim, esse vagabundo se aproveitou da fragilidade dela.
— Chama a polícia imediatamente, esse homem deveria estar preso.— Alexia fala sem acreditar que a amiga tenha voltado com ele. A raiva a consome Alexia, com as mãos em punhos ela sobe as escadas sem conseguir esperar o elevador, os seguranças tentavam impedir sua entrada, mas ela enfrentou eles, até que ela para na frente deles e os encara. — Recomendo que venham connosco! Vocês vão precisar recolher o lixo que está no apartamento da minha amiga.
Ao subir as escadas em direção ao apartamento de Laila, Alexia sente um turbilhão de emoções. A presença do ex-agressor de sua amiga desperta tantos sentimentos ruins, principalmente raiva e medo.
Alexia chega finalmente à porta do apartamento de Laila, ela bate na porta freneticamente, porém não tem retorno.
— Hum... me ajudem.— Um sussurro baixo é ouvido por eles.
Matheo arrebenta a porta com o pé e na primeira tentativa a porta é quebrada dando passagem para eles. Assim que entram veem o ex-agressor saindo enrolado numa toalha do banheiro, e perto do sofá estava Laila caída no chão, rosto sangrando, sua pele metade dela coberta de roxos e queimados.
Matheo parte para cima de Yure dando lhe socos mais socos, ele estava completamente fora de si. Alexia se ajoelha no chão e segura sua amiga nos braços e tenta reanima-la.
— Laila, acorda! Por favor, acorda.— Ela fala segurando com delicadeza no rosto ferido da amiga.
Laila abre os olhos devagar e sorri entre os gemidos de dor.
— Ale...xia, você está de volta?
— Sim, amiga, estou de volta e prometo que vou tomar as providências necessárias para que esse projeto de homem, não veja a luz do sol um bom tempo.
Laila sem força leva as mãos para o rosto da Alexia e começa a chorar.
— Como é bom te ter aqui...— Alexia força entender o que Laila está falando, sua voz soa baixa ao extremo.— Amiga, me ajuda, eu estou gra.. — Sem conseguir terminar de falar, Laila desmaia.
A polícia chega e vê Matheo ainda desferindo socos em Yure, porém ao ver o estado de Laila, colocam a algemas no agressor e os levam, Matheo tentando se controlar fica uns minutos no quarto, mas um grito de Alexia faz ele correr para a sala.
— Matheo, me ajuda.
— O que foi?
— Ela está sangrando, meu Deus...— Alexia grita desesperada.
Matheo a pega no colo porém ele vê algo que não tinha percebido antes, a barriga de Laila está com um pouco protuberância.
— Ela está grávida? Como não vi isso antes?— ele pergunta andando em direção às escadas.
— Meu Deus, corre para o hospital. — Alexia corre ao seu lado.
A recepcionista havia pedido uma ambulância, já tem tempo que ela percebe que Laila tentava esconder os ematomas com a maquiagem, a recepcionista tentou alertar o dono do prédio, mas o homem era conhecido de Yure, onde ameaçou ela de armar algo para coloca-la atrás das grades.
Laila passou a usar roupas largas para esconder a gravidez. Mas ela sabia que uma hora sua barriga ia crescer. Estava dando certo, mas Yuri viu que ela estava engordando e fez com que ela ficasse sem comer.
Das vezes que ela saia para ajudar Matheo com a Marcela, Laila dizia que ia no banco retirar dinheiro para dar para ele e só assim ela podia sair, ela pensou em denunciar, mas por medo se calou. Quando Yure descobriu a gravidez começou a dar socos e chutes na sua barriga, com o intuito de fazer ela perder o menino.
Eles levam Laila imediatamente para o hospital, o caminho todo Alexia chorava se culpando por ter ficado tanto tempo longe, ter perdido pessoas tão importantes para ela, e ali ela culpou Benício por não ter revelado a verdade.
Depois de muitos exames e cuidados, Laila finalmente acorda e o médico da a notícia que ninguém estava preparado para ouvir.
— Sinto muito senhora Dubois, a senhora teve uma hemorragia interna e tivemos que fazer uma cesariana de emergência. Infelizmente, o bebê... não resistiu.
Laila desabou em lágrimas, sentindo a dor da perda de seu filho. E, ao mesmo tempo, sentindo a raiva e a tristeza fervilhar no peito, por ter sido fraca e ter permitido que Yure entrasse novamente em sua vida.
Alexia abraçou a amiga fortemente e chorou com ela, ambas com a dor de ter perdido seus filhos.
Enquanto isso, Yure estava sendo detido pela polícia, acusado de agressão e tentativa de homicídio. Laila finalmente sentia um pouco de alívio, sabendo que ele não poderia mais machucá-la, que agora a justiça será feita.
E com isso mostra que as consequências das escolhas que fazemos podem nos levar a caminhos inesperados e muitas vezes dolorosos. Por mais difícil que seja, é importante enfrentar a verdade e tomar as decisões necessárias, um pedido de ajuda poderia ter mudado todo o rumo da história de Laila.
Então se está passando por algo parecido, DENÚNCIE ( Ligue 180 para denúncia no Brasil), converse com amigos, familiares, alguém vai te ajudar.
Não se cale achando que o agressor vai mudar, não se cale por medo de recomeçar, quando um homem levanta a mão para uma mulher é sinal que nunca existiu respeito e sem o respeito não existe amor.
É preciso ter coragem para enfrentar a verdade, buscar ajuda e lutar por um futuro melhor. Não importa o quão difícil seja o caminho, sempre há esperança e a possibilidade de recomeçar. Você não está sozinha.