Alexia estava sozinha com Brayan, sentados na sala, ele pintava em seu livro de colorir. Alexia balançava o pé sem parar, apertando suas mãos trêmulas e um enorme nó na garganta. Ela mal podia acreditar que a cruel mentira se espalhou tão rapidamente pela cidade, as pessoas mais uma vez não quiseram a ouvir, dedos foram apontados, pessoas que ela tanto ajudou estavam querendo fazer justiça com as próprias mãos.
Uma batida na porta a tira dos seus pensamentos. Ao abri-la, Alexia se deparou com dois policiais e uma representante do Conselho Tutelar, todos com expressões sérias e a postura rígida.
— Você é Alexia?— perguntou a representante do Conselho Tutelar, com a voz firme sem emoção.
— Sim, sou eu. — Alexia responde, com a voz trêmula e o coração quase saltando pela boca.— Por quê estão aqui?
— Nós viemos buscar o menino, Brayan. — disse um dos policiais, com um olhar de desconfiança.
— O que? Não, ninguém vai levar ele a lugar nenhum, o que está acontecendo?— Alexia fala com lágrimas nos olhos.
— Recebemos uma denúncia contra a senhora de maus-tratos e abuso infantil!— Disse a representante do Conselho Tutelar, olhando fixamente nos olhos de Alexia.— Isso é uma acusação muito séria e temos que levar Brayan para garantir sua segurança.
Alexia sentiu um aperto no peito e a indignação cresceu dentro dela. Ela sabia que era inocente, que jamais machucaria ou faria algo tão cruel com uma criança. Mas a mentira havia se espalhado tão rápido que agora estava enfrentando as consequências.
— Isso não é verdade, jamais faria algo contra Brayan e qualquer outra criança!— exclamou Alexia, lutando contra as lágrimas. — Ele é como um filho para mim. Por quê estão fazendo isso comigo?
Os policiais e a representante do Conselho Tutelar mantiveram-se impassíveis, seguindo o protocolo para levar Brayan embora.
O pequeno Brayan estava parado ao lado da representante do Conselho Tutelar ao perceber que aquelas pessoas vieram busca-lo, ele olha para a mulher com os olhos cheios de lágrimas e o rosto contorcido em angústia. Seu olhar se encontrou para os de Alexia, sem pensar duas vezes ele correu em sua direção, agarrando-se às suas pernas.
— Não deixa eles me levarem, tia Alexia, por favor!— Brayan implorou desesperadamente, soluçando. — Eu não quero ir embora, eu prometo que serei um bom menino, por favor, não deixe eles me levarem!
Alexia sentiu seu coração se despedaçar ao ver o desespero nos olhos do menino. Ela se ajoelhou e abraçou Brayan com força, segurando as lágrimas que ameaçavam transbordar. Tudo que Alexia queria era pega-lo no colo e sair correndo, mas sem poder fazer nada, ela tentou acalma-lo.
— Não chora meu menino... eu sinto muito, meu querido, mas eles têm que te levar por enquanto.— Alexia murmurou, lutando para manter a voz firme. — Eu prometo que vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para te trazer de volta o mais rápido possível. Eu prometo! Mas para que eu consiga resolver tudo, você precisará ir com eles.
Brayan olhou para Alexia, com lágrimas escorrendo por seu pequeno e inocente rosto e concordou com a cabeça.
— Por favor, não me esqueça, tia Alexia. Eu te amo e vou sentir muita sua falta. Promete que não vai demorar? Eu quero voltar para casa. Aqui é minha casa...
Alexia segurou o rosto de Brayan entre suas mãos, olhando diretamente em seus olhos.
— Eu nunca vou te esquecer, Brayan. Você é uma parte muito importante da minha vida e eu farei de tudo para que você volte para sua casa o mais rápido possível. Confie em mim, por favor.
A representante do Conselho Tutelar se aproximou e gentilmente separou Brayan de Alexia, segurando sua mão enquanto ele soluçava de forma desesperada. Alexia assistiu sem ter o que fazer enquanto eles se afastavam, com o coração partido e a promessa de trazer Brayan de volta ecoando em sua mente.
Enquanto a porta se fechava, Alexia cai de joelhos no chão, as lágrimas finalmente escapando de seus olhos. Ela chorava descontroladamente, sem conseguir sequer se manter de pé. Ela se sentia completamente perdida e injustiçada. Como alguém poderia espalhar mentiras tão cruéis sobre ela? Como as pessoas podiam acreditar em algo tão terrível sem sequer ouvir sua versão da história?
Poucos minutos depois a porta se abre rapidamente e Lorena entra desesperada.
— O que está acontecendo? Por que levaram ele, por quê?— Lorena pergunta em prantos. Vendo que Alexia não iria conseguir falar, ela se ajoelha no chão e abraça Alexia.— Eu tentei impedir, mas eles não me deixaram chegar perto.— Lorena fala soluçando.
Lorena que havia acabado de chegar no hotel, viu Brayan entrando na viatura junto com os policiais.
— Eles tiraram ele de mim... o que eu vou fazer? Meu Deus, o que eu fiz para merecer tudo isso?— Alexia sussurra como as suas forças tivessem se evadido do seu corpo.
Lorena ajuda Alexia sentar no sofá, ela pega o celular e liga para Fred, explicando o que aconteceu, não demorou muito todos estavam no apartamento tentando acalmar Alexia que não parava de chorar.
Enquanto Benício e os gêmeos continuavam sua busca pelo juiz que havia dado a ordem de busca de Brayan, descobriram que quem fez a denúncia foi Dafne. Benício tentou ir atrás dela, porém ela sumiu, estava escondida tão perto que ninguém imaginou que ela estivesse no mesmo hotel que Alexia mora.
Lutando contra a sua própria batalha estava Alexia. Sua saúde estava se deteriorando cada vez mais, sem esperanças e sem uma saída clara para provar sua inocência.
— Amor, por favor, você tem que comer.— Benício fala vendo ela chorar mais uma vez.— Nós vamos conseguir provar a sua inocência e vamos trazer o Brayan para casa.
— Eu não sou um monstro, eu não sou. Amor por que isso está acontecendo? Como o meu menino deve estar, sozinho, triste. Acreditando que nós desistimos dele.
Benício deita do lado dela, Alexia abraça o corpo do seu amado e chora sem parar.
— Eu sei amor, prometo que vou fazer de tudo para trazer ele de volta para você.
E assim dias se transformaram em semanas e, lentamente, a vida de Alexia se tornou um ciclo interminável de insônia, medicamentos e falta de apetite. Ela se afastou dos amigos e não saída nem por um segundo para fora, incapaz de encontrar conforto em qualquer lugar. Ela se viu afundando cada vez mais em um poço escuro de desespero.