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Chapter 35 - Por favor, não me deixe.

Após chegar em frente à casa, Benício fica um tempo dentro do carro, debruçado no volante, se recriminando mentalmente por tudo que fez até hoje, que é mentir para Alexia. Ele entra e vai direto para o quarto, tentando criar coragem para revelar a verdade. Porém, ao abrir a porta, ele vê Alexia dormindo na poltrona. Por alguns segundos, ele fica admirando a mulher que ama, vendo a sua imagem, enquanto o medo de perdê-la consome sua alma. Fechando a porta silenciosamente, ele a pega no colo e a envolve em seus braços, sentindo o seu doce perfume e a maciez de sua pele. Benício suspira pesadamente e a coloca lentamente na cama.

— Dorme, meu amor. Amanhã prometo que conversamos.— ele sussurra, sentindo-se aliviado por não precisar encarar a situação que lhe apavora naquele momento.

Benício entra no banho e, sentindo as gotas de água caírem sobre seu corpo, ele não entende como nunca viu que Dafne era tão má a ponto de usar uma criança para separá-lo de Alexia. Foi o que fez Benício tirar a venda que cobria seus olhos. Ele confiava cegamente em Dafne, chegando a duvidar muitas vezes do caráter e da honestidade de Alexia. Saindo do banho, ele escova os dentes, coloca uma bermuda solta e sai sem camisa.

Ao abrir a porta, ele se depara com Alexia sentada na cama, um pouco sonolenta. Ela olha para ele e dá um pequeno sorriso, feliz por ele ter chegado bem.

— Por que não me acordou, amor?— Alexia pergunta com a voz baixa, um pouco rouca.

— Você estava dormindo tão serena, não quis incomodar.— Benício responde, sentando ao seu lado na cama e segurando suas mãos. Alexia olha nos seus olhos com um pouco de medo e curiosidade para saber o que Dafne queria falar. Benício segura no rosto dela e a olha com ternura.

— Me fala, amor, o que Dafne queria? Por que ela se sente tanto no direito de se meter na nossa vida?

Nesse momento, Benício se sente inseguro em contar a verdade e acabar perdendo Alexia. Por esse motivo, ele mente mais uma vez.

— Amor, não vou fazer muitos rodeios.— Alexia ouve atentamente o que ele tinha para dizer.— Antes da gente se conhecer, fiquei com a Dafne algumas vezes, e...— ele suspira pesadamente ao ver os olhos de Alexia marejarem de lágrimas. —E desse caso, ela disse que tenho uma filha com ela. Me perdoa, amor, eu não sabia até sair do coma.— Benício seca as lágrimas que caíam dos olhos de Alexia e, com peso na consciência, fala do que aconteceu naquela noite em que ele foi vê-la no hotel. —Quando saí naquela noite, fui para o apartamento da Dafne. Amor, eu estava confuso e... lá ela me beijou, eu até tentei corresponder ao beijo, mas não consegui.— Alexia nesse momento se sente mal, seu coração bate desesperadamente, ela não sabe como reagir. — E foi naquele dia que vi que eu... ainda sentia algo por você, mas não se compara com o amor que sinto agora.

Alexia olha para Benício com lágrimas nos olhos, uma mistura de tristeza e dor em seu olhar. Ela respira fundo, tentando controlar a avalanche de emoções que a toma por dentro.

— Então é isso... você tem uma filha com ela?

Benício assente, sentindo um peso enorme no seu peito.

— Tudo indica que sim, mas eu só descobri recentemente. Por favor, me perdoa, amor. Eu sei que menti para você, mas eu não queria te magoar.

— Você não só mentiu para mim, como me traiu! Enquanto eu tentava me encaixar na sua forma de agir e me tratar, você estava correndo atrás dela.

Alexia solta as mãos de Benício, levantando-se da cama com um nó na garganta. Ela caminha até a janela, olhando para a noite escura lá fora, tentando encontrar alguma clareza em meio ao turbilhão de sentimentos que a dominam.

— Juro que dei apenas um beijo nela, nada mais, depois daquela noite, nunca mais fui procurá-la, acredita em mim, por favor.— ele fala com desespero na voz.

— Eu não sei o que dizer... como Dafne pôde fazer isso, ela tentou se aproximar de mim por longos mais de três anos? E como você... como pôde esconder isso de mim?

Benício se aproxima dela, colocando a mão em seu ombro e virando-a para encará-lo.

— Eu sei que errei, Alexia. Eu estava confuso e assustado. Eu só não quero te perder. Eu te amo, de verdade, e quero enfrentar isso ao seu lado. Por favor, me perdoa.

Alexia olha nos olhos de Benício, vendo a sinceridade em seu olhar. Ela sente as lágrimas escorrerem por seu rosto, enquanto seus sentimentos se chocam em um mar de incertezas.

— Eu também te amo, Benício. Mas... eu preciso de tempo para digerir tudo isso. Desde que você saiu do coma, confiei em cada palavra sua. E agora, me sinto perdida, traída e enganada.

Benício a abraça com força, sentindo o coração apertado com a possibilidade de perdê-la, Alexia não corresponde, parece que tudo desmoronou na sua cabeça de uma vez só.

— Eu entendo, amor. Mas prometo que vou fazer de tudo para consertar isso. Por favor, não me deixe. Não suportaria te perder.

Alexia sente o calor do abraço de Benício, o conforto de seus braços ao redor dela. Ela fecha os olhos, tentando acalmar a tempestade dentro de si.

— Eu não sei exatamente como reagir nesse momento, Benício. Preciso de tempo para saber o que fazer.

Benício assente em silêncio, mesmo sentindo-se angunstiado e decide dar esse tempo a ela. Ele Sabe que terá que reconquistar a confiança de Alexia. E ele está disposto a fazer isso, não importa o que aconteça.

Alexia sai do quarto dele e se tranca no seu. Ela chora pelo resto da madrugada, sem saber o que fazer. Ela demorou tanto para Benício ser como ela imaginava que era. Sua mente estava dizendo que esse era o fim deles, mas seu coração queria que ele estivesse ao seu lado.

Enquanto isso, Benício estava deitado em sua cama, sentindo um aperto no peito, arrependido de ter magoado Alexia e temendo o futuro incerto do relacionamento deles. Ele sabe que terá que lutar muito para reconquistar a confiança dela, e está disposto a fazer o que for necessário para isso.

Ele espera que, com o tempo, Alexia possa perdoá-lo e dar uma chance para que eles possam reconstruir o amor que um sente pelo outro. Mas, no fundo, também se preocupa com a possibilidade de ela não conseguir superar a traição e decidir seguir em frente sem ele. Ele se sente desamparado e inseguro, percebendo a dimensão do estrago que causou.

Dois apaixonados em quartos separados, lidando com suas próprias dores e incertezas, incapazes de encontrar uma solução para os problemas em que se encontram.