Kowalsk estava dormindo profundamente e sem preocupação aparente.
Sua cama era o chão e seu cobertor farrapos encontrados pelo laboratório e apesar de toda a intensa agitação do dia ele parecia estar confortável.
Nem parecia que a poucos metros dele estavam um imenso dragão, o mesmo que algumas horas atrás queria devorá-lo.
Já o soldado experimental conhecido como Gareno parecia não sentir sono e ficava vigiando a todos.
Estava sentado e ao longe observava aquelas estranhas visitas que de uma hora para outra fez com que ele se sentisse útil e estranhamente já começava a considerar todos sem exceção alguma...De sua família.
Por um breve momento sentiu vontade de rir.
Mal ele conhecia Kowalsk e nem mesmo gostava dele ou melhor abominava suas atitudes grosseiras.
E por várias vezes e em vários momentos se sentiu tentado a dar um soco bem no meio de suas fuças.
Era um cara engraçado querendo impressionar se fazendo de durão, mas na verdade para Gareno ele era apenas um fanfarrão.
Já aquela moça, Gareno nem sabia o que pensar dela.
Era estranho fato dela saber muita coisa e ao mesmo tempo não saber de nada, tipo o seu nome sua origem ou como foi parar ali.
E o mais estranho para Gareno era aquela atração que ela sentia pelo dragão, algo que era quase que uma devoção.
Estranhamente isso parecia não incomodar Kowalsk.
No final das contas ela era uma louca que amava um dragão e protegia um doido e mantinha-se apática em relação à Gareno.
O mais engraçado disso tudo foi o nome que Kowalsk deu para ela...Thilláila.
Já o dragão o que é que se poderia dizer dele, tão estranho quanto o restante dos visitantes e o mais surpreendente deles.
Gareno nunca tinha visto um bicho daquele antes então ele não tinha parâmetro algum para ser utilizado nele.
Mas levando em conta que aquilo era apenas um bicho selvagem ele se comportava bem demais, de uma maneira quase humana, principalmente depois da aparição de Thilláila.
Cansado de ouvir tantos roncos, Gareno teve impressão de que estava numa competição.
E olha que o dragão nem estava competindo, não dava pra saber se ele dormia ou somente descansava, pois fazia isso sem nenhum barulho.
E por mais incrível que pudesse parecer nenhum deles se preocupava com um possível ataque do dragão pela madrugada.
O que mais preocupava a todos era o que aconteceria se não encontrasse algum banheiro funcionando porque aquela carne de cobra iria dar um retorno e poderia não ser muito agradável.
O marcador de tempo acusava 2:50 da manhã quando de repente o dragão começou a tossir ou pelo menos é o que parecia.
Thilláila foi a primeira acordar tentando de alguma forma ajudar.
Kowalsk sentindo se incomodado com o barulho que o dragão fazia também se levantou.
Então todos estranharam quando perceberam que o dragão estava bem menor do que era antes.
Apesar do bicho estar bem inchado era muito fácil de perceber a diferença de tamanho que ele tinha antes com o tamanho atual.
Seu tamanho anterior era próximo de um elefante indiano que é bem menor do que o elefante africano, mas ainda assim é um elefante é algo para ser notado em qualquer lugar.
Seu tamanho agora era próximo de um cavalo, um cavalo grande e gordo.
_Será que você não pode fazer alguma coisa Gareno?
Perguntou Thilláila demonstrando grande preocupação com o bicho.
_ E você acha que ele vai fazer o quê Thilláila? Dar uma tapinha nas costas desse monstro?
A jovem pareceu ficar ofendida com a pergunta bruta de Kowalsk.
Enquanto isso o dragão tossia fazendo com que saísse um leve vapor de fumaça de sua boca.
A tosse seca transformou-se um trágico engasgo, fazendo com que o imenso animal ficasse numa situação delicada e parecia que isso o levaria à morte.
E quando ele já estava ficando quase sem fôlego Thilláila resolveu intervir vindo a implorar que Gareno socorresse o dragão.
_E o que você quer que eu faça Thilla, eu não sou veterinário?
_ Por favor faça o que Kowalsk tinha sugestionado anteriormente, dê um tapinha nas costas do dragão ...Por favor.
Gareno já de pé olhou fixamente para Kowalsk como se estivesse dizendo.
_Está vendo que você aprontou comigo?
Foi até as costas do dragão não sem antes de colocar a luva especial e avisou.
_Vai doer um pouco.
Thah!!
Mas foi um tapão tão caprichado que o dragão que estava sentado como um gato projetou se para frente e de repente começou a pôr para fora toda aquela carne de cobra que havia comido.
_A cara que nojo! Você precisava bater tão forte assim?
Reclamou Kowalsk.
Enquanto isso Thilláila o encarava e Gareno teve certeza de que quando ela tivesse uma oportunidade ela retribuiria da mesma maneira... E ele estaria esperando.