Selene rosnou, andando de um lado para o outro enquanto farejava cada canto do quarto. Seus pelos do cangote estavam eriçados. Mesmo sendo apenas um cão agora, ainda assim era intimidador.
Aquele desgraçado esteve aqui, Selene confirma, depois de farejar o quarto. Ele não vai te machucar. Seu lábio se curva em um rosnado suave. Eu posso sentir o arrependimento dele a cada passo que deu.
Eu desabo, minhas pernas fracas demais para me sustentar. Aquela sensação de renovação e vitalidade se foi. Apenas o medo permanece.
"O que eu vou fazer? Não posso ficar aqui. Se ele me encontrou, isso significa que o Pai pode me encontrar."
Talvez. Selene se estica com um bocejo longo. Eu não me preocuparia por enquanto, filhote. Você não é tão indefeso como já foi uma vez, e você não pode fugir para sempre.
"Mas—"
Você não pode fugir para sempre, Selene repete com força, e eu fico em silêncio, lutando contra o pânico que esvoaçava contra a minha caixa torácica. Um dia, você pode ter que lutar.