Capítulo 27: Lisa: Febres e Sonhos
LISA
Quanto tempo faz?
Alguns dias?
Semanas?
O sol deveria me manter orientada, mas uma febre me pega logo na primeira noite que estou lá.
A garota, Marisol, aparece de vez em quando. Sempre com comida. Algumas vezes com tigelas cheias de algum líquido nocivo que faz minhas narinas tentarem se fechar, evitando o cheiro que vem de dentro.
Ela está sem expressão enquanto me força a engolir, e eu estou fraca demais para resistir.
É medicamento, eu acho.
Eu penso isso porque lentamente começo a melhorar depois da terceira tigela.
Entre momentos de lucidez, eu sonho.
Vida normal. Casa. Mãe e Pai.
Trabalhando com Ava na Beaniverse.
Flertando com aquele cara bonito que entrou por engano na aula de Literatura Inglesa do nosso professor, em vez de uma aula de filosofia duas portas adiante.
Sonhos aconchegantes, felizes, de um lugar bem longe daqui.
Um escape da realidade que me acorrenta.