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"Ava, é você?"
A aspereza familiar me deixa congelada, meu coração pulando para a garganta. Lentamente, viro-me, ficando cara a cara com um fantasma do meu passado.
Nossa vizinha. Margot Mitchell.
Os outrora vibrantes cabelos castanho-avermelhados agora estão matizados de prata, seu rosto um mapa de rugas e cicatrizes. São os olhos dela que me assombram. Olhos verdes penetrantes que veem tudo e não fazem nada.
"Margot," saúdo, com voz tensa e cautelosa. "O que você está fazendo aqui?"
Manca em minha direção, seu andar irregular devido a alguma lesão que sofreu muito antes de eu nascer. Lembro-me de ter perguntado sobre isso uma vez, e minha mãe me deu um tapa na nuca, repreendendo-me pela minha grosseria. "Ah, Ava. Estou tão feliz de te ver novamente."
Tenso ao sentir ela tocar meu braço, meio esperando que ela me agarre, para me arrastar de volta ao inferno que fugi. Mas ela apenas coloca a mão no meu braço, seu toque leve como uma pluma.