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Chapter 54 - 54- Batalha de ginásio contra Morgana (2)

Gastly, o Pokémon fantasma e venenoso, é famoso em todo o mundo por suas traquinagens e comportamento travesso.

Essa fama não é sem motivo: todos os Pokémon do tipo fantasma possuem um impulso instintivo de pregar peças em pessoas e outros Pokémon. No entanto, a linha evolutiva de Gastly é um caso especial.

Parece que todo o seu ser foi moldado para um único propósito: assustar, atrapalhar e brincar com os outros. Esse comportamento não só permanece, como se intensifica conforme Gastly evolui para Haunter, e finalmente atinge seu ápice na forma de Gengar.

Com seu corpo gasoso e etéreo, Gastly e suas evoluções são praticamente imunes a golpes físicos que dependem de contato direto. Quando se tornam intangíveis, podem até ignorar a maioria dos ataques especiais.

Além disso, os fantasmas possuem a habilidade inata de se locomover pelas sombras com uma velocidade impressionante, quase como se estivessem se teletransportando.

Somando isso às suas capacidades ofensivas, a linha evolutiva de Gastly é equipada com uma variedade de movimentos projetados para causar o máximo de desconforto ao oponente.

Golpes com efeitos especiais, como Curse, Hex, Destiny Bond e Dream Eater, fazem com que enfrentar um Gengar não seja apenas uma luta, mas um teste de paciência, estratégia e força mental.

E, é claro, há a habilidade natural de Cursed Body, que pode desativar temporariamente o último golpe usado contra Gengar, com uma chance de 30%. Isso adiciona outra camada de imprevisibilidade à batalha, tornando o Pokémon ainda mais frustrante de se lidar.

Morgana, a líder do Ginásio da Mansão das Sombras, entende profundamente as capacidades de seu Gengar.

Ao contrário da abordagem comum de usá-lo como um atacante sorrateiro que se esconde nas sombras e busca ataques diretos e devastadores.

Morgana escolheu um estilo diferente: Gengar, em suas mãos, é mais um suporte estratégico do que um assassino.

Ela utiliza a natureza enganosa e os movimentos versáteis de Gengar para controlar a batalha, desgastando os oponentes aos poucos enquanto mantém uma posição de vantagem.

A lista de golpes que Morgana ensinou ao seu Gengar é um testemunho de sua abordagem calculada:

Hypnosis para induzir o sono e forçar o adversário a ficar vulnerável.

Confuse Ray, que causa confusão e faz com que o oponente possa atacar a si mesmo.

Will-O-Wisp, que queima o adversário, reduzindo seu ataque físico enquanto causa dano gradual.

Thunder Wave, que paralisa, limitando a velocidade e a frequência de ataques do oponente.

Ice Punch, surpreendendo com o potencial de congelamento inesperado em situações críticas.

Toxic Spikes, criando armadilhas no campo que envenenam qualquer Pokémon adversário que entre na arena.

Essas ferramentas tornam o Gengar de Morgana um verdadeiro pesadelo estratégico. Ao invés de depender de força bruta, ela prefere uma abordagem metódica, onde cada turno é uma oportunidade de desestabilizar o oponente.

Enfrentar esse Gengar não é apenas uma batalha; é um teste de resistência emocional. Para muitos, é uma experiência exaustiva, uma guerra de atrito que drena a energia, causa frustração e testa os limites da paciência.

E é exatamente essa mesma sensação que Jack está experimentando agora.

No centro da arena, o Scyther mantém sua posição com os braços cruzados e um olhar sério, mas é impossível ignorar o estado deplorável em que ele se encontra.

Seu corpo está completamente desgastado. Fragmentos de gelo cobrem partes de suas asas e patas, enquanto outras regiões exibem queimaduras ainda fumegantes. Seus músculos estão rígidos e presos pela paralisia, limitando drasticamente seus movimentos.

Espalhados por todo o seu corpo, vários espinhos brilhantes do Toxic Spikes perfuraram sua carapaça, injetando veneno diretamente em sua corrente sanguínea. A toxina corrói sua resistência, drenando sua energia a cada segundo que passa.

Seus olhos, antes focados e repletos de determinação, agora estão desfocados e semicerrados, oscilando entre a exaustão e o sono. Cada piscada parece um esforço monumental, exigindo uma força de vontade quase sobre-humana para se manter de pé.

E, no entanto, Jack permanece no mesmo lugar, recusando-se a ceder, uma estátua de resiliência mesmo diante da dor esmagadora.

Do outro lado da arena, Gengar flutuava levemente acima do chão, gargalhando sem piedade. Ele abraçava sua natureza travessa e cruel, saboreando cada momento enquanto observava o estado deplorável de seu adversário.

Gar-gar-gar!* "Lero, lero, lero, você não me pega!" zombou Gengar, sua voz carregada de provocação, enquanto fazia caretas exageradas na direção de Scyther.

Morgana, ainda observando atentamente, franziu a testa. Apesar de sua abordagem desleal em batalhas, ela parecia genuinamente preocupada.

"Dave, acho que você deveria recolher seu Scyther. Ele claramente não está em condições de continuar lutando," aconselhou ela, em um tom mais sério.

Morgana já havia usado essa tática muitas vezes antes, transformando batalhas em verdadeiras maratonas de resistência, onde poucos conseguiam suportar.

A estratégia funcionava, mas ao custo de sua reputação: não era raro ouvir críticas de treinadores frustrados que abandonavam o ginásio derrotados e ressentidos.

Mas, dessa vez, algo parecia diferente.

Nas outras ocasiões, os treinadores e seus Pokémon faziam de tudo para contra-atacar ou desviar, tentando desesperadamente evitar o desgaste inevitável.

Contudo, aquele Scyther não havia esboçado nenhuma tentativa de reação. Ele simplesmente permanecia imóvel, absorvendo cada ataque como se estivesse esperando por algo.

"Tia Ana," começou Dave, sua voz calma e carregada de uma confiança quase desafiadora, "eu entendo sua preocupação, mas peço que olhe com atenção."

O tom dele a pegou de surpresa. Morgana estreitou os olhos, voltando sua atenção para o campo de batalha, mas, por mais que observasse, ainda não entendia o motivo do sorriso despreocupado de Dave.

"Eu ainda não entendo..." ela admitiu, cruzando os braços.

Dave ergueu uma sobrancelha, como se estivesse apreciando o suspense. "Apenas continue olhando." Então, apontou para a arena. "Jack! Essa luta já se estendeu por tempo demais. Termine com isso agora!"

Por um momento, o Scyther continuou imóvel. Depois, um sorriso discreto surgiu em seu rosto.

Antes que qualquer um pudesse reagir, ele desapareceu.

BAM!

De repente, um impacto ensurdecedor ecoou pela arena, enquanto Scyther reaparecia bem na frente de Gengar, acertando uma voadora devastadora.

O golpe foi tão rápido e inesperado que Gengar mal teve tempo de processar o que estava acontecendo.

O fantasma foi lançado para trás com uma força brutal, girando no ar antes de colidir com estrondo contra o chão da arena.

"Mas... o quê?!" exclamou Morgana, completamente atônita.

Gengar tentou recuperar o equilíbrio, flutuando alguns centímetros acima do chão.

Gengar-* "Ora seu—" começou ele, mas foi abruptamente interrompido.

Uma das lâminas de Scyther, envolta em uma energia sombria pulsante, cortou o ar em alta velocidade, acertando Gengar com precisão.

O golpe atravessou diagonalmente do ombro direito até a cintura, deixando um rastro de energia que pareceu apagar temporariamente o brilho fantasmagórico de Gengar.

"Argh!" Gengar gritou, sua expressão antes zombeteira se foi completamente, se contorcendo de dor no chão.

BAM!

Sem dar tempo para respiração, Scyther seguiu com um chute direto, tão forte quanto o de um jogador de futebol experiente, acertando em cheio o rosto de Gengar e lançando-o longe novamente.

O campo inteiro ficou em silêncio por um momento, com exceção do som das lâminas de Scyther cortando o ar enquanto ele caminhava lentamente em direção ao oponente.

Sua postura era relaxada, quase casual, como se estivesse apenas dando um passeio.

Gengar, ainda flutuando com dificuldade, olhou incrédulo para Scyther.

Gengar, gar- gar!* "Como você ainda pode se mover?! Você deveria estar no chão, se contorcendo de dor com todos os meus golpes!"

O inseto parou a poucos passos de distância, cruzando os braços por um momento antes de dar um sorriso malicioso. Quando se aproximou o suficiente, ele se inclinou para que seus olhos afiados ficassem na mesma altura dos de Gengar.

"Seus golpes são tão fracos," disse Scyther, sua voz calma e carregada de desprezo, "que nem valem o esforço de desviar."

Gengar arregalou os olhos em choque, sua mandíbula se escancarando exageradamente até tocar o chão, uma reação teatral que parecia ao mesmo tempo cômica e desesperada.

No entanto, a surpresa e dor que tomavam conta de sua expressão logo deram lugar a uma fúria avassaladora. Seus olhos brilharam com uma chama ardente de raiva enquanto ele flutuava, tensionando cada parte de seu corpo gasoso.

"Gengar!" ele rugiu. "Seu desgraçado! Não pense que vai me derrotar tão facilmente!"

Scyther permaneceu inabalável, o mesmo sorriso confiante brincando em seus lábios. Ele inclinou a cabeça ligeiramente, como se analisasse um brinquedo quebrado, antes de levantar a perna para mais um chute.

Dessa vez, porém, o golpe passou direto pelo corpo de Gengar, como se ele fosse feito de fumaça. Gengar riu alto, o som reverberando pela arena.

"Gar- gar- gar! Não adianta, idiota," zombou Gengar, cruzando os braços. "Você não pode tocar um fantasma."

Scyther estreitou os olhos, claramente desafiado pelas palavras do adversário. Lentamente, ele abaixou a perna, descruzou os braços e levantou suas foices brilhantes.

De repente, uma aura negra envolveu suas lâminas, densa e pulsante como uma névoa viva. A energia escura parecia devorar a luz ao redor, um prenúncio da força devastadora que estava prestes a ser liberada.

Vush! Vush! Vush! Vush! Vush! Vush! Vush! Vush! Vush! Vush!

As lâminas de Scyther cortaram o ar com uma velocidade absurda, produzindo um som que mal podia ser acompanhado pelo ouvido humano.

Gengar tentou manter sua intangibilidade, mas, para seu horror, sentiu os golpes atravessarem seu corpo com precisão brutal.

Katchim!

O último corte foi tão poderoso que uma linha de energia negra brilhou por um momento antes de Gengar ser jogado para trás. Sangue espectral jorrou de seu corpo, evaporando no ar como fumaça.

G-Gar!* "C-como você...?" gaguejou Gengar, ofegante e incrédulo.

Jack parou, ajustando a postura enquanto girava suas foices e as apoiava casualmente nos braços. "Esse foi meu Night Slash," disse ele, sua voz carregada de superioridade.

Enquanto Gengar tremia, tentando se recompor, Scyther permaneceu imponente, um sorriso malicioso cruzando seu rosto. Ele girou uma de suas lâminas negras com casualidade antes de falar novamente.

"Eu me lembro de meu humano dizendo algo interessante uma vez..." começou ele, inclinando-se levemente em direção a Gengar. "Golpes do tipo Sombrio são ótimos contra fantasmas."

Essas palavras soaram como um martelo quebrando a confiança de Gengar. Seu olhar se apagou enquanto o peso da realidade caía sobre ele. A ficha finalmente caiu: ele nunca teve a vantagem.

Com uma expressão abalada e derrotada, Gengar flutuou lentamente até o chão, seus movimentos agora pesados e desajeitados. Ele lançou um último olhar para Scyther, um misto de frustração e respeito relutante.

Morgana observava a cena com preocupação estampada no rosto. "Gengar, está tudo bem," disse ela, sua voz suave tentando acalmá-lo. "Você fez um bom trabalho. Não precisa se culpar."

Gengar parou diante de sua treinadora, seu corpo tremulando como se absorvesse as palavras dela. Ele assentiu levemente com a cabeça, mas não disse nada.

Lentamente, ele estendeu a mão gasosa até a cintura de Morgana e pegou sua própria Pokébola. Com um último suspiro melancólico, ele apertou o botão no centro, desaparecendo em um raio de luz vermelha.

Morgana segurou a Pokébola em suas mãos, olhando para ela com um misto de orgulho e tristeza. "Você lutou bem, meu amigo," murmurou, antes de voltar sua atenção para o campo.

Do outro lado, Scyther simplesmente cruzou os braços, mantendo sua postura confiante enquanto voltava para seu lado do campo.

Jack não tinha sido apenas resiliente; ele tinha vencido mentalmente antes mesmo de vencer fisicamente.

Morgana o observou por alguns segundos, antes de esboçar um sorriso sincero. "Você me surpreendeu. É a primeira vez que alguém derrota meu Gengar dessa forma."

Dave deu de ombros, cruzando os braços com um sorriso confiante. "O que posso dizer? Ele é o orgulho do papai."

Jack, do outro lado, bufou em desaprovação. "Orgulho do papai, meu rabo! Essa vitória não tem nada a ver com você!"

Dave ergueu uma sobrancelha, mantendo o tom brincalhão. "Não diga isso, Jack. Eu estava torcendo por você desde o início."

"Tch. Grande coisa," resmungou Scyther, mas o leve sorriso em seus lábios entregava sua satisfação.

Morgana observava a interação entre treinador e Pokémon, e não pôde evitar um sorriso involuntário. A sintonia entre os dois era clara, mesmo que fosse expressa em brincadeiras e provocações.

"Vocês podem ter vencido meu Gengar," disse ela, recuperando seu tom firme, "mas a batalha está longe de terminar. Eu ainda tenho mais dois Pokémon."

Com um movimento ágil, Morgana pegou outra Pokébola de sua cintura, sua determinação brilhando em seus olhos.

"Vai, Frosslass!"

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