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Chapter 59 - 59- Sinais de abuso

Dave ficou parado na frente do beco, seus olhos fixos na Eevee desesperada, que fazia o máximo possível para se afastar dele. Ela olhava para ele como se fosse uma ameaça iminente, cada movimento dela evidenciando o medo que a consumia.

Os dois se encaravam. Dave, com um olhar apático, tentava compreender a situação. A Eevee, por outro lado, parecia petrificada, não ousando desviar os olhos dele, como se temesse o que aconteceria se o fizesse.

"Então..." Dave disse, a palavra saindo de sua boca com um tom vazio.

A reação da Eevee foi imediata. Ela estremeceu, seu corpo todo tremendo de forma quase involuntária. Dave observou em silêncio por alguns segundos, notando o quanto ela estava assustada. Não queria forçar a situação, mas também não sabia o que mais fazer.

Ele suspirou e, após alguns momentos, continuou a falar:

"Vai me dizer por que tem medo de mim?" A voz de Dave estava agora mais suave, como se estivesse tentando dar à Eevee uma chance de se abrir, mas a pequena Pokémon continuava em completo silêncio.

O silêncio se prolongou por um instante, até que Dave, irritado com a falta de resposta, falou novamente:

"Que foi? O gato comeu sua língua? Vamos falar logo."

Eevee não se moveu, seus olhos ainda fixos em Dave, mas sua expressão se tornava cada vez mais apavorada. Ela estava claramente em pânico, sem saber como reagir.

Dave olhou para ela com um semblante cansado e um tanto impaciente.

"Já que é assim, eu mesmo vou ter que tirar a resposta de você..." murmurou ele, a determinação tomando conta de sua voz.

Com um passo firme, ele começou a andar na direção de Eevee, sem pressa, mas com a certeza de que ela não teria mais para onde escapar. Ele a observava de perto, tentando perceber qualquer sinal de reação, qualquer pista do que poderia estar acontecendo com ela.

A Eevee, vendo que não havia mais saída, paralisou por um instante, seus olhos arregalados e a respiração ofegante.

Ela tentou, em vão, dar um passo para trás, mas o beco estava completamente fechado. Seu corpo se contraiu, os pelos eriçados e a cauda entre as pernas.

O pânico tomou conta dela, e ela percebeu que estava totalmente encurralada. Seus músculos estavam tensos, prontos para reagir, mas sua mente estava em completo caos.

O medo se espalhou rapidamente, como uma sombra escura que engolia tudo ao redor. Cada batida do seu coração parecia mais alta do que nunca, cada respiração mais difícil, como se o ar estivesse se tornando mais denso.

Ela olhou para Dave, seus olhos refletindo a pura desesperança. Não havia mais como fugir. E, apesar de tentar se acalmar, o medo só se intensificava, tornando-se quase uma dor física, algo que a impedia de pensar claramente.

A cada movimento de Dave em sua direção, o medo se aprofundava em Eevee, sua expressão se distorcendo em um misto de pavor e instinto de sobrevivência. Ela sabia que não tinha mais como escapar, e o terror de ser capturada ou ferida tomava conta dela.

E, como qualquer Pokémon com habilidades sobrenaturais, esses instintos não podiam se manifestar de uma forma mais clara do que aquela.

A testa de Eevee brilhou intensamente em branco, e, num impulso frenético de defesa, ela saltou para a frente, tentando atingir Dave com um Tackle.

Mas o que Eevee não esperava, era que Dave fosse revidar.

O movimento foi rápido e determinado, mas quando Eevee colidiu com a perna de Dave, o impacto foi completamente diferente do que ela esperava.

Em vez de ser desviada ou impedida, foi ela quem foi jogada para trás. O chute de Dave foi tão leve e quase desinteressado que ela mal teve tempo de perceber o que havia acontecido.

A força do golpe foi praticamente nula, mas a sensação foi clara: ela havia sido completamente superada.

"Fraca. Nem estragou meu sapato. Nem preciso de um Pokémon para lidar com você," Dave disse com calma, como se tivesse acabado de dar um leve empurrão em uma bola de futebol.

Eevee, por outro lado, estava atordoada. Seu corpo tremia, e ela caiu de bunda no chão, completamente desorientada pelo que acabara de acontecer.

Ela estava tão surpresa com o fato de seu ataque não ter feito nem um arranhão, que mal conseguia se recuperar. Mas, ao olhar para Dave e ver sua expressão indiferente, o medo de ser impotente contra ele se intensificava.

Não era apenas o medo de ser capturada, mas de ser ridicularizada, de ser completamente inútil diante de um ser tão incompreensivelmente superior.

Quando as palavras de Dave ecoaram – especialmente "fraca" e "lidar com você" – algo dentro da pequena Eevee se quebrou.

De repente, uma memória sombria e distorcida emergiu em sua mente, como se o passado tivesse voltado para assombrá-la.

Ela se viu diante de um garoto, seu olhar carregado de desprezo e impaciência. Sua voz ecoava em gritos furiosos enquanto ele apontava para ela, avançando com passos agressivos. O medo a consumiu naquele momento, e, sem pensar, ela reagiu instintivamente, atacando na tentativa de se proteger.

O golpe dela foi certeiro, derrubando o garoto no chão. Por um breve instante, ela pensou que estava segura. Mas o choque no rosto dele rapidamente deu lugar a uma raiva fervente. Ele se levantou com um brilho vingativo nos olhos e, em um movimento rápido, sacou uma Pokébola.

De dentro dela surgiu um Hitmonlee, cuja presença era esmagadora. O garoto ordenou o ataque sem hesitar, e o Pokémon lutador obedeceu cruelmente. Golpe após golpe, o pequeno corpo de Eevee era lançado contra o chão, incapaz de revidar. Cada impacto era acompanhado pelas risadas frias do garoto e os comandos autoritários que ecoavam como chicotes.

A memória se dissipou tão rápido quanto veio, deixando Eevee à mercê do presente.

O choro irrompeu sem controle, brotando das profundezas de seu ser. Ela se encolheu instintivamente, envolvendo-se com sua cauda e suas patas em uma tentativa desesperada de se proteger do mundo ao seu redor.

"Wah! Wah!" Seus soluços eram altos e descompassados, enquanto lágrimas escorriam incessantemente de seus olhos aterrorizados. Seu corpo tremia, incapaz de suportar o peso das emoções que a sufocavam.

Ela tentou se fazer menor, desejando desaparecer por completo. Cada fibra do seu ser implorava para que o tormento parasse, mas o medo continuava a crescer, como uma sombra que não podia ser evitada.

Enquanto isso, Dave permanecia parado, observando a Eevee tremendo à sua frente. Ele franziu a testa, estranhando a situação e se perguntando qual seria o próximo passo. O choro e o desespero do Pokémon eram algo que ele não esperava, e a cena o deixava inquieto de um jeito que não sabia explicar.

Ele ergueu o olhar brevemente, como se buscasse inspiração no céu, e murmurou para si mesmo:

"É em momentos como esse que sou grato por ter sido adotado por uma enfermeira Joy."

Com esse pensamento, Dave se abaixou lentamente, movendo-se com o mínimo de brusquidão possível. Ele sabia que Eevee estava apavorada, mas não se deixou deter pelo evidente ataque de pânico dela. Com mãos firmes, mas cuidadosas, ele envolveu o pequeno corpo dela e a ergueu em seus braços.

Eevee reagiu de imediato, contorcendo-se e lutando contra o aperto de Dave, desesperada para escapar. Suas patas tentavam empurrá-lo, e sua cauda chicoteava o ar em um frenesi. Mas, apesar dos esforços dela, as mãos de Dave não a soltaram.

"Quieta."

A palavra saiu firme, com uma autoridade incomum. Sua voz, normalmente tranquila, agora era mais grave e incisiva.

Eevee congelou. Era como se o som daquela ordem tivesse ativado algo profundo dentro dela. Seu corpo imediatamente paralisou, e ela se encolheu em uma pequena bola nos braços de Dave. O choro dela continuava, mas agora era mais silencioso, sufocado por soluços baixos e trêmulos.

Dave observou isso de perto, sentindo o pequeno corpo do Pokémon tremendo contra seu peito. Ele não precisou de muito tempo para conectar os pontos.

'Sinais de trauma ligados a ordens imperativas, em vez da típica aversão ou irritação de um Pokémon selvagem...' — ele pensou, estreitando os olhos. — 'Ela teve um treinador, pelo visto, um bem ruim.'

Dave suspirou, segurando Eevee en apenas um braço, ele usou o outro para pegar seu celular no bolso.

Ele abriu o chat em grupo e mandou uma mensagem de voz para os outros:

"Eu achei ela, me encontrem no Centro Pokémon, estou indo pra lá agora."

Ele guardou o celular e saiu.

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<1417 palavras>

Desculpe pelo capítulo mais curto, mas eu achei que seria melhor terminar ele nessa parte.