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Chapter 2 - Capítulo 2. Descobertas

Erida foi morar imediatamente em um internato, onde passou seus primeiros 18 anos de vida, sendo devidamente instruída em todas as matérias possíveis e sobre como ser uma boa mulher, uma esposa obediente e submissa.

A pequena Érida nunca saberia que foi vendida e estava sendo moldada conforme a vontade do mafioso. Foi colocada em uma suíte de luxo, tinha preceptores exclusivos e não falava com ninguém. Fora a acompanhante e os responsáveis pela sua educação doméstica e traquejo social, não tinha contato direto com outras pessoas, para não ser contaminada com valores feministas, que tanto o velho odiava.

Na mente dele, mulher só servia para ornamento e sexo, alem de parir sua prole. Algumas nem para isso, só para serviçais. Sua governanta era a prova viva da exceção à regra, mas se ela não fosse tão submissa, já a teria descartado também, com certeza.

Mulher, para ele, tinha que se submeter calada, ou era punida. Assim funcionava bem seus negócios, debaixo da rédea curta. Para isso, pagava muito bem seus seguranças, além de lhes dar um dia grátis no prostíbulo que escolhessem.

De sua mesa, ele sorria, vendo o pequeno Danilo, com dez anos, brincando no jardim. O menino não fazia ideia do que o aguardava no futuro, mas como seria criado por ele, moldaria o garoto para ser como ele, queria que fosse um capo, já que ele, o avô, era o Don.

*

Chegou o dia do aniversário de 15 anos de Érida, ela está na frente de um pequeno bolo, com uma velinha acesa sobre ele e com ela está a professora de postura feminina. Essa mesma professora, entregou de presente a ela, uma carta, que ela preferiu ler quando estivesse sozinha. O que não era difícil de acontecer.

Seus dias no internato eram muito solitários, sempre, não vivia e nem compartilhava com as outras crianças, os espaços da escola. Era criada como uma encarcerada, com aulas feitas exclusivamente para ela, mas tinha todas as mordomias que o dinheiro podia comprar e que uma pessoa poderia querer para viver, porém não tinha o principal, liberdade.

Quando ela se olhava no espelho e via o corpo alongado, cintura fina, pele branca, cabelos longos e loiros e olhos azuis, ficava pensando: será que sou bonita ou será que sou feia? Não tinha como se comparar com ninguém. Suas professoras estavam sempre de máscaras e com os cabelos em uma rede. Sua conselheira feminina garantia que era linda, mas não tinha como ter certeza, pois a mulher podia estar sendo paga para dizer-lhe isso.

Terminando a comemoração, subiu para o seu quarto e sentando na cama, abriu o envelope lacrado, tirando de lá a tão preciosa carta. Leu o nome e não reconheceu, o que não era estranho, dado que não conhecia ninguém. Olhou a caligrafia e achou-a feminina, iniciou a leitura com muita curiosidade e a carta dizia:

"Querida filha,

escrevo esta carta esperando encontrá-la bem. Perdoe-me a ausência por todos esses anos, mas assim como você vive encarcerada até agora, eu também vivi. Tenho muitas revelações a fazer, por isso vou começar logo, para que a carta não fique muito extensa.

Eu tinha 15 anos quando conheci seu pai, ele me comprou de meu pai, graças às dificuldades financeiras adquiridas pelas perdas no jogo de cartas. Seu pai não me amava e não queria ter um relacionamento, ele apenas queria ter filhos ou melhor filhas, com as quais pudesse lucrar. Todas, uma a uma, foram vendidas.

Quem comprou você, foi um homem muito poderoso e rico. Você foi adquirida para ser esposa de seu neto, que estava na época, com 10 anos. Descobri tudo isso, lendo um diário em que seu pai fazia anotações sobre todos os seus negócios, como consegui ler esse diário? Simples, seu pai morreu. Com a morte dele, houve uma série de investigações e me descobriram encarcerada em casa.

No local onde eu vivia, uma casa simples na periferia, encontrei caixas escondidas sobre o assoalho e nelas estavam o diário e também anotações de vários negócios que ele tinha, espalhados pela cidade. As dívidas também eram muitas, por isso todo o dinheiro que ele tinha, foi gasto para pagá-las, porém, ele também tinha objetos muito valiosos, com os quais eu pude fazer uma poupança para você.

Também consegui comprar uma casa melhor e abrir um pequeno negócio que me sustenta, hoje em dia. Mas o que quero te passar é que, você esta completando 15 anos, deve ser uma menina linda e muito inteligente, por isso estou te enviando um computador de mão, para suas anotações pessoais. Não mostre a ninguém, não deixe que ninguém veja suas coisas particulares.

Quero que se dedique aos estudos, principalmente, que se aprimore em utilizar a internet. O nome do seu noivo é Danilo Scapola. Investigue tudo que puder sobre ele, entre e vasculhe toda sua vida nas redes sociais: onde mora, o que tem, com quem se relaciona e se programe para quando estiver na presença dele. Sei que você fará o melhor uso possível de todas as informações que adquirir, mas não conte isso para ninguém.

Você me achará quando sair daí e o que precisar, estarei aqui para fazer por você, porém, terá que tomar muito cuidado por causa da maldade de seu futuro marido. Ele é cercado por seguranças e qualquer um que se intromete em seus negócios, ele manda matar. Antes de pensar em viver e ser feliz, tenha em mente que o mais importante em sua vida é você sobreviver.

Espero que tenha entendido, tudo o que lhe contei nesta carta, depois que ler, destrua, para que ninguém mais veja. A pessoa que te entregou, é de confiança, eu me introduzi de uma maneira muito discreta na vida dela, depois de descobrir onde você estava e que ela cuidava de você, porém é melhor não confiar em ninguém. Um beijo da sua mãe,

Maria."

Erida chorou, chocada com tudo que soube. Pensou que estava guardada daquelas maldades, naquele lugar, mas estava presa.