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Chapter 3 - Capítulo 3. Liberdades

Largando a carta, Érida pegou o outro pacote que sua professora lhe deu de presente, era retangular e quando abriu, era o tablet que sua mãe havia falado, só que ele veio como presente de sua professora, para que ninguém desconfiasse. Escondeu ele debaixo do travesseiro e ficou meditando no que estava escrito na carta, leu mais algumas vezes, até decorar, depois a jogou na lareira acesa e tratou de começar a pensar em sua vida, teria três anos para se preparar e quando finalmente saísse para viver o seu destino, saberia bem o que fazer.

— Obrigada, mamãe. Não a conheço, mas já te amo.

Agora entendia o porquê de viver essa vida sem sentido e o porquê das aulas de organização doméstica que tinha. No dia seguinte começaria a investigar tudo que podia, na internet, aprenderia o máximo possível sobre a vida fora daqueles muros, não deixaria nada de fora e principalmente, conheceria seu noivado.

Sua mãe, a quem nunca viu e nem sabia que existia, lhe deu o melhor presente de todos: informação. Usaria esse presente maravilhoso, de forma ampla e irrestrita, deu uma risadinha, pois seus professores de computação, não faziam ideia do quanto ela já se adiantou na matéria.

Ela tinha uma hora por dia para praticar e utilizar o computador e descobriu como acessar as páginas mais ocultas da web sem deixar rastros, pois não queria que soubessem do que fazia.

Agora, com as informações de sua mãe, saberia onde focar seus interesses e praticar seu conhecimento.

— Boa noite, mamãe. Terei muito prazer em conhecê-la.

Finalmente fechou os olhos e dormiu com um sorriso no rosto, o futuro já não era tão sombrio assim.

*

Danilo

Analisando, junto com o meu amigo e advogado, Hélio, os contratos feitos por meu avô, fiquei abismado com o controle ferrenho que ele mantinha sobre as pessoas.

Mesmo depois de morto, continuou controlando a minha vida.

Deixou um contrato de casamento, para eu cumprir, com uma noiva que foi criada encarcerada. Só posso chamar assim, uma pessoa que foi levada, ainda bebê, para um internato e criada sem ver mais ninguém, além de suas professoras.

O pior é que ela vai sair em um mês e eu só soube disso agora! Como posso me apresentar a ela e dizer que temos que nos casar.

Peguei os papéis e devolvi ao Hélio, dizendo logo a seguir:

— Não quero casar, pelo menos, não agora. Estou com vinte e sete anos e só quero casar depois dos trinta.

— Faça isso então.

— Aí não diz que sou obrigado a casar assim que ela completar dezoito anos, diz?

— Não. Mas o que você pretende fazer com ela, então, Danilo?

— Verifique os cursos na faculdade, que estão disponíveis e matricule-a. Não importa a matéria, ela escolhe. Assim, tenho mais quatro anos para evitar esse casamento. — determinei.

— Ela virá morar aqui? — perguntou Hélio.

— Claro que não, você é tapado ou o que? Não quero que liguem ela a mim. Dê a ela, um apartamento confortável, naquele prédio próximo ao campus, contrate uma dama de companhia que lhe agrade e deixe-as lá. Dê tudo o que ela precisar, quero esquecer que ela existe por esses quatro anos.

Esse era o lado bom de se ter dinheiro, podemos dar um jeitinho em tudo.

— Não quer nem conhecê-la? — Insistiu meu advogado e amigo, Hélio.

— Não! Agora chega, vá logo resolver isso.

Ainda bem que ele já está acostumado com minha forma de falar.

Ele saiu meio aborrecido, por ter que fazer esse serviço, que não tem nada a ver com suas funções. Mas ele é o único em quem posso confiar, para manter tudo isso em segredo.

Estou muito enrolado com os negócios no momento. Meu avô fez fortuna com comércio ilegal e exploração de menores. Prostíbulos com escravas sexuais, tráfico de crianças para fins de pedofilia e doação de órgãos. Venda de "segurança" aos pequenos comerciantes das periferias da cidade, uma verdadeira máfia.

Aos poucos, fui mudando os negócios. Quando ele ainda era vivo, sugeri que abrisse clubes legais, para podermos lavar o dinheiro dos negócios ilegais e ele aceitou.

Agora, tenho vários clubes de diversos tipos. Todos legalizados e sem explorações indevidas. Acabei com a máfia de cobrança de segurança e o comércio de menores. Mas o tráfico e exploração de meninas para a prostituição, está muito enraizada em várias frentes e direções e os líderes dessas frentes, não querem perder o lucro fácil e estam assumindo os pontos que fechei.

Há um ano, algo estranho começou a acontecer, o capital desses grupos ilegais foi minando aos poucos e ninguém sabe como? O dinheiro simplesmente sumiu sem deixar rastro algum. Demoramos a perceber, porque o montante só surgiu no final do ano, com o balanço geral anual.

Os líderes mafiosos mundiais, estavam loucos com isso, preocupados que começassem a sumir quantias maiores, que os levassem à falência, o que acho muito difícil.

Como se não bastasse essa confusão, me relataram que outro grupo, vendo que paramos a exploração na periferia, aproveitou e assumiu os negócios que deixamos e eu não gostei disso.

Não vou virar um justiceiro, mas também não vou deixar que continuem roubando aquele povo. Mas já tenho outro negócio em vista, vou abrir uma firma de segurança.

*

Éridal

Finalmente!

Quando cruzei os portões do internato, depois de dar três passos, respirei fundo, ergui as mãos para o céu e agradeci. Finalmente estou livre, livre para viver minha vida e conhecer o mundo.

Quinze dias atrás, um advogado veio me visitar para informar as decisões de meu noivo. Sairia dali direto para a faculdade que eu escolhesse, pois com minhas notas, seria fácil uma vaga. Teria um apartamento, cartão de crédito e débito, com capital disponível para o que eu precisasse e quisesse e poderia escolher uma acompanhante.

Eu resolvi levar minha professora e amiga de minha mãe. Escolhi a faculdade de moda e achei ótimo não precisar ver ou estar com meu noivo. Sabia tudo sobre ele, inclusive que havia mudado muitas coisas ilegais que seu avô fazia. Isso não mudava o fato de que fui vendida e comprada.