Era uma guerra, O Nascimento da Décima Lei. Um evento que colocou medo até numa entidade separada do evento contínuo da história.
O Paradoxo por si só se sentiu ameaçado por esse nascimento abominável à ordem natural. Um evento 'novo' na história já determinada por Tempo e Destino.
Nem mesmo Acaso, ou todas as Leis sob a influência da Lei Primordial, Caos, poderiam alterar a 'história'.
O pior de tudo, ele tinha uma tarefa a cumprir para garantir a concretização desse evento.
Em um ponto esquecido do espaço, nas chamadas Zonas Mortas, uma entidade sem forma assumiu um corpo humanóide com uma cartola e bengala de cor preta, combinando com seu corpo.
Ele caminhou no vácuo como uma nuvem sob as brisas do vento até chegar em frente a um gato enigmático com padrão simétrico em preto e branco. A Pessoa se ajoelhou e se comunicou com o gato.
— Apóstolo da Lei do Carma, Sorte, por favor, poderia fazer uma barganha comigo? — perguntou educadamente.
O gato antes quieto abriu os olhos, um preto e um branco, e questionou — Por quê faria eu contrato com alguém sem destino?
— Engana-se se eu pareço não ter um, afinal, tenho todos que são importantes para o contínuo da história através do tempo universal.
— Ah! — o gato exclamou em entendimento, — a criança perdida do Apóstolo da Lei do Tempo.
— Que barganha?
— Permita que a entidade que ameaça despertar as Leis Primordiais, avance com sucesso para o status de Lei dos Dez.
Um silêncio antes perturbado agora voltou com a consideração do Apóstolo de Carma.
— Engraçado você vir aqui me pedir isto.
— Por quê? — o comentário de Sorte não lhe fazia muito sentido.
— Porque, para alguém que está mais acorrentado à história que o próprio Tempo, é irônico você pedir o mesmo pedido de quem você deseja sucesso. — explicou o gato deixando a sombra perplexa por instantes.
— Ele veio até você?
— Sim, mas se apresse. Farei o necessário, e nada mais. — Disse o gato solenemente.
— ... Agradeço. — respondeu a Pessoa nervosamente, um imprevisto já foi feito sem seu conhecimento. Mas nada importava até a tarefa ser cumprida.
Seu corpo navegou pelo espaço em velocidades acima da luz, viajando entre os Reinos do universo. Sua alma desejava chegar a um lugar, para um encontro inesperado, mas a essa altura, inevitável.
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No Além-do-Ciente, no espaço de um sistema estelar, uma estrutura magnífica se revelava como uma torre de diferentes andares e símbolos, runas, pulsando em diferentes intenções e funções.
Em seu centro havia círculos inscritos em círculos com linhas circunscritas em seus interiores montando uma formação simétrica e complexa. No âmago de tal Constructo, uma alma flamejante com dois olhos brilhantes, cada um com duas linhas descendo de seus olhos até seu peito.
Ambos sentiram a presença um do outro como conhecidos de muito tempo, e foram ao encontro.
— Então, você foi amaldiçoado com a imortalidade enquanto mortal. — disse a figura enigmática para a alma, que lhe respondeu, — E você um Paradoxo, algo que existe, ao mesmo tempo que não devia na história.
— Realmente, quanto tempo faz desde que me achou?
— Setecentos mil anos e cinco meses... empático de você perguntar isso.
— Sinto as mudanças dessa era, o futuro ficou incerto apesar da "autoridade" das Leis e sei que você percebeu também, Joseph, o Anjo Estelar.
Joseph ficou em silêncio por um momento, olhou para o 'céu' naquele Reino e suspirou, — Ele é uma anomalia por si só, isso eu notei. Mas não acho que ele seja o único problema para o balanço das coisas.
— Ele se separou, em essência. — disse Joseph, e a sombra teve uma reação em muito tempo. Surpresa.
— Você diz...
— Uma parte dele, ainda está neste planeta. — explicou ele ao apontar para o planeta habitável no sistema com dois satélites. Molkrevor.
Em silêncio, a Pessoa só pôde acenar em respeito como despedida com uma mão no chapéu.
— Que sua jornada traga frutos para um possível futuro.
Com isso, a Pessoa se retirou, sumindo aos poucos na escuridão do espaço afim de cumprir outra tarefa nesta linha temporal.