Num ponto convergente do cosmos, a Pessoa em sua aparência enigmática olhava para a brecha debaixo de si.
Uma fenda no espaço grande o bastante para 'caber' uma galáxia, guardava duas paisagens claras para todas as entidades do universo. Dois Reinos antes selados do Reino material, agora estavam expostos.
O Absimo, com as tempestades do mar abissal e sua escuridão abrangente, e o Além-do-Ciente, com sua espectralidade e formas abstratas desuniformes com o espaço material, convergiam naquela fenda por meio de uma entidade antropomórfica que ganhava forma.
Uma sombra emergindo e se expandindo do Abismo e subindo os "degraus" do Além-do-Ciente para o mundo material movia a energia do universo para si, se integrando a própria "essência" do espaço.
A Décima Lei, ou a coisa tentando se tornar o Soberano dos Reinos se revelava entre os tecidos da realidade. Não muito depois 6 novas entidades se formaram presentes ao redor da fenda, tão grandes quanto fenômenos cósmicos feitos da própria essência do universo.
As 6 Leis olhavam em descontentamento para a entidade antropomórfica que ameaçava a "ordem existencial". Todos, seja a nuvem cósmica de 'veias' escuras do fim, Morte, a árvore encoberta com os galhos encurvados, Vida, a torre que tecia os caminhos de tudo e todos em correntes, Destino, aquela que profanava a ordem com tolice e artifícios, Acaso, o ditador do cosmos em seu esplendor mecânico e rústico sempre nas quatro dimensões, Tempo, e o ciclo da neutralidade, a sombra na luz e a mesma na sombra, Carma.
Todos "apontavam" suas "mãos" para a figura afim de impedi-la de causar mais discórdia e despertar os adormecidos Primordiais.
No entanto a Pessoa, que olhava tudo de cima como um espectador, resolveu apontar seu dedo para a fenda, e com formações arcaicas e tão enigmáticas quanto sua existência que se formavam entre os Reinos como a fenda, fez o impensável.
De repente, uma "cortina" envolveu a fenda, isolando as "figuras" das 6 Leis da coisa.
Eles 'olharam' em silenciosa ira para o acobertando do insolente ser que avançava em seus planos de existência. Algo que nunca deveria ser possível.
Essa ação improvável também foi auxiliada por um gato que se fez presente atrás da Pessoa.
— Sua existência excede a Autoridade de qualquer entidade nesse universo. — comentou Sorte a pessoa.
Ambos olharam para as 'imagens' das Leis, suas formas abstratas expostas para confrontar a nascente Lei dos Dez.
— Mas isso custa "minha" "Liberdade". Caso isso sequer exista. — comentou silenciosamente, como se ninguém o visse.
— Então por que está aqui? Não é como se as coisas estivessem fora de rumo. Do inevitável, eu vejo isso sabia.
Antes das Leis descobrirem a presença evasiva dos dois, a Pessoa respondeu, — Pois este é meu dever.
A Pessoa saiu ao se dispersar no espaço, e o gato salteou até as diminutivos estrelas dos conglomerados galáticos. Nenhum vestígios se não a presença opressora e continuamente caótica das Leis presentes se fazia no local.
Foi nesse 'silêncio' que um grito ecoou dos confins dos Reinos, escapando da 'cortina' para o Reino material. Um grito de dor e cheio de agonia.
A Lei dos Dez estava falhando em se tornar uma Lei, e sua dificuldade somada das repercussões de sua presença na 'matéria' do cosmos ameaçava a existência de todos.
Pois com o desequilíbrio,
Caos despertará, e todas as coisas entrarão numa era de desordem,
E com Caos desperto, Ordem se erguerá atrás com o reinício do universo,
Colocando todas as coisas em seus devidos lugares.