Garfon entendeu o significado de suas palavras. Com um franzir de testa, ele perguntou hesitante. "Sua solução arrisca a vida das pessoas?"
Senhor Ian deu uma risada. "Estou aqui para dar uma solução para salvar vidas, pagar uma vida por outra certamente não é uma solução, Garfon."
Vendo quão tensa estava a atmosfera entre as duas pessoas, Oliver tomou as rédeas da conversa novamente como intermediário. Ele levantou a mão, fazendo um sinal para que o Senhor Garfon se acalmasse de sua raiva inútil. "Por favor, se você tem uma solução, Senhor Ian, discuta-a conosco."
Ian se reclinou na cadeira. "É simples, feiticeiro trabalha para proteger a cidade mas eles são muito fracos porque em termos de poder, o que um humano poderia fazer frente a uma fera mítica?"
Oliver e alguns dos membros da igreja compreenderam o sentido da pergunta de Ian e suas expressões ficaram sombrias. Alex virou seus olhos arregalados para Ian, exclamando. "Você quer dizer?"
"Você está certo." Ian sorriu. "Se um humano não pode derrotar a fera mítica, quem além de seres míticos poderia vencê-las?"
Senhor Garfon levantou-se de sua cadeira com o rosto avermelhado de uma onda de raiva que lhe veio à mente. "Que presunção! Está sugerindo que eu permita acesso para seres míticos a Runalia?!"
Oliver levantou a mão novamente, dando um alerta imediato a Garfon. "Por favor, abaixe seu volume e se acalme, Senhor Garfon."
Externar sua raiva na reunião só arruinaria sua imagem, assim, Senhor Garfon resmungou alto enquanto voltava a se sentar. Seu rosto ainda estava enfurecido com a solução de Ian. De maneira alguma Runalia desejaria abrir seus portões para seres míticos. O ódio e o medo deles corriam fundo em seu sangue, abrir o acesso é quase impossível. Os membros da Igreja também entenderam o que Ian quis dizer com as consequências de sua solução. Se os cidadãos de Runalia soubessem que seu Senhor permitiria a entrada de seres míticos em suas terras, um caos aconteceria. Mas se eles quisessem salvar as vidas dos cidadãos de Runalia, deixar seres míticos entrarem para lutar com as feras é a escolha certa.
Entretanto, Garfon não concordava com a solução de jeito nenhum e não tinha intenção alguma de concordar com ela. Aos seus olhos, ele só podia suspeitar que Ian estava mirando nele para deixar seres míticos entrarem em suas terras e conquistá-la para si mesmo. Ele apertou a mão e a bateu contra a mesa novamente. "Eu objeção a essa solução! Nunca concordarei com abrir acesso para seres míticos a Runalia!"
Ethan tamborilou seus dedos, virou a cabeça e disse preguiçosamente. "Não seja tão cabeça quente, Senhor Garfon. Essa solução só funciona se quisermos entrar em Runalia e trabalhar com você. Porém, ninguém aqui está planejando entrar em Runalia com o quanto de ódio eles nos mostraram." O silêncio voltou após as palavras sarcásticas de Ethan. Os membros da igreja continuaram a discutir entre si, mantendo seus pensamentos sobre o assunto.
"Devemos manter uma nota sobre a solução do Senhor Ian, mas por ora, buscaremos outras soluções. Alguém tem alguma outra escolha?"
Os outros olharam uns para os outros, para a esquerda e para a direita, e a maioria balançou a cabeça negativamente. Vendo que ninguém tinha solução, um suspiro escapou dos lábios de Oliver e Alex. Devido à noite já ter se tornado negra como tinta, eles encerraram a discussão do dia.
"Uma futura reunião será realizada novamente sobre este assunto, muito obrigado pela cooperação, meus Lordes." Ruhan despediu a todos. As pessoas entravam e saíam apressadas. Enquanto os outros Lordes, exceto o humano, discutiam sobre o assunto e trocavam suas próprias ideias, Ian se levantou de sua cadeira. Agora que concluiu sua questão, ele não tinha mais negócios ali e estava prestes a ir para casa. Ruhan e Kyle, o ancião da igreja, avistaram Ian perto da escada e o chamaram. "Senhor Ian."
Ian virou seu rosto e passou seus olhos vermelhos pelos dois homens. Finalmente, ele pensou consigo mesmo. "O que é, Ruhan, Kyle? Ainda há algo que vocês querem discutir?"
Ruhan tentou ler o rosto de Ian e, como sempre, o homem tinha uma expressão cheia de sorrisos. Poderia-se dizer que seu sorriso era gentil, ou talvez sedutor, ou para algumas pessoas, intoxicantemente cheio de ridicularização. Ele podia adivinhar que Ian tinha compreendido vagamente o que ele ia abordar, mas ele transmitia sua expressão inocente de uma maneira tão impecável que até ele quase acreditou que Ian realmente não entendia o que eles iriam discutir.
Com um suspiro, Kyle falou brevemente. "É sobre a Senhorita Elise Scott."
"Continue." Ian ordenou.
Kyle soltou seu fôlego três vezes, dizendo, "Como a Senhorita Elise Scott está agora sob a proteção de sua casa e devido ao fato de que ela agora é uma adulta, nós, a igreja, não temos nada a dizer sobre sua decisão. Quer ela escolha onde morar ou em quem confiar. No entanto, por favor, saiba que ela também está sob a proteção da Igreja. Se ela mudar sua escolha, por favor, deixe-a fazer o que desejar-
Kyle não havia terminado suas palavras quando ouviu Ian irromper em uma nuvem de risadas suaves. Antes que Kyle e Ruhan pudessem perguntar do que ele estava rindo, ele levantou a mão. "Aqui estava eu, pensando no que vocês iriam discutir ao trazerem o meu filhote. Vocês não precisam me perguntar isso. Desde o início, estou planejando fazer isso. Bem, se não têm mais nada a dizer, vou me desculpar agora. Boa noite."
Como um vento, ele deixou o local, deixando Kyle a suspirar novamente. Ruhan sabia como deve ter sido frustrante ser o intermediário de Ian. Ele virou a cabeça e falou. "Você não precisa se preocupar tanto, Kyle. Pelo que vi, não parece que o Senhor está planejando fazer algo usando a doce criança."
"Eu espero que não." Kyle reclamou, "Aquele homem não é nada normal e o que passa em sua mente, ninguém além de Deus poderia adivinhar. Mesmo que ele não planeje usar a Senhorita Elise para seus planos, temo que algo aconteça entre eles."
"Com isso você quer dizer, se eles tiverem um relacionamento? Mesmo que eles tenham um relacionamento, qual seria o problema?"
Kyle virou-se de costas, balançando a cabeça sem dar uma resposta verbal, apenas para exprimir um murmúrio de frase. "Tudo é errado porque, a doce criança está amaldiçoada." E essa maldição mortal poderia levar até mesmo ao fim do Império. Pensamentos passavam por sua mente, fazendo cada ruga em seu rosto ficar séria.