Um dia após a cerimônia de noivado entre as Casas Reais de Cromwell e Ilven, os convidados representando todos os outros reinos estavam se preparando para partir da capital de Abetha.
Como seu Príncipe Herdeiro e o filho mais velho da Família Cromwell, Arlan era o chefe dos delegados de Griven. Claro, já que fora ele quem os convidou, também assumira pessoalmente a responsabilidade de liderar os convidados de Megaris.
Naquela mesma manhã, ele foi bater à porta do quarto de seu amigo temperamental. Quando abriu a porta, encontrou Drayce limpando sua espada. "Após esta visita de cortesia ao Rei Armen, partiremos. Seu ajudante informou seus homens?"
"Eu gostaria de ficar aqui por mais um dia," Drayce respondeu como se fosse a coisa mais natural do mundo.
Arlan começou a sentir uma dor de cabeça. Ele deveria ter previsto isso. "Eu já te contei tudo o que você queria saber. Então, qual a necessidade de ficar aqui?"
"O Rei Armen pode querer nossa ajuda em breve," Drayce respondeu.
Suas palavras assustaram Arlan. "O que você quer dizer?"
"Você saberá em breve," Drayce respondeu, enquanto colocava sua espada de volta na bainha presa ao redor de sua cintura e estava pronto para sair.
"O que você está tramando?" Arlan perguntou, seguindo seu amigo para fora do quarto.
"Por agora, estou com vontade de verificar alguns fatos que você me contou na noite passada," Drayce respondeu, seus olhos vermelhos cintilando com determinação.
"É por isso que...." Arlan só podia suspirar e balançar a cabeça.
Drayce olhou para ele com um leve sorriso zombeteiro nos lábios, aproveitando totalmente o incômodo de seu amigo certinho.
Arlan notou esse sorriso e revirou os olhos. "É por isso que eu não queria te contar nada. Você e seu maldito cérebro curioso. Pelo menos poupe a bruxa."
"Mas ela é uma coisa interessante," Drayce comentou.
Até o momento em que os dois chegaram ao salão real de Abetha, todos os convidados dos outros reinos já estavam presentes. Eles eram os últimos a chegar.
Como era apenas uma visita de cortesia, o ambiente estava relaxado e todos estavam se despedindo com bons votos. Quando chegou a vez de Drayce falar com o Rei Armen, ele se levantou diante do trono e disse: "Eu gostaria de desfrutar da hospitalidade de Abetha por mais alguns dias. Esta é minha primeira visita ao seu reino e ainda desejo aproveitar plenamente a beleza de sua cidade."
Seu anúncio surpreendeu o Rei Armen, mas ele se controlou para não mostrar sua curiosidade no rosto. "É uma honra para nós hospedar o Rei de Megaris e fortalecer a amizade entre nossos reinos."
A Rainha Niobe também se surpreendeu com essa reviravolta, mas não mostrou quão feliz estava por dentro. Manter o Rei de Megaris dentro da capital combinava bem com os planos que tinha em mente.
Por outro lado, apesar do Rei Armen ser generoso em aceitar seu pedido, no fundo de seu coração, ele estava preocupado com a situação.
Ele sabia por que o filho do diabo pediu para ficar.
Estava evidente que o Rei de Megaris deveria ter ouvido falar sobre sua filha e o fato de ela ser uma bruxa. Com Martha ausente, o Rei Armen tinha que manter uma vigilância apertada sobre esse curioso jovem rei. Ele estava certo de que esse jovem certamente encontraria maneiras de ir àquela torre e fazer uma visita a Seren.
De pé diante do trono, Drayce podia ver que o Rei Armen não estava sendo sincero em suas palavras. Ele lançou uma armadilha de culpa ao Rei de Abetha para calá-lo sobre sua insatisfação com a estada prolongada em Abetha.
"O Reino de Megaris agradece por sua generosidade, Rei Armen. Meus soldados ainda estão feridos graças à interessante recepção de Abetha, e não seria bom para eles viajarem tão longe nessas condições. Tenho certeza que estes dias de recuperação serão realmente bons para o bem-estar deles."
Com tal desculpa, o Rei Armen não tinha mais o que dizer.
Arlan só podia lançar um olhar fulminante para seu amigo. 'Confie nele para não perder nenhuma chance de fazer os outros se sentirem culpados por nada.'
"Garantiremos que os soldados de Megaris recebam o melhor tratamento para que possam se recuperar rapidamente. Vou designar os médicos reais para cuidar deles," informou o Rei Armen.
"Até lá, espero que Abetha não se incomode com nossa presença," disse Drayce calmamente, mas seus olhos diziam o contrário. Aqueles olhos vermelhos eram um par de olhos intimidadores e imponentes que nunca poderiam ser suaves ou calmos.
"Claro que não." O Rei Armen manteve o mesmo sorriso educado. "Por favor, sinta-se em casa."
"Muito obrigado, Rei de Abetha. Meu amigo, Príncipe Arlan, também aproveitará sua generosidade," Drayce informou, ignorando o olhar fulminante de seu amigo que perfurava a parte de trás de sua cabeça.
O Rei Armen sentiu-se aliviado ao saber que o Rei Drayce não ficaria sozinho. Ele confiava que o Príncipe Arlan certamente faria o seu melhor para impedir seu amigo se ele tivesse algo mal-intencionado em mente.
O homem mais velho olhou para Arlan. "Espero que o Príncipe Arlan não se importe em ficar aqui para ajudar a entreter seu amigo."
O verdadeiro significado dessas palavras era claro para Arlan, e ele se curvou levemente. "Farei o meu melhor, Vossa Majestade."
Drayce também estava ciente do que a troca significava e só podia sorrir sobre isso.
Uma vez que os dois amigos saíram do salão real, Drayce instruiu Arlan. "Preciso do mapa deste palácio."
"Para quê?"
"Devo saber onde estou em caso de qualquer ameaça."
Arlan riu da desculpa. "Quem se atreveria a te machucar?"
Drayce olhou para seu amigo como se ele fosse um idiota. "Eles já não se atreveram?"
Arlan lembrou-se do ataque a seu amigo nas cadeias de montanhas na fronteira de Abetha. Muitas perguntas permaneciam sem resposta, pois a investigação sobre o incidente ainda estava em andamento. A única coisa de que estavam certos era que outra parte se fez passar por soldados abetanos.
Drayce sabia o que seu amigo estava pensando. "Você pode guardar essas perguntas para si. Por ora, faça o que eu disse."
"Não é ético pedir um mapa deste palácio, especialmente porque afeta a segurança da Casa Real de Ilven. Mesmo que eu peça, tenho que pedir secretamente," Arlan disse, impotente.
"Não sou um devoto do caminho ético, e é suposto ser secreto, por isso que te pedi," disse Drayce, enquanto os dois saíam para um espaço aberto fora do palácio principal. Como era a região central dos terrenos do palácio, os dois tinham uma visão perfeita de todo o Palácio Real de Abetha.
Drayce olhou ao redor, apenas para parar seu olhar na torre onde morava a Terceira Princesa. "Exceto por aquela torre secreta, eu posso desenhar o mapa inteiro do palácio em minha mente. Se eu for lá, posso poupar você do trabalho de conseguir um mapa secretamente."
"Nem pense nisso. Eu vou pegar para você. Só espero que você não planeje nada contra Abetha."
"Fique tranquilo. Tenho coisas mais importantes a fazer," Drayce respondeu, seus olhos ainda fixados naquela torre.
Quaisquer que fossem essas 'coisas importantes', Arlan só podia sacudir a cabeça, ciente de que seu amigo não desistiria até conseguir o que queria. Tudo que ele podia fazer era desejar boa sorte a Abetha.
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