~ ZEV ~
Zev tinha uma vantagem sobre o homem-cabra, mas ambos eram largos e fortes.
Mas Zev era um predador.
"Você entra em Tana novamente sem permissão," disse Dunken suavemente, "trazendo uma fêmea humana fraca. Você não poderia ter feito uma escolha que provocasse mais as chances de lançar os clãs em batalha."
Zev balançou a cabeça. "Não haverá batalha. Ela é minha."
Dunken soltou outro resmungo. "Ah, você está muito mal informado, irmão," disse ele.
Alívio.
Zev relaxou e finalmente se permitiu rir. "Irmão? O que foi todo aquele papo de guerra e batalha? Você me assustou!"
O brilho penetrante nos olhos de Dunken não se apagou, mas ele apertou o braço de Zev e se inclinou para abraçar seu velho amigo, ambos batendo nas costas um do outro.
Ele não deixou de notar, porém, como as narinas de Dunken se alargaram novamente quando estavam se separando.
"Seu idiota," disse seu velho amigo, balançando a cabeça. "Eu não estava brincando sobre batalha. Trazer uma fêmea para essa bagunça agora é capaz de incendiar a montanha inteira. Ainda mais uma tão—" Dunken se interrompeu quando Zev lhe lançou um olhar de aviso.
Dunken pigarreou e olhou para Sasha, escolhendo cuidadosamente suas palavras. "Ainda mais uma tão… acessível," ele disse tensamente.
Zev grunhiu.
Como uma fêmea humana, Sasha era considerada uma linhagem fraca. Mas se os Quimera estivessem com escassez de fêmeas, ela ainda seria desejada. E sendo fisicamente pequena e fraca significava que um número maior de machos acreditaria ser adequado para acasalar com ela.
Ele queria morder algo só de pensar nisso.
"Eu te disse, ela é minha."
"Isso ainda está para ser visto," rosnou Dunken.
"Uh, na verdade, eu acredito que não pertenço a ninguém," disse Sasha, sua voz afiada. Ela cruzou os braços enquanto Zev balançava a cabeça, tentando alertá-la. Mas ela estava ocupada demais desafiando os dois para entender que suas palavras tinham um significado muito, muito maior neste mundo do que no dela. "Eu tomo minhas próprias decisões sobre a quem, ou a quê, pertenço. Então vocês dois podem ir para o inferno."
Dunken voltou-se para Zev e levantou uma sobrancelha. "Viu? Bagunça. Batalha. Eu te disse."
Zev rosnou e fechou os olhos por um momento. "Ela não percebe o que está dizendo. Ela nunca esteve ao redor de Quimeras antes."
"Bem, é melhor ela descobrir logo," disse Dunken, "Ou eu vou desafiá-la e chutar sua bunda até o rio."
Zev se forçou a sorrir, mas seu lábio superior queria se erguer e seus dentes queriam estalar.
Sasha acabou de abrir a boca—provavelmente para dar uma lição a Dunken sobre falar diretamente com ela, ao invés de sobre ela na presença dela—quando ele se virou e fez uma reverência exagerada, balançando a cabeça para lá e para cá como se sacudisse seus chifres na cara dela.
Zev se irritou.
"Seja bem-vinda aqui, uh...?" Dunken se endireitou e sorriu, com uma sobrancelha levantada em sinal de interrogação.
"Sasha," ela disse cuidadosamente, obviamente incerta se ele estava zombando dela. Ela olhou para Zev, que apenas revirou os olhos, mas seu estômago estava se retorcendo.
A cabeça de Dunken virou-se rapidamente para Zev ao ouvir o nome dela. "Sasha? A Sasha?"
Zev assentiu. "Eu te disse."
"Claramente não o suficiente!" Dunken estalou, mas ao se virar para Sasha, foi com um sorriso tranquilo e estendendo a mão na tradição dos humanos. "É um prazer conhecê-la, Sasha. Eu ouvi muitas, muitas coisas sobre você."
Ela apertou sua mão, mas estava visivelmente desequilibrada, olhando entre ele e Zev. "Todas coisas boas, eu espero?" ela disse.
"Sim," disse Dunken, e então mostrou um sorriso largo. "Embora ele nunca tenha feito justiça à sua beleza. Que vergonha, Zev. Nós poderíamos ter lutado mais para tê-la de volta se soubéssemos."
Zev bufou e Yhet, que estava atrás de Sasha, deu outro sorriso congelado.
Ele sempre achou os humanos comicamente pouco atraentes, já que as fêmeas sasquatch tinham costeletas e eram apenas marginalmente menores do que seus companheiros masculinos. E sua companheira tinha sido, segundo todos os relatos, uma beleza entre seu povo.
"Uh… obrigada?" disse Sasha. Zev suspirou. Ela não estava preparada para isso. Ele precisava de um tempo com ela, para explicar… tudo.
"Xar sabe que você está aqui?" Dunken disse um momento depois, voltando-se para Zev.
"Não. Eu não sabia com antecedência que viríamos."
Dunken assobiou. "Você realmente quer começar algo."
"Não, eu não quero," disse Zev firmemente. "Mas não havia outro lugar para onde eu pudesse levá-la e ter certeza de que ela estaria segura."
"Ah, ela estará segura," disse Dunken secamente. "É você que me preocupa."
Zev lançou-lhe um olhar, mas o macho apenas sorriu. Até que Sasha se virou contra os dois. "Ok, o que diabos está acontecendo? O que eles vão fazer com você, Zev?" ela perguntou, sua voz muito alta novamente. "O que você não está me contando? Eu pensei que este lugar fosse seguro."
"Peço desculpas se fui pouco claro," disse Dunken antes que Zev pudesse responder. Ele lançou um olhar irritado para o macho, mas Dunken o ignorou. "Sasha, você não precisa temer pela sua segurança em Tana. As fêmeas aqui são valorizadas. Todo macho no clã, tenha ele uma chance de acasalar com você ou não, garantirá que você esteja segura. Não se preocupe."
Zev se contorceu.
"Acasalar comigo?" gritou Sasha. "O que diabos você está falando? Eu não estou aqui para… acasalar com ninguém!"
Dunken lançou um olhar para Zev, mas seu tom era suave, embora firme. "Eu receio que em Tana você não terá escolha, Sasha. A sobrevivência dos Quimera depende disso."