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Chapter 8 - A FERA DENTRO DELE (2)

Claro que eu lutaria. Ah, eu lutaria sim. Melhor destruir tudo do que entregá-la.

-Vladimir Nabokov, Lolita-

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As últimas palavras de Rafael pareciam afundar no sentir de Torak enquanto ele olhava para a expressão da sua parceira. Suas sobrancelhas franzidas e ela mordia os lábios trêmulos, enquanto seus olhos de obsidiana o encaravam de volta, afogados de medo.

Ele fechou os olhos, lutando contra seu lobo por controle e venceu a luta interna.

A mandíbula de Torak apertou-se fortemente, ele gostava quando as outras criaturas o temiam, isso de alguma forma dava a ele uma sensação de controle e todos os Licantropos e lobisomens adoravam estar no controle. Mas quando sua parceira o olhava com algum tipo de medo, ele sentia um impulso de estrangular qualquer coisa que ousasse assustá-la, infelizmente era ele mesmo.

Ele não acreditava, centenas de anos atrás, ele havia dito que teria quebrado sua parceira ao meio quando a encontrasse.

E agora, no primeiro momento em que ele a sentiu, ele estava completamente e desesperadamente com esse desejo indescritivelmente forte de protegê-la de qualquer coisa.

Essa estúpida ligação de companheiro!

Torak abriu seus olhos azul-oceano.

Os olhos de Raine se arregalaram e seus lábios se abriram de choque. Ela tinha certeza de que um minuto atrás os olhos do homem eram pretos, não azuis. Mas, agora, o par de olhos que a encarava de volta, tinha se transformado nessa bela cor azul, que poderia afogá-la em questão de segundos.

Ela encarou seus olhos por um instante antes de perceber que o aperto dele em seu corpo havia afrouxado. Ela usou essa oportunidade para escapar, no entanto, não era rápida e forte o suficiente para empurrá-lo para o lado.

Resultando em nada além de cair de volta em seus braços novamente. "Não tenha medo, eu não vou machucar você." Ele disse em um tom como se estivesse implorando.

Sua voz acalmou seus ouvidos e por um momento, de alguma forma, ela acreditou nele. Havia esse sentimento estranho de formigamento, como se houvesse borboletas em seu estômago. Raine parou de lutar à medida que sentia seus fortes braços a segurando firmemente.

Mas, o medo ainda estava lá, seu corpo estava tremendo.

Rafael caminhou mais perto deles, abriu o segundo guarda-chuva e o segurou acima de Torak e Raine.

"É ela?" Rafael perguntou suavemente.

"Sim, minha." Torak respondeu com um suspiro de alívio e orgulho.

Ele afastou seu cabelo úmido para ter um melhor acesso para olhar seu rosto. A garota em seus braços tinha um belo par de olhos de obsidiana. Esses olhos estavam o evitando. Ela mordia seu lábio inferior nervosamente, o que fez com que ele puxasse seu queixo e libertasse seus lábios, sua pele era tão pálida como se a luz do sol nunca tivesse conseguido alcançá-la.

Seu corpo era tão pequeno, mas tão certo em seus braços. Não seria exagero se ele dissesse que era mais do que capaz de quebrá-la ao meio em questão de segundos. No entanto, até mesmo a ideia de machucá-la era um pesadelo terrível para ele agora.

"Raine o que você está fazendo aí? Cadê o remédio?"

Uma voz familiar fez Raine voltar a si. Ela virou seu corpo e viu Madam Anne, a enfermeira-chefe do orfanato, estava parada atrás da grade de ferro do portão. Seus dedos gordos trabalhavam na fechadura enquanto sua outra mão segurava um guarda-chuva amarelo.

Nesse momento, a chuva havia se intensificado e se transformado em tempestade e nenhum dos quatro estava em boa forma sob o vento forte.

"O que vocês estão fazendo cavalheiros?" Madam Anne lançou um olhar de raiva para Torak que ainda segurava Raine em seus braços. "Solte-a!" Ela exigiu.

A garota mais uma vez moveu seu corpo para se libertar, mas Torak se recusou a deixá-la ir.

"Torak, você precisa soltá-la." Rafael sussurrou e ele jurou que por um momento os olhos de Torak cintilaram em vermelho antes de voltarem a ficar azuis. Sobressaltado, ele acrescentou apressadamente. "Ela está molhada e com frio, ela ficará doente se ficarmos mais tempo aqui."

Rafael puxou sua gravata nervosamente, olhos vermelhos para um licantropo não eram um bom sinal, podia significar que o lobo por dentro estava furioso por causa de sua sugestão de deixá-la ir.

Torak olhou para Raine e só agora ele percebeu a condição precária dela. "Nós a levaremos conosco." Ele disse sucintamente.

"Não, não podemos fazer dessa maneira." Rafael balançou a cabeça. "Isso não é seu território Torak, você não pode fazer o que bem entender. Provavelmente, ela ainda tem família aqui..."

"Pelo amor de Deus Raph, ela é uma órfã!" Torak rosnou. "E sim! Eu posso fazer o que eu bem entender, não dou a mínima para quem está no comando aqui! Eles podem reclamar depois que eu levar minha parceira comigo!"