Chapter 35 - Capítulo 33

Olá, leitores!

Este é um capítulo bem especial e, acredito, muito esperado por vocês. Por isso, gostaria de trazer para vocês um bônus que talvez criará uma memória afetiva sobre a história da Lettie a partir de hoje.

Por influência da minha mãe, cresci ouvindo as músicas de uma cantora e compositora chamada Enya. Suas músicas são majestosas, etéreas e super relaxantes. Então, esses dias atrás, enquanto eu escutava uma sequência de músicas dela, me dei conta do quanto o estilo das músicas da Enya se encaixa na personalidade da Lettie, e pasmem!, a aparência da própria cantora é bastante similar a da Lettie: cabelos curtos pretos e olhos claros.

Por isso, gostaria de sugerir que você lesse este capítulo escutando uma de suas melhores composições, chamada "Watermark". Pode deixar em looping.

Recomendo que vocês escutem outras músicas da Enya, pois ela é uma artista fenomenal. Ela é simplesmente uma das cantoras da trilha sonora de Senhor dos Anéis, então não é pouca coisa. Aqui vai uma lista de outras músicas dela que me fazem lembrar da nossa querida Lettie: "Fallen Embers", "Sumiregusa", "A Day Without Rain", "May It Be", "Storms in Africa".

Dito tudo isso, boa leitura!

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LETTIE

Acordei com uma leve dor no corpo. 

Onde eu estava? O que tinha acontecido comigo?

Devagar, sentei. Ao passar minhas mãos na superfície lisa abaixo de mim, me dei conta de que eu estava deitada numa cama, dentro de um quarto. A cama era bem grande, coberta por lençóis macios de seda roxos.

Atordoada, mirei minhas mãos, estranhando o fato de elas estarem perfeitamente… bem. Não só elas, mas também os meus braços, cabeça, tronco, pernas, pés…

E sobretudo a minha coluna.

Contudo, por alguma razão, ali estava eu. Sã e salva. Sentindo-me inesperadamente mais forte do que antes. Então aquela era a recuperação tão peculiar dos Saiyajins que Goku tanto me falou em nosso Treinamento?

Além disso, ao analisar o meu corpo, também reparei em como o meu uniforme, antes rasgado e aos trapos, agora estava novo em folha.

Logo, encontrei o responsável de tudo aquilo, após percorrer meu olhar ao redor e reparar como o cômodo em que eu estava era espaçoso, com um piso ladrilhado cobrindo o chão.

Piccolo.

Ele estava de pé do outro lado do quarto, que parecia ser uma área de descanso sobre um degrau elevado, olhando o horizonte através das janelas entalhadas na parede em formato de arco e separadas por pilastras brancas.

Cheguei à conclusão de que ele me trouxera até ali para ser curada. Minhas suspeitas foram confirmadas quando avistei uma jarra de Água Sagrada na cabeceira ao lado da cama.

No entanto, ele parecia muito imerso em seus pensamentos, porque, apesar de sua super audição, pareceu não me ouvir sair da cama e caminhar até ele.

— Piccolo? — Chamei-o ao chegar ao lado de um divã na área de descanso.

Ele virou-se para mim, sua silhueta entrecortada pelos raios de sol e mostrando-se surpreso ao me ver. Porém, algo me chamou a atenção.

Piccolo parecia… diferente. Era impressão minha ou… ele estava mais forte e robusto? Sua capa e ombreiras pareciam até maiores. Uma aura cheia de autoridade parecia circundá-lo, exalando um grande poder e…

Uma postura de um verdadeiro líder.

Entretanto, acima de tudo isso, o que mais me surpreendeu foi ver o grande sorriso que ele abriu ao me encontrar ali, parada atrás dele.

— Lettie, meu amor! — Ele delicadamente pegou minhas mãos e me fez sentar no divã, agachando-se à minha frente. — Desculpe-me. Eu estava distraído. Como você está? Sente-se melhor? Está com dores?

Nenhuma de suas perguntas chegaram no meu cérebro, porque a única coisa que ouvi foi: "Lettie, meu amor!".

Eu… Eu ouvi direito? Piccolo me chamou de… "meu amor"?

O que raios aconteceu enquanto estive desmaiada?!?!

Não consegui dizer nada, tão atônita fiquei. Apenas o encarei de olhos vidrados, muito confusa. O sorriso de Piccolo então se tornou mais ameno, e ele segurou meu rosto.

— Por favor, me responda. — Seu tom era calmo enquanto ele me acariciava. — Você está bem?

Pisquei várias vezes ao sentir o seu toque.

— E-Eu… — gaguejei, sem entender nada. — Estou bem, sim. Só com um pouco de dor no corpo.

— Isso é normal. — Piccolo assegurou com um aceno de cabeça. — Você estava à beira da morte e precisou tomar muita Água Sagrada. Logo você se sentirá restaurada.

Assenti, devagar, ainda fitando aqueles olhos pequenos e intensos, que, por algum motivo, pareciam ainda mais brilhantes.

— O que aconteceu? — questionei, incapaz de me conter mais.

Piccolo suspirou, pesaroso.

— O Androide 20 te atacou e te feriu gravemente. Quando te encontrei, tentei te dar uma Semente dos Deuses, mas você–

Com delicadeza, coloquei minha mão sobre a sua boca, e ele se calou.

— Não estou perguntando sobre isso — eu disse. — Estou perguntando sobre o que aconteceu com você.

Piccolo ergueu as sobrancelhas, surpreso com a minha pergunta, mas logo sua feição deu lugar a um pequeno sorriso compreensivo. Então, ele mais uma vez pegou minhas mãos e as acariciou, fazendo movimentos circulares com os polegares.

— Digamos que tive uma conversa franca com um Amigo.

Seu semblante se iluminou de tal maneira ao dizer aquilo, que não precisei de mais nenhuma explicação.

Eu sabia com quem Piccolo havia conversado, e uma alegria imensa me inundou ao saber que aquela Voz tão suave e meiga que tanto já falou comigo, também falou com ele.

Foi a minha vez de sorrir, e retribuí o carinho em suas mãos.

— Ah, Lettie… — continuou Piccolo, olhando-me com súplica. — Me perdoe! Eu estava errado. Terrivelmente errado! Fiquei com tanto medo de perder você, de perder a nossa família, que fiquei cego.

"Nossa família"…

— Não! — Segurei o seu rosto, meus olhos marejando ao vê-lo ali, naquela posição contrita. — Você não tem culpa de nada! Você estava sendo enganado. — Dei-lhe um meio sorriso, passando as pontas dos dedos na sua bochecha. — É claro que teria sido melhor se você me contasse o que tanto te afligia desde o começo. Mas compreendo o seu lado e, agora, vejo que recebeu o entendimento, e está livre.

Piccolo também sorriu, porém, ainda esboçava um olhar ansioso, e disse:

— Mas eu gostaria de ouvir a resposta da sua boca, Lettie. Você me perdoa?

— Com toda a certeza… — respondi do modo mais doce possível, analisando de perto aqueles olhos que outrora se mostraram tão cansados e abatidos.

Os ombros dele até caíram, tamanho alívio deve ter sentido. Piccolo então me olhou profundamente e colocou a mão atrás da minha nuca, puxando-me devagar para diminuir a distância entre nossos rostos.

Ele então riu baixo e sussurrou:

— Puxa, como foi difícil aguentar todos esses anos sem poder beijá-la.

Em resposta, inclinei-me e dei-lhe um doce selinho.

— Você não precisa mais se conter — sussurrei de volta, e nossos lábios se encontraram outra vez.

Diferente do nosso primeiro beijo, este foi mais calmo. Não havia mais o desespero e urgência de que aquela seria a nossa única ou última chance de fazer algo que desejávamos há eras.

Não, este beijo foi diferente. Lento, passional e intenso.

Piccolo passou a mão pelas minhas costas e me puxou mais, enquanto eu também abraçava o seu pescoço e sentia o seu gosto. Mexíamos nossas cabeças, trocando de lado e experimentando um ao outro. Nosso toque era cheio de carinho e gentileza.

Eu respirava fundo seu cheiro natural; um aroma amadeirado e terroso, com notas herbais e um toque doce, o qual sempre me lembrava a natureza selvagem que vivemos na época do nosso Treinamento contra os Saiyajins.

Nos abraçamos com força, abrindo mais as nossas bocas, carregando aquele beijo com convicção; convicção de que aquele era apenas o começo do nosso relacionamento. As lágrimas que reprimimos por tanto tempo em nossos corações durante os últimos anos finalmente caíram, limpando as nossas almas de qualquer tristeza do passado.

Aos poucos, fomos parando, mas não nos afastamos do nosso abraço. Por um tempo, ficamos apenas tocando o rosto do outro, sentindo a textura de cada um e analisando com detalhes aquilo que tanto queríamos contemplar de perto.

Depois, ficamos trocando selinhos suaves e macios, entre sorrisos e mais sorrisos que não saíam dos nossos lábios, até que Piccolo pegou por trás da minha cabeça e me fez olhá-lo nos olhos.

— Lettie, tenho outro pedido para te fazer além do meu pedido de desculpas.

— Pode falar.

— Casa comigo?

Silêncio.

Uma mancha rosada preencheu as bochechas de Piccolo enquanto ele me olhava com um semblante ansioso. Cobri minha boca para esconder um riso encabulado que deixei escapar, não acreditando no que ouvi.

Mas ele continuou ali, esperando minha resposta.

Quando enfim me dei conta de que meus ouvidos não tinham me enganado, não consegui mais me conter e comecei a chorar.

Chorar de extrema felicidade.

Era nítido o quanto Piccolo segurava o próprio choro, engolindo em seco e pressionando os lábios. Soltei uma risada em meio às minhas lágrimas, pegando seu rosto outra vez, e trocamos mais um selinho.

— SIM! SIM! SIM!!! — exclamei.

O sorriso dele abriu-se ainda mais, e ele limpou uma lágrima que escorreu pelo canto do olho. Então, inclinou-se e beijou a minha testa com ternura.

— Eu deveria ter feito esse pedido quando voltei para a Terra! — Ele então riu, falando do modo mais divertido e descontraído desde o dia em que o conheci: — Ora, essa, Lettie! Por mim, eu me casava com você ainda HOJE! Podemos até passar a noite de núpcias aqui, afinal, este é o meu quarto e–

No segundo seguinte, Piccolo se calou e corou do pescoço até a ponta das orelhas ao se dar conta do que dizia e desviou o olhar, mostrando-se muitíssimo encabulado por externalizar sentimentos tão íntimos, considerando sua personalidade sisuda e fechada. Achei a coisinha mais fofa e engraçada.

Rindo baixo, fiz com que ele me olhasse e entrelacei nossos dedos.

— Eu também gostaria muito de me casar com você hoje. — Pisquei devagar. — Mas ainda precisamos enfrentar os Androides e… — Me empertiguei de repente . — OH! PUXA! Os guerreiros! Gohan! Eles… Eles ficaram lutando contra o Androide 20! Precisamos ajudá-los!!! — E coloquei-me de pé num pulo, enfim dando-me conta da nossa atual situação.

— Acalme-se, amor. — Piccolo me fez sentar de novo. — Faz apenas cerca de uma hora que estamos aqui. Assim que cheguei aqui com você, te deixei com o Sr. Popo para que ele te curasse, e eu e Kami-sama fomos para o jardim lá fora realizar a fusão. Um tempo depois, você acordou, e aqui estamos. Os guerreiros devem estar conseguindo segurar as pontas. Tenho certeza disso.

Epa! Espere aí!

Encarei-o, paralisada.

Ele disse… Fusão?

Quer dizer que… Piccolo e Kami-sama… se fundiram?

Então era por isso que Piccolo parecia tão diferente!

Minha expressão decerto denunciou o meu espanto, pois ele explicou:

— Nossa fusão foi necessária. Eu precisava ficar mais forte para derrotar os Androides e também… — Ele pigarreou, tímido. — E também para conversar com o meu novo Amigo.

Lentamente, assenti, compreensiva.

— Uma pena que não consegui me despedir de Kami-sama… — confessei. — Eu gostava muito dele. Sempre foi muito atencioso comigo e com Naíma.

— Ele disse que sentiria muita falta de vocês — assegurou Piccolo.

Ficamos em silêncio por um momento, relembrando a memória de Kami-sama. Acredito que também foi uma perda e tanto para o Sr. Popo, seu grande e fiel amigo de longa data.

— Não se preocupe com o Sr. Popo — disse Piccolo, o que me deixou meio assustada. (Às vezes, ele parecia ler os meus sentimentos). — Ele agora tem outra pessoa com quem se preocupar.

— O que quer dizer? — Franzi o cenho.

— Você logo verá. — Piccolo então olhou na direção da porta do seu quarto. — Eles chegaram.

Confusa, também virei-me para a porta e, quando ela abriu, revelou a entrada do Sr. Popo com ninguém mais ninguém menos do que Naíma.

— MAMÃE!!! — Ela correu para pular nos meus braços. — QUE BOM QUE VOCÊ ESTÁ BEM!!!

— Hã?? — exclamei, colocando uma chorosa Naíma em meu colo. — Como você veio parar aqui?!

Piccolo abriu a boca para responder, mas foi Naíma quem falou:

— Foi o papai! — Ela abriu um grande sorriso emocionado. — Ele foi me buscar láááá na casa da Tia Chi-chi depois que se fundiu com o vovô!

— É mesmo?! — Encarei Piccolo, incrédula.

— Sim! — continuou Naíma, agora toda animada. — Eu estava lá com a Tia Chi-chi e o Yamcha ajudando a cuidar do Tio Goku. Quando sentimos a plesença do papai, ela abliu a porta. Ele entrou todo pomposo e disse: "Cadê a minha filha??". Bom, é claro que só poderia ser eu! Fiquei tão contente que ele me chamou de filha que corri cholando até ele. O papai então me pegou no colo e avisou a Tia Chi-chi de que me levaria aqui pro Templo pra eu ficar em segulança e me explicou que você ficou dodói e que ele plecisou se fundir com o vovô! Agora, eu tô aqui blincando com o Sr. Popo! Fim!

Fiquei olhando de um para o outro, perplexa. Me surpreendeu o fato de tudo aquilo ter acontecido num curto espaço de apenas uma hora. Piccolo realmente deve ter ficado mais forte para conseguir voar tão rápido da casa de Goku até aqui.

Falando nele, Piccolo ouviu todo o relato de Naíma ainda agachado ao nosso lado, mas suas bochechas estavam coradas. Decerto ainda estava se acostumando a ser chamado de "papai". Que fofo.

— Hã… Eu… — Ele limpou a garganta e ergueu o olhar. — Sr. Popo, muito obrigado por cuidar da Naíma. Pode ir, qualquer coisa te chamo.

— Às ordens, senhor. — O Sr. Popo sorriu, fazendo uma mesura, e deixou o quarto.

Quando ficamos a sós, Naíma virou-se para mim e perguntou:

— Mamãe, os Andloides te machucaram?

— Sim… — Alisei seus longos cabelos. — Me machucaram um pouquinho, mas agora, já estou me sentindo ótima.

Troquei olhares nervosos com Piccolo, sabendo que eu estava longe de ter sido machucada só "um pouquinho" pelos Androides. Se não fosse graças à rapidez dele em me socorrer, a Água Sagrada e os cuidados do Sr. Popo, eu estaria paraplégica agora.

Felizmente, Naíma mudou de assunto:

— Ah, que bom, mamãe! Escutem, agola que posso chamar o Piccolo de papai, isso quer dizer que vocês vão se casar, né? Não aguento mais tanta enrolação! — E fez um bico indignado.

Piccolo e eu não conseguimos evitar rir ao ver aquele cotoco de gente bufando em impaciência por seus pais terem um relacionamento tão complicado. Eu não tirava a razão dela.

— Sim, filha… — respondi. — Iremos nos casar.

— Quando???

— Em breve! — Piccolo ergueu as mãos, demonstrando a mesma empolgação de agora há pouco.

— Oh! — alegrou-se Naíma. — Posso ser a daminha de honra?

— Pode. — Sorri. — Mas, acho que eu não quero uma festa grande. Só uma comemoração simples para a família e os amigos mais próximos.

— Papai, faz um vestido bem bonito pra mim?

— Claro.

— E depois disso — acariciei a bochecha de Naíma —, nós três iremos morar juntos lá em casa. Eu prometo.

— Oba! Eu finalmente vou ganhar um irmãozinho?

— Até dois, se você quiser — replicou Piccolo, e todos rimos.

— Ah! — Os olhinhos de Naíma piscaram e brilharam ao olhar para nós. — Quando eu clescer, também quero me casar com um homem igual o papai! 

— Ora essa! — Piccolo bufou de indignação. — Você ainda é muito nova para pensar nessas coisas, mocinha! Além disso, não há mais Namekuseijins na Terra. Pode tirar o seu cavalinho da chuva! Humph!

— Pior que isso é verdade — concordei com um riso. — Aparentemente, o estoque de Namekuseijins acabou e peguei a última edição especial. — Dei um apertão na bochecha de Piccolo, que não reclamou.

Naíma, porém, ficou devastada:

— O quê?! Não acledito! Mas, eu me lembro de ter conhecido um menino Namekuseijin quando eu era menor. Ele se chamava Dendê, não é mesmo, mamãe?

Antes que eu tivesse a chance de responder, Piccolo inflou-se e retorquiu:

— Isso é um absurdo! Naíma, é IMPOSSÍVEL você se lembrar da existência daquele garoto! Você era apenas uma bebê!

— Mas eu me lembro, sim!

— Ah, pare com esse ciúme bobo, Piccolo — repliquei. — Admita que você adorava o Dendê!

Nós três começamos a bater boca sobre o direito ou não de gostar do menino Namekuseijin, o qual (de acordo com Piccolo) era uma futura ameaça amorosa de Naíma. Foi divertido.

No fim, eu e Naíma ganhamos no argumento de que Dendê era incrível, mas Piccolo ganhou no fato de que, provavelmente, nunca mais o veríamos de novo, visto que agora ele morava em um novo planeta com os demais Namekuseijins.

Infelizmente, o clima agradável deu lugar a um silêncio desconfortável. O medo retornou quando outro assunto mais urgente recaiu sobre nós com uma atmosfera pesada. Naíma então externalizou a pergunta que rondava minha cabeça:

— Vocês acham que vão conseguir derrotar os Andloides? O senhor vai conseguir, não é, papai? Vai vencer, não vai? Está mais forte agora!

Piccolo acariciou a bochecha de Naíma.

— Darei o meu melhor para derrotar este mal e proteger vocês duas. Eu prometo.

Fez-se um silêncio melancólico, então, ele suspirou e me olhou com pesar.

— Lettie, acredito que é hora de partir.

— Sim — concordei. — Os outros guerreiros devem estar aflitos lutando contra o Androide 20.

Então, nós três nos levantamos e fomos até o pátio do Templo na companhia do Sr. Popo. Naíma ficaria com ele enquanto eu e Piccolo voltaríamos para ajudar na luta.

— Minha querida, escute-me com atenção. — Abracei-a, com minha voz embargada. — Mesmo que tudo pareça perdido ou que não consiga ver mais nenhuma saída, ainda há esperança. Não importa o que aconteça conosco. — Olhei profundamente em seus olhos negros. — Não desista de lutar.

— E o mais importante de tudo… — Papai também me abraçou. — Nunca dê ouvidos à voz do Inimigo.

Dito isso, caminhamos para sair do Templo. Antes de levantarmos voo, viramos para Naíma.

— Cuide-se, minha filha. — Dei-lhe um sorriso triste.

— Voltaremos logo. — Piccolo acenou com a cabeça.

E assim, levantamos voo e deixamos nossa filha para trás.

Confesso que precisei acelerar para acompanhar o novo ritmo de Piccolo.

— Hã… Querido? — chamei.

— Sim?

— Me diga, o quão forte você está agora?

Ele ficou pensativo por alguns segundos, até que respondeu:

— Acho que os meus poderes agora se igualam aos de um Super Saiyajin.

Ergui minhas sobrancelhas em surpresa. Uau. Aquilo, definitivamente, era uma melhora e tanto.

— Você sentiu que algo a mais mudou em você? — indaguei.

— Bom… — Ele deu de ombros. — Além da força de Kami-sama, acredito que também recebi sua sabedoria. Isso com certeza contribuiu para que eu mudasse minha visão sobre… — Ele engoliu em seco. — Sobre o meu sonho com você.

Concordei em silêncio. Então, uma pergunta surgiu na minha mente, que me fez esboçar um sorriso divertido:

— Escuta, e quanto àquele seu outro sonho de conquistar o mundo?

Piccolo riu, olhando-me de um modo profundo e intenso, e respondeu:

— Eu já conquistei, e está bem aqui, do meu lado.

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É claro que eu não poderia finalizar este capítulo sem recomendar mais uma música da Enya: "So I Could Find my Way".

Fiquem com a letra e a tradução da música e vejam se não é a cara da Lettie:

A thousand dreams you gave to me (Mil sonhos você me deu)

You held me high, you held me high (Você me elevou, você me elevou)

And all those years you guided me (E todos esses anos você me guiou)

So I could find my way (Para que eu pudesse encontrar meu caminho)

How long your love had sheltered me (Por tanto tempo, seu amor me abrigou)

You held me high, you held me high (Você me elevou, você me elevou)

A harbour holding back the sea (Um porto segurando o mar)

So I could find my way (Para que eu pudesse encontrar meu caminho)

So let me give this dream to you (Então, deixe-me dar este sonho a você)

Upon another shore (Em outra margem)

So let me give this dream to you (Então, deixe-me dar este sonho a você)

Each night and ever more (A cada noite e para sempre)

Yet only time keeps us apart (Mas apenas o tempo nos mantém separados)

You held me high, you held me high (Você me elevou, você me elevou)

You're in the shadows of my heart (Você está nas sombras do meu coração)

So I can find my way (Para que eu possa encontrar meu caminho)

You held me high, you held me high (Você me elevou, você me elevou)

So let me give this dream to you (Então, deixe-me dar este sonho a você)

Upon another shore (Em outra margem)

So let me give this dream to you (Então, deixe-me dar este sonho a você)

Each night and ever more (A cada noite e para sempre)

A thousand dreams you gave to me (Mil sonhos você me deu)

You held me high, you held me high (Você me elevou, você me elevou)

And all those years you guided me (E todos esses anos você me guiou)

So I could find my way (Para que eu pudesse encontrar meu caminho)