VOCÊ ESTA LENDO (O REINO TRIBAL)
Capítulo 18: Um Cervo Colossal
Após receber uma lição inesquecível de Judith, com direito a puxões de orelha vigorosos, finalmente aquietei meus modos. Aprendi, com as orelhas ainda ardendo, que em nenhuma hipótese deveria mexer nas macieiras delicadamente cultivadas por minha vó.
— 'Se eu soubesse que ficaria sem orelhas, teria arrancado elas antes...' — zombei de minha própria burrice.
Judith ainda exalava uma irritação evidente. Seu amor pelas macieiras era tão grande que decidiu aplicar um castigo leve para reforçar a lição.
— "Khargas, o que você fez foi muito feio... Então, para aprender que nem tudo pode ser destruído, principalmente as MINHAS coisas, você vai ficar ajoelhado por uma hora em frente àquela macieira deformada. Entendeu?"
— "Sim, vovó..." — respondi, cabisbaixo.
Enquanto o tempo do castigo passava, aproveitei para refletir sobre outras questões. Após alcançar a 2ª Estrela Manativa, comecei a analisar minha energia. Percebi que já havia acumulado mana suficiente para enfrentar uma besta de mana comum.
— "Ótimo, posso caçá-la... mas primeiro preciso encontrar uma." — murmurei para mim mesmo.
Quando o castigo chegou ao fim, Judith estava no poço, lavando roupas. Levantei-me sem hesitar e caminhei em sua direção. Ao me aproximar, percebi que seu humor havia voltado ao normal. Sorrindo com o máximo de cara de pau, fiz um pedido.
— "Vovó, sei que a senhora ficou furiosa com o que fiz mais cedo, mas... será que posso pedir uma coisinha? Por favorzinho?"
— perguntei, olhando-a diretamente nos olhos e tentando usar meu charme infantil.
Judith suspirou profundamente, passando uma das mãos molhadas pela testa enquanto fazia uma careta reflexiva.
— "Você quer ir para a floresta, não é?"
— "Sim, vózinha! Por favor! Prometo que não vou demorar lá!"
Normalmente, quando eu fazia algo errado, Judith não permitia que eu saísse de casa. Mas, talvez por pena ou cansaço, ela suspirou novamente e concordou.
— "Tudo bem, tudo bem... pode ir, pequeno."
— "Eba! A vovó é a melhor!" — comemorei, sorrindo de orelha a orelha.
Judith também sorriu levemente. Mas, o que ela nem imaginava, é que meu verdadeiro objetivo era encontrar uma besta capaz de transformar um adulto comum em carne moída.
— "Coitadinha da vovó... como é fácil enganá-la, hahaha." — murmurei, travesso.
Adentrei a floresta oficialmente. Meu verdadeiro objetivo era claro, embora ainda incerto. Depois de muito procurar, afastei os arbustos em uma direção qualquer e vi um movimento suspeito entre as folhagens.
— 'Ah, então é aqui que você anda...' — pensei, lambendo os lábios de expectativa.
O que se revelava diante de mim seria um enorme cervo esbranquiçado. Pelo tamanho anormal e sua aura brilhante, era evidente que se tratava de uma besta de mana. Ele comia calmamente, ajustando as orelhas a cada som que ouvia, sempre em guarda.
Sua postura elegante e imponente mostrava que ele estava consciente de sua beleza e do perigo que representava. Os chifres, feitos de cristal e adornados com joias luminosas, brilhavam sob a luz do sol. Todo o corpo da criatura emanava um brilho intenso, como uma verdadeira obra-prima da natureza.
— "Uau... que criatura incrível." — murmurei, admirado.
Com duas lanças de madeira preparadas ao meu lado, posicionei-me e aguardei pacientemente o momento certo para agir.
— "..."
— 'Certo, é só esperar mais um pouco...'
— "..."
— 'Ok, talvez só mais alguns segundos...'
— "..."
— 'Talvez devesse esperar uma última vez...'
— "..."
Roendo cada unha dos meus dedos, percebi que o cervo não se movia. Ele continuava a pastar tranquilamente.
— "SEU BICHO IRRITANTE! NÃO SUPORTO MAIS TE VER COMENDO ESSA GRAMA DE MERDA!!!" — gritei, explodindo de impaciência.
Assustado com o grito, o cervo disparou em uma fuga desesperada.
— "HÁ INFELIZ! VOCÊ NÃO VAI ESCAPAR DEPOIS DE ME FAZER PERDER TANTO TEMPO!!!"
Peguei uma das minhas lanças e a arremessei com toda a força, mirando precisamente no cervo.
— "Whoosh!!!"
A besta, no entanto, virou-se rapidamente e golpeou a lança com seus chifres cristalinos.
— "Crack!!!"
A lança quebrou instantaneamente.
— "Wow! Você não é só bonito, mas também inteligente." — comentei, impressionado.
O cervo me encarou com um olhar furioso, bufando e se contorcendo de raiva. Eu podia sentir sua respiração pesada de longe, o que deixou claro que estava lidando com um adversário formidável.
— "Ora, ora... vamos ver se você é digno de ser chamado de chefão."
Sem hesitar, o cervo avançou em alta velocidade, soltando um grito ensurdecedor.
— "HRRRRR!!!"
Aproveitei para lançar minha segunda lança diretamente em sua direção. Mas, ao invés de desviar ou golpeá-la, ele simplesmente a rebateu com o impulso de seus chifres. A arma foi arremessada para o lado, sem sequer arranhá-lo, enquanto sua velocidade aumentava ainda mais.
Sem opções de fuga, preparei minhas mãos para enfrentar sua investida mortal.
— "BOOOOMMMM!!!"
O impacto foi devastador. Segurei firmemente os chifres de cristal com as duas mãos.
— "Desgraçado... DAQUI VOCÊ NÃO PASSA!!!" — gritei, enquanto cada músculo do meu corpo trabalhava ao máximo para conter sua força.
Apesar do esforço, o cervo continuava me empurrando para trás. O solo sob meus pés tornava-se cada vez mais escorregadio, mas eu sabia que não podia recuar.