VOCÊ ESTA LENDO (O REINO TRIBAL)
Capítulo 10: Uma Mensagem Peculiar
— "O lugar que você precisa ir fica bem na rua da esquina!" — disse o velhinho, apontando com sua mão ossuda para a direção que eu deveria seguir.
— "Quando virar à direita, verá uma grande barraca. É lá que encontrará o moribundo do Niko!"
— 'Quem diabos é esse tal de Niko?'
— pensei, minha mente se enchia de perguntas. No entanto, o diálogo com o velhinho continuou.
— "Entendi, senhor..."
Ele me interrompeu antes que eu pudesse sair.
— "Mas depois de comprar suas coisas, você precisa me prometer que dirá exatamente estas palavras!"
Havia um brilho divertido em seus olhos, e eu não podia evitar o sentimento de desconfiança crescente. Mesmo assim, respondi com um suspiro resignado:
— "Certo..."
O velho estava animado, quase como uma criança prestes a pregar uma peça. Ele então começou a recitar sua "mensagem" com toda pompa:
— "Esses dias fiquei sabendo que o grande vendedor Tecka recebeu um beijo da mais bela flor da nossa vila! E ainda foi chamado, sabe do quê? De 'meu amado e maravilhoso amor!' Tão poderoso e majestoso o senhor Tecka era..."
Ao ouvir ele falar, senti a vergonha alheia corroendo minha alma. Meu rosto queimava só de imaginar ter que repetir aquelas palavras.
— 'Tenho absoluta certeza de que não vou falar essa última frase...'
— pensei, tentando não deixar minha frustração transparecer.
O velhinho, no entanto, parecia extremamente satisfeito consigo mesmo. Gargalhava alto, a ponto de dar pequenos pulinhos de alegria.
— "Hahahahahahaha!" — ele continuava, até finalmente cessar abruptamente e me olhar com seriedade repentina.
— "O que está esperando, moleque? Ande logo!"
Desisti de tentar entender as motivações daquele senhor excêntrico. Ele era claramente imprevisível, e minha melhor opção era seguir em frente com sua estranha tarefa.
Enquanto me afastava da barraca, ainda podia ouvir suas gargalhadas ressoando como ecos distantes, quase sinistras.
— "Troglodita." — murmurei baixinho, balançando a cabeça.
Depois de caminhar por alguns minutos, finalmente cheguei ao local indicado. O estabelecimento destacava-se das demais, sua estrutura era muito mais refinada. Provavelmente pertencia a alguém de alta renda. Ao abrir a porta, um sininho tocou suavemente, anunciando minha chegada.
— "Bem-vindo, garoto! Em que posso ajudá-lo?"
A voz calma e cordial vinha de outro idoso, mas esse parecia bem diferente do anterior. Ele era alto, com um olhar sereno e uma postura confiante.
— "Olá, senhor. O senhor vende linhas de lã?"
— "Sim! Temos linhas de lã, além de oferecer serviços de artesanato e forja. O que você precisa?"
Meu coração se encheu de alívio. Finalmente, eu poderia cumprir o pedido de Judith.
— "Gostaria de comprar duas linhas. Qual é o preço?"
— "São três lingotes de cobre."
Sem demora, entreguei o pagamento e esperei ele separar os produtos. No entanto, antes de sair, lembrei-me da promessa que fiz ao primeiro velho e me preparei para enfrentar o constrangimento.
— "Ei, senhor! Posso lhe contar algo?"
O vendedor me olhou com curiosidade enquanto organizava os itens.
— "Claro, garoto. Pode falar."
Respirei fundo e comecei a recitar as palavras que o velhinho havia me ensinado.
— "Esses dias ouvi dizer que um grande vendedor chamado Tecka recebeu um beijo da mais bela flor de nossa vila! E ainda foi chamado, sabe do quê? De meu amado e maravilhoso amor!"
Assim que terminei, notei uma mudança drástica na expressão do vendedor. Ele ficou imóvel, os olhos arregalados como se tivesse acabado de ouvir um absurdo.
— "Senhor? Está tudo bem?"
— perguntei, confuso com sua reação.
Seu corpo começou a tremer visivelmente. Ele tentou disfarçar, mas era impossível não perceber seu desconforto.
— "Senhor! Você está bem mesmo?"
Ele deu uma risada forçada, o rosto completamente avermelhado. Sua careca brilhante estava tomada de veias pulsando, dando a impressão de que estava prestes a explodir.
— "Hahaha... Não é nada, garoto... Só uma leve dor de barriga... hahah..."
— respondeu, tentando se recompor, me entregando os produtos.
Eu não sabia o que pensar, mas estava claro que tinha algo mais naquela história do que o velho da primeira barraca havia deixado transparecer.
Com as linhas de lã finalmente em mãos, deixei o local, intrigado com aquele mistério. Por que a mensagem deixou o vendedor tão desconcertado?
Seja lá o que fosse, não demoraria para descobrir...