Asrael sentiu o desespero apertar seu peito enquanto se via preso, incapaz de escapar da situação terrível em que se encontrava. "O que eu posso fazer? Eu vou morrer aqui?", pensou ele, lutando para controlar o pânico que ameaçava consumi-lo. No entanto, ele sabia que entrar em desespero não o ajudaria em nada, então começou a procurar por alternativas ao seu redor.
Seus olhos percorreram a multidão de gnomos que o cercava, até que pousaram em um deles, com vestes mais longas e uma barba branca e comprida. Seria ele um ancião ou um líder religioso, os gnomos tivessem alguma forma de religião? Asrael também notou que o local onde estava amarrado já parecia ter sido preparado antes de seu ataque, e observou várias caveiras de cervos armazenadas em um canto. Uma terrível suspeita se formou em sua mente: ele havia se tornado uma oferenda.
Mas por que os gnomos agiriam assim? Nas histórias que ouvira na infância, os gnomos eram brincalhões e inventivos, não sádicos. Enquanto ponderava sobre essa questão, os gnomos se reuniram ao seu redor, ajoelhando-se e começando a recitar algo que soava como uma prece. O gnomo com as vestes longas pegou uma lança velha e seus olhos expressavam tristeza profunda.
Então, um arrepio percorreu a espinha de Asrael quando viu uma sombra emergindo das árvores: o monstro que o havia perseguido. Os gnomos recuaram, misturando risos e lágrimas, enquanto o monstro se aproximava lentamente. Asrael sentiu o peso da inevitabilidade da morte pairando sobre ele.
Enquanto o monstro se aproximava, Asrael sentiu uma onda de resignação o dominar. Ele já havia perdido tudo; o que mais restava para ele? Então, num momento de angústia e aceitação, ele simplesmente sorriu, uma risada amarga escapando de seus lábios. Seu destino já estava traçado; por que não enfrentá-lo com um pouco de humor?
Os gnomos ao redor observaram com medo enquanto o monstro se aproximava, mas então algo inesperado aconteceu. O gnomo com as vestes longas se aproximou do monstro, parecendo conversar com ele. Com um gesto, apontou para Asrael, e então o impensável ocorreu: o monstro com um balançar de braços, arrancou impiedosamente a cabeça do gnomo.
O horror se espalhou pelo grupo, e os outros gnomos fugiram em pânico enquanto o monstro os caçava impiedosamente. Asrael testemunhou a cena macabra com uma mistura de fascínio e repulsa, questionando-se sobre os motivos do monstro. Seria ele uma oferenda inadequada? Então é esse o sentimento de impotência?
Quando o monstro finalmente partiu, arrastando consigo os corpos de dois gnomos, Asrael ficou sozinho, perdido em pensamentos sombrios e questionamentos sem resposta.
Asrael lutava contra a dor lancinante enquanto tentava encontrar uma maneira de se libertar das vinhas que o aprisionavam. Observou suas amarras e percebeu que eram feitas das próprias vinhas da árvore. "Será que eles utilizavam magia?", pensou ele brevemente, mas logo afastou esses pensamentos para se concentrar em se soltar.
Tentou se balançar para frente e para trás, mas apenas se viu cada vez mais apertado. Então, em um ato desesperado, decidiu puxar suas mãos com toda a força, ignorando a dor aguda que rasgava sua pele enquanto as vinhas cediam. Asrael gritou de dor até que finalmente conseguiu se libertar e caiu exausto no chão, suas pernas completamente sem forças para se levantar.
Com dificuldade, arrastou-se até os corpos dos gnomos em busca de algo que pudesse ajudá-lo. Rasgou a roupa de um deles para improvisar uma gaze para seus ferimentos nas pernas, suas mãos tremendo de dor enquanto trabalhava. Continuou rastejando de corpo em corpo até encontrar algumas frutas em uma bolsa e um pouco de água em um cantil.
Depois de vasculhar os bolsos do gnomo com as vestes longas, encontrou uma lança próxima ao corpo e alguns escritos em um papel que não conseguia compreender, mas guardou mesmo assim. Ao explorar as casas vazias dos gnomos, ficou intrigado. "Eles não viviam aqui? Por que não há nada em suas casas?", questionou-se, criando suspeitas sobre a verdadeira natureza da vila.
Finalmente, alcançou seus pertences sobre uma pedra com grande esforço, ofegante e exausto. Com cuidado, aplicou a cavalinha em seus ferimentos e deu um gole na água, aliviando um pouco sua sede. Agora, só restava a Asrael aguardar que suas feridas cicatrizassem, com o temor de que o monstro retornasse a qualquer momento.
Asrael, apoiando-se nas árvores ao redor enquanto o sol se punha, ponderava sobre seu próximo movimento. Ele sabia que retornar pelo mesmo caminho seria arriscado, com a possibilidade do monstro ainda estar rondando a região. Contemplando a posição do Sol, ele deduziu que seguir à esquerda da vila dos gnomos poderia levá-lo de volta à cidade, embora isso significasse enfrentar terrenos desconhecidos e potencialmente perigosos.
Decidido a passar a noite na vila dos gnomos, Asrael aguardou o anoitecer. Enquanto o tempo passava, ele refletia sobre sua situação, sentindo a urgência de se fortalecer para enfrentar os desafios que o aguardavam.
Na tranquilidade da noite, enquanto observava as estrelas cintilantes e a lua em seu esplendor, Asrael mergulhava em pensamentos sobre o início de sua jornada. Ele se perguntava se outros aventureiros também enfrentaram provações semelhantes em seus primeiros passos.
No entanto, a paz foi abruptamente interrompida quando Asrael percebeu que não estava sozinho. Lobos famintos, atraídos pelo cheiro do sangue dos cadáveres, se aproximavam. Asrael, ciente de sua vulnerabilidade, permaneceu imóvel, segurando a respiração enquanto os lobos farejavam ao redor. Entre eles, um lobo com uma cicatriz na boca se destacava, evocando um misto de temor e compaixão em Asrael.
Após uma tensa espera, os lobos finalmente se afastaram, deixando Asrael aliviado e exausto. Ele buscou abrigo na apertada casa da vila, onde encontrou um breve alívio em um sono perturbado por breves despertares durante a noite.
Com a chegada da aurora, Asrael se preparou para deixar a vila dos gnomos para trás, enfrentando o desconhecido com determinação renovada em sua jornada rumo à cidade.
Asrael, enquanto atravessava a sombria floresta, refletia sobre a falha em sua primeira missão. A densidade das árvores criava um cenário sombrio ao seu redor, mas os sons dos pássaros anunciavam sua passagem. Usando a lança como bengala, ele avançava pelo chão florestal.
O som de água corrente chegou aos ouvidos de Asrael, indicando a presença de uma nascente de rio. Essa descoberta trouxe lembranças da planície serpenteada por um rio que ele cruzara anteriormente. Continuando sua jornada pela manhã, intercalando momentos de descanso para recuperar o fôlego e coletar plantas, Asrael seguia o curso d'água.
Mais adiante, ele avistou uma árvore com um fruto vermelho brilhante, iluminado pelos raios do sol. Embora o fruto parecesse incrível, ao coletá-lo, Asrael notou sua dureza surpreendente, semelhante a rocha. Seu foco, no entanto, permanecia na jornada, e ele continuou a caminhar. Nesse momento, percebeu que sua visão estava embaçada pela dor reaparecendo em sua perna ferida. A gaze já não era mais eficaz, mas Asrael, determinado, não podia parar agora.
Enquanto vagava, com a mente se esvaziando diante da dor, algo à frente chamou sua atenção. Junto a uma rocha azul cintilante, encontrou o tão procurado broto de árvore falante. Mesmo enfrentando a dor, ele cuidadosamente guardou o broto em sua bolsa e continuou. Embora tenha sentido curiosidade sobre a rocha, Asrael sabia que não era o momento nem o lugar para explorar tal mistério.
Seguindo o fluxo da água, ele finalmente chegou ao rio principal, confirmando que havia alcançado a planície.