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Chapter 6 - O Pedido de Ajuda

Asrael se preparou meticulosamente para sua jornada a Windhaven, uma vila situada próxima à famosa Floresta das Mil-Vozes. Ele carregava consigo um cantil de água, alguns pães fornecidos por Alba antes de sua partida da taverna, e sua velha lança, que há tempos clamava por uma substituição.

Caminhando pelo mesmo trajeto que o levava à floresta, Asrael permanecia atento a cada detalhe do ambiente. O calor intenso aumentava sua sede, e o suor escorria por sua testa enquanto avançava sob o sol impiedoso. Decidindo fazer uma pausa para descansar à sombra de uma árvore, ele observava a paisagem com seriedade, até ser despertado pelo som de galhos quebrados. Num instante, sua lança estava em mãos, pronta para o combate, mas o que surgiu do outro lado da árvore não era ameaça além de uma inocente raposa.

Retomando sua jornada, Asrael se aproximava de Windhaven, mas algo parecia errado. Os pastos, famosos por sua qualidade, estavam devastados, lançando dúvidas sobre o que poderia ter causado tal destruição. Ao se aproximar da vila, Asrael percebeu a atmosfera tensa e preocupada que pairava sobre o lugar.

Antes que pudesse investigar mais, foi abordado por um homem de meia-idade, cujo porte robusto denotava força e autoridade. "O que você faz aqui, jovem?", questionou ele com um olhar penetrante.

"Estou a mando de Fred, o taverneiro", respondeu Asrael, pronto para explicar seu propósito.

O homem pareceu ponderar por um momento antes de responder. "Entendo. Mas não conseguirá o que procura. O chefe da vila está doente."

Antes que Asrael pudesse indagar mais, uma moça jovem, visivelmente preocupada, se aproximou. "Você está procurando pelo meu avô?", ela perguntou com uma expressão ansiosa.

"Temo que não possa vê-lo. Ele está doente, com inchaço no pescoço e calafrios na pele. Sabe o que pode ser isso?", explicou ela, com os olhos cheios de lágrimas.

O homem, cujo nome era Mark, interveio bruscamente. "Não envolva forasteiros em nossos problemas", disse ele com uma rispidez perceptível.

Mas a moça, chamada Anne, não se deixou intimidar. "Mas, irmão, estou com medo", respondeu ela, com a voz trêmula.

Asrael percebeu a gravidade da situação e compartilhou sua preocupação. "Temo não ter notícias boas. Pelos sintomas, pode ser a praga", explicou, sentindo o peso das palavras ao pronunciá-las.

O brilho nos olhos dos dois desapareceu, substituído por uma sombra de desespero. Mark, consumido pela angústia, avançou em direção a Asrael, incapaz de conter a torrente de emoções que o dominava.

"Mark, pare!" suplicou Anne, tentando intervir e acalmar os ânimos.

Mas em um ato de rebeldia,

Mark empurrou Anne para longe.

Percebendo o erro de suas ações, Mark se afastou de Anne e se desculpou, reconhecendo a gravidade de suas palavras e ações.

Após um breve momento de tensão, Asrael decidiu oferecer sua ajuda, consciente de que talvez pudesse fazer a diferença naquela situação crítica. "Se não tiver problemas em responder, o que aconteceu com a vila?" perguntou Asrael, buscando compreender melhor a origem dos problemas.

"Foi uma chuva de gafanhotos-gigantes. Eles retornam à vila periodicamente", explicou Anne com uma expressão triste.

Essa revelação intrigou Asrael, pois sabia que gafanhotos-gigantes geralmente levavam uma vida solitária. A informação levantou suspeitas sobre a natureza desses ataques.

"Vejo que você é um aventureiro", comentou Mark, notando o emblema no cinto de Asrael.

"Sim, mas sou apenas um iniciante", respondeu Asrael, modesto em relação às suas habilidades.

"Então você pode nos ajudar, senhor?" perguntou Anne, demonstrando entusiasmo com a possibilidade de auxílio.

"Anne, não podemos pedir demais para uma pessoa. O senhor está ocupado", interveio Mark, expressando ceticismo.

"Primeiro, não precisam me chamar de senhor. Me chamo Asrael, e eu posso ajudar sim, mesmo que eu não saiba exatamente do que sou capaz", respondeu Asrael, aceitando a proposta com determinação.

Após reunir informações sobre os horários e dias em que os gafanhotos atacavam, o próximo passo era montar uma armadilha.

Com a vila reunida e Asrael liderando a operação, eles se prepararam para enfrentar os gafanhotos-gigantes. Asrael explicou seu plano: utilizar uma rede de pesca para capturar os insetos enquanto descansavam em uma árvore próxima.

Um dos moradores ofereceu sua rede de pesca, e todos se prontificaram para ajudar na empreitada, exceto Anne, que permaneceu para cuidar de seu avô enfermo.

Quando a noite caiu, os sons das asas dos gafanhotos ecoaram pelo ar, anunciando sua chegada iminente. Asrael instruiu o grupo a aguardar até que a nuvem de insetos passasse e seguir os rastros de destruição deixados por eles.

Chegaram a uma árvore peculiar, conhecida como árvore da meia-noite, cujas flores desabrochavam apenas à noite. Silenciosamente, prepararam a rede ao redor da árvore, determinados a surpreender os gafanhotos antes que pudessem reagir.

Asrael deu o sinal e a rede foi lançada sobre a árvore, cobrindo-a por completo. A tarefa não foi fácil, mas a habilidade dos moradores na pesca foi fundamental para o sucesso da operação.

A armadilha funcionou perfeitamente, capturando os gafanhotos-gigantes em seu descanso. Com cautela, os moradores acenderam uma tocha e incendiaram a rede, eliminando gradualmente os insetos e a árvore.

Enquanto os moradores celebravam a vitória, Asrael contemplava a cena, questionando-se se aquele evento havia ocorrido naturalmente ou se alguém havia provocado os ataques dos gafanhotos-gigantes.

Após retornar à vila, o sol começava a despontar no horizonte, e o cheiro de queimado pairava no ar, impregnado na pele de todos. Max se aproximou de Asrael e expressou sua gratidão pela ajuda, reconhecendo que era pouco, mas entregando-lhe o que havia sido pedido, juntamente com algumas outras coisas.

Asrael agradeceu sinceramente, sentindo o calor da hospitalidade dos moradores da vila. Por um momento, ele se sentiu como se estivesse de volta à sua própria vila, cercado por pessoas acolhedoras e amigáveis.

Entretanto, a atmosfera de alegria foi interrompida quando Anne chegou até Max, chorando, trazendo a notícia que nenhum deles queria ouvir: a morte do avô de Anne e Max. O que antes eram risos transformou-se em lágrimas, mergulhando a vila em tristeza e luto.

Diante desse cenário sombrio, Asrael se despediu dos moradores e preparou-se para partir. Ao pegar a mochila cheia, pôde sentir o peso dela, percebendo o quão árdua seria sua jornada de volta. Mesmo enfrentando o desafio iminente, Asrael não hesitou. Colocou a mochila nas costas, quase sendo derrubado pelo peso, mas decidiu seguir em frente, determinado a completar sua jornada.

Após diversas paradas ao longo do caminho, quando se aproximava da cidade, Asrael deparou-se com um javali de armadura, uma criatura imponente que pesava cerca de 400 kg, protegido por uma couraça semelhante à de um rinoceronte, com suas únicas aberturas visíveis na barriga, cabeça e pequenas fendas na armadura.

Asrael tentou manter distância do animal, mas devido ao peso de sua mochila, a única opção restante era enfrentá-lo. Com apenas 10 segundos antes do confronto iminente, Asrael pegou sua lança, posicionou-se e buscou alternativas. Acertar a cabeça do javali era arriscado, pois a lança quebraria. A barriga era uma opção difícil, pois exigiria expor-se ao ataque. A alternativa mais viável eram as fendas na armadura.

Em um ato reflexo, Asrael pegou uma pedra do chão e a lançou na cabeça do javali para atordoá-lo. A pedra atingiu em cheio, permitindo que Asrael avançasse lateralmente. Entretanto, o javali reagiu, acertando-o e jogando-o para longe, atingindo suas costelas. Em uma situação crítica, Asrael cravou a lança no chão com a ponta para baixo, chamando a atenção do javali.

Quando o animal correu em sua direção, Asrael levantou a lança, cravando-a no pescoço do javali. A lança quebrou, mas a lâmina ficou presa na cabeça do javali, que caiu sobre Asrael. Com esforço, ele conseguiu remover o animal e utilizou a lâmina da lança para esfolar o javali, revelando uma carne suculenta por baixo da armadura rígida.

Com o intuito de obter um bom preço pela carne, que poderia ser usado para adquirir uma nova espada, Asrael se dirigiu ao portão da cidade, preparando-se para enfrentar seu velho adversário: a fila.