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Chapter 9 - A Despedida

Asrael, deitado junto com os outros, pensou: "Isso foi incrível" e desmaiou, olhando para o teto sombrio da caverna. Após acordar, percebeu que estava em um quarto, tentou se levantar, mas sentiu uma dor aguda nas costas. Ao olhar para o corpo, viu seu braço esquerdo e peito enfaixados. O quarto era bem decorado, com paredes de madeira, tapetes coloridos e uma escrivaninha ornamentada.

- Parece que você já acordou – falou Briorn ao abrir a porta.

- Sim, obrigado por me deixar neste quarto – agradeceu Asrael.

- Isso era o mínimo, como está se sentindo?

- Com dores no meu peito, uma dor aguda – falou Asrael apontando para a área dolorida.

- O impacto foi grande mesmo, trarei alguns medicamentos bons – afirmou Briorn ao sair do quarto.

- Quase morri de novo, desde que me tornei aventureiro, sempre entro em enrascadas – afirmava Asrael em seus pensamentos, enquanto um sorriso se abria levemente em seu rosto. "Mas algo suspeito está acontecendo na região, monstros que não surgiam ou situações não habituais estão acontecendo ao redor de Narter. O que será que está acontecendo embaixo do nosso nariz?" pensava Asrael. "Preciso falar com Claire sobre isso."

Enquanto se perdia em pensamentos, o tempo passou. Olhou pela janela e viu que era de manhã. "Dormi tanto assim" pensou Asrael, assustado.

- Asrael, voltei com o medicamento, beba tudo – disse Briorn, trazendo um copo para Asrael.

- Isso é uma poção simples, é tudo que temos – afirmou Briorn.

- Não precisava gastar isso comigo.

- Como não? Você nos ajudou a matar o Ankheg.

- Falando nele, trouxeram o corpo? – perguntou Asrael depois de beber a poção.

- Sim, era muito pesado, demorou a noite toda – notava-se o cansaço nos olhos de Briorn.

- Então acho que você também merece um descanso – falou Asrael. "Cadê Carius, está bem?" perguntou Asrael.

- Ele está descansando – afirmou Briorn. – Também vou descansar como você sugeriu. Você deve descansar também. – Briorn saiu pela porta, deixando Asrael sozinho.

Asrael seguiu seu próprio conselho e foi descansar. Era de tarde quando Asrael acordou; seu corpo parecia mais leve. Tentou se levantar e conseguiu, mesmo sentindo uma leve dor. Asrael se arrumou e percebeu algo: sua espada não estava com ele.

- Minha única moeda de prata – pensou Asrael, sentindo uma dor no coração, não pelos machucados, mas pelo dinheiro perdido. Saindo do quarto, andou pelos corredores da casa e ouviu conversas vindas de fora. Asrael foi para uma janela e viu o corpo do monstro, os habitantes tentando cortá-lo, mas, mesmo morto, sua casca era forte demais. Asrael dirigiu-se à porta, quando a abriu, recebeu saudações calorosas.

- Sr. Asrael acordou.

- O senhor está se sentindo bem?

- Deixem ele passar!

Olhando ao redor, percebeu Carius o chamando próximo a uma casa que Asrael julgou ser de Carius. Ao se aproximar, Asrael perguntou:

- Viu minha espada em algum lugar?

- Não, você a perdeu? – Questionou Carius. – Não tem problema, posso fazer outra para você. Aquela já estava velha mesmo.

- Obrigado, não sei como retribuir – agradeceu Asrael com entusiasmo nos olhos, como se fosse uma criança recebendo um brinquedo em suas mãos.

- Não precisa agradecer, você já me retribuiu bastante. Agora algo que estou em dúvidas, como você sabia que a luz ia encandear os olhos do monstro daquela forma? – Questionou Carius.

- Não sabia, apenas deduzi em comparação com outros monstros que conheço que moram no subterrâneo.

- Então se não funcionasse...

- Sim, nós morreríamos lá mesmo – afirmou com certeza Asrael.

- Isso é loucura – afirmou Carius enquanto colocava a mão na cabeça, imaginando se tivesse dado errado. – Isso é ser um aventureiro?

- Não sei, comecei há pouco tempo – falava Asrael com um sorriso no rosto, que deixou o ambiente mais agradável. "Em relação à sua espada..." falava Carius enquanto abria a porta. "Vai demorar por volta de três semanas para ficar pronta. Enquanto isso, use uma dessas." Ao entrar na casa, Asrael pôde ver vários tipos de espadas, adagas e machados. "Posso mesmo?" perguntou Asrael.

- Sim, a sua será melhor que todas essas, pode ter plena certeza – afirmou Carius, orgulhoso de suas habilidades.

- Então vou aceitar sua proposta.

Enquanto olhava as espadas, viu que todas eram muito boas, tanto no peso, no fio, quanto na empunhadura. Passado um tempo, escolheu uma espada de tamanho médio, tão boa quanto as outras.

- Escolho essa, gostei do seu peso e do seu alcance – afirmou Asrael enquanto mostrava a espada para Carius.

- Uma escolha boa, é uma boa espada.

Asrael percebendo o esforço das pessoas ao tentar cortar o monstro, decidiu ajudar junto de Carius.

- Pode me emprestar seu machado? – Perguntou Asrael a um habitante da vila que estava tentando cortar.

- Sem problemas, senhor Asrael – falou o habitante da vila enquanto entregava o machado.

Asrael estendeu seus braços para cima, movimentou uma das suas pernas para frente, era o movimento de cima para baixo da esgrima. Todos esperavam, maravilhados, com o que podia acontecer, mas só viram Asrael acertar e seus braços tremerem com o impacto, retornando com a reação do golpe.

- Isso vai dar trabalho – afirmou Asrael, enquanto todos riam e voltavam ao trabalho.

- Asrael, o que você está fazendo? – gritou de longe Briorn. – Até você, Carius, deveriam estar descansando.

- Já estamos bem, Sr. Briorn – afirmou Asrael, girando seus braços. – Sim, pai, estamos novinhos em folha – seguindo o exemplo de Asrael, concordou Carius.

- Já que todos estão entrando na festa, o anfitrião não pode faltar – afirmou Briorn, levantando um machado enorme com entalhes dourados, o símbolo da vila, usado em celebrações.

Os sons dos golpes duraram até o anoitecer, quando finalmente o monstro havia sido cortado.

Todos levaram as partes do monstro para o armazém para, enfim, descansarem. Asrael foi para o mesmo quarto em que estava antes, mas não conseguiu dormir devido ao entusiasmo com sua espada nova, então decidiu praticar. Movimentando os pés, conseguia prever a trajetória que a espada tomaria, estudando os ataques mais efetivos até o momento. Para Asrael, os cortes diagonais eram os mais eficazes, e com sua nova espada, cada ataque cortava o ar.

- Preciso treinar estocadas, mas não sei como conseguir resultados só treinando no ar – pensava Asrael. Enquanto praticava, o suor caía de seu rosto, e o sono finalmente chegava. Decidiu dormir, sabendo que logo no amanhecer deveria deixar a vila.

Ao amanhecer, como previsto, preparou suas provisões para a viagem e saiu do quarto em direção ao portão da vila. Ao sair da casa, a vila estava silenciosa, parecendo que muitas pessoas ainda estavam dormindo.

- Vai sair sem se despedir? – Quando Asrael se virou, percebeu Briorn e Carius.

- Chegou a hora de eu ir – afirmou Asrael, segurando sua mochila.

- Lembre-se da sua espada, tenho alguns projetos também. Venha aqui no prazo ouviu? – Falou Carius, ordenando Asrael.

- Certo, capitão – Asrael afirmou, enquanto todos riam como despedida.

Asrael se dirigiu ao portão, despedindo-se das pessoas que conheceu e animado para retornar a Narter, mas com receio de seu arqui-inimigo.