Chapter 42 - 42. Guardiões Espirituais 1

"V-vo-voces!!!! Entraram!!! Na minha!!!! CASA!!!!!"

Ivan explodiu e só não foi pra cima do grupo por ter sido segurado por Gerard e Liem. Ivan odiava quando invadiam seu espaço, e odiava ainda mais quando mexiam em suas coisas, mesmo que essa coisa fosse um amontoado tóxico na forma de um animal.

Diferente dos javalis de guerra, esse criatura não pode ser transformada em carne seca e base para sopas, não por falta de tentativa mas pelo fato de que tanto o couro ser tão duro que as facas de esfolar mal passavam da primeira camada da pele, ainda que as espadas, lanças e javelis tenham conseguido feri-lo, nenhum dos ferimentos foi muito profundo tendo a criatura morrido provavelmente de perda de sangue (e pela ajuda de Tyler).

Outro motivo era a natureza da criatura, ninguém sabia dizer oque aquilo era assim como não podiam dizer oque aquele goblin monstruoso era. Mas sabiam que não era algo natural, segundo as análises prévias de Sofi.

Embora isso não fosse difícil de concluir já que em todos os pontos onde a criatura tinha sido ferida (e que não tinham fechado quase instantaneamente), ao invés de sangue vermelho, saia um líquido negro claramente tóxico, como se isso já não bastasse a carne da criatura também era negra com uma consistência gelatinosa que liberava um cheiro tão ruim quanto seu próprio sangue.

Eles tinham tentado queimar a criatura, mas o couro parecia ser imune as chamas e quanto mais tempo a criatura ficava ao ar livre mais o cheiro dela parecia se espalhar. Tentaram transofomala em adubo depois que Liem cortou uma das patas com a espada que 'ele' tinha mandado e que tinha sido usada por Hannah. Porém isso também não adiantou e decidiram enterrar a pata, no dia seguinte viram que toda vegetação em volta do lugar tinha simplesmente sumido.

Não morrido, ou apodrecido, simplesmente sumiu e um círculo cinza de 5 metros tinha ficado no lugar.

Vendo que não podiam queima-lo, transformar em adubo ou simplesmente enterrar a criatura, a única escolha que tiveram foi guarda-la em um lugar que não fosse ao ar livre e que seria bem protegida. O único lugar que se encaixava nessa descrição era o "porão" de Ivan.

Afinal ninguém era louco ou burro o suficiente para tentar tocar nas pocesses do caçador do vilarejo, ainda mais com a raiba que ele sentia quando invadiam seu espaço sem serem convidados. Ao menos até agora.

"Oque vocês pretendem fazer com isso?"

Gerard perguntou frio aos cinco jovens que tinham trazido a criatura. Esses cinco eram bem conhecidos no vilarejo mas do jeito ruim, sempre fugindo do trabalho, atrapalhando quem estava trabalhando e até mesmo roubando "pequenas coisas que ninguém iria sentir falta", eles eram os cinco mais problemáticos do vilarejo e de forma técnica as primeiras cinco vítimas de Tyler no mundo.

"Ora senhor Gerard, por que essa cara?, nos estávamos apenas pensando em como poderíamos agrader há 'ele' pela ajuda."

O mais velho do grupo respondeu com um deboche obvio, recebendo olhares surpresos das pessoas. Eram muito poucos os que tinham coragem para encarar Gerard quando estava com raiva, muito menos debochar dele de forma tão obvia.

"E junto de nossos novos amigos da Vila do Carvalho Negro, nos pensamos: Qual seria a maior demonstração de respeito para um ser tão poderoso assim?"

Outro continuou.

"Foi então que a senhorita Sofi nos deu a resposta."

Um terceiro terminou, fazendo com que todos olhassem para Sofi que apenas olhava os jovens com uma expressão mista de confusão e raiva.

"Oque querem dizer?"

Perguntou Liem contendo a raiva por colocarem Sofi na conversa, por algum motivo só ouvir o nome dela saindo da boca desses garotos o irritava. O primeiro respondeu ainda com tom debochado.

"A forma com que a senhorita Sofi, "voltou" foi bem... específica. Nossa amiga Quiria nos contou sobre as Viazmands, as guerras do antigo norte que lutavam tanto como guerreiras implacáveis quanto com magia." Ele disse calmamente.

Mesmo em um mundo fraturado algumas histórias de terras longínquas continuaram na mente das pessoas mesmo depois de séculos e milênios. As histórias das Viazmands seriam uma delas, guerrias e feiticeiras que serviam diretamente aos deuses e dizem terem recebidos esses poderes para serem aquelas que enviam os dignos para o pós vida, na cultura dos Hazgarberns.

Se Tyler pudesse ouvir essa história, ele pensaria imediatamente das valkirias mundo dele e dos vikings. Embora ele já achasse isso assim que viu o visual com que a Sofi voltou da primeira vez.

O jovem continuou.

"A senhora Quiria nos contou que a forma da senhorita Sofi era exatamente a mesma delas. Então pensamos, se elas seriam responsáveis por enviar as almas dos dignos para o pós vida, e esse 'deus' basicamente transformou a senhorita Sofi em uma, então ele seria algo como um Deus da guerra e das almas. Portanto a melhor forma de agradece-lo não seria enviar uma alma forte e poderemos para ele?" Ele disse em um tom bem confiante.

" E como não podemos dar o corpo do goblin gigante, já que a senhorita Sofi fez questão de não deixar nada para trás, a segunda melhor alternativa foi a montaria dele que infelizmente conseguiu matar algumas pessoas e ferir várias outras." Outro do grupo de cinco terminou.

Geralmente isso resultaria em um uníssono de rejeição ainda mais forte que pela ideia de oferecer os cadáveres dos goblins. A própria Sofi disse que nem deveria ser um animal real e só uma massa amorfa que tomou a forma, ou mais provavelmente, foi induzido por outro a tomar aquela forma. Sendo provavelmente o resultado de experimentos com magia negra e abissal as duas únicas formas de magia que não pareceram ser afetadas pela Corrupção.

Mas uma duvida deixava todos incapazes de negar a ideia era simples. E se eles estivessem certos?

Realisticamnete eles não sabiam nada desse 'deus', nem sequer se ele seria mesmo um 'deus' e não um demônio, ou algum espírito extremamente poderoso. Eles viram ele causar dor e morte de forma agonizante, além de mandar armas e lançar raios em plena luz do dia, e até mesmo trazer Sofi de volta a vida. Oque se alinhava bem com a forma de conduta dos deuses dos Hazgarberns, e como eles não sabiam o nome ou aparência do 'deus' eles não podiam dizer concerteza que ele não seria um dos deuses do longínquo norte.

O grupo que queira prejudica-lo estava animado com a ideia, afinal as chances dele ser mesmo um desses deuses existia, mas isso levava a pergunta o porque dele estar tão ao sul?

Eles tinham confiança deque 'ele' não era realmente um desses deuses, mas usar essa cartada oferecia uma vantagem para conseguir finalmente manchar a imagem "perfeita" que as pessoas haviam criado desse deus. Afinal mesmo os deuses mais benevolentes do norte também eram conhecidos por aceitarem sacrifícios humanos.

Se sentindo no topo do mundo depois de muito tempo tendo que se "comportar" graças a 'ele' um dos jovens quis aumentar o golpe de alguma forma.

"Oque acha Hannah deveríamos pelo menos tentar não é, afinal ele aceitou os goblins certamente ira aceitar essa criatura?" Ele disse feliz vendo a jovem não sabendo oque responder.

Hannah não ouvia nada do zumbido como antes, nada apenas um silencia nada bem vindo nessa situação.

Mas antes que alguém pudesse falar ou fazer mais alguma coisa o altar brilhou de forma intensa mais até doque usando aceitou os cadáveres dos goblins. Dele 3 tentáculos de luz sairá e foram rapidamente em direção há criatura, quando encostaram nela aí invés dela só sumir como geralmente acontecia. Os tentáculos pareceram que estavam procurando algo na criatura e quando acharam, aí sim o corpo da criatura enorme sumiu, mas nao de forma repentina parecia mais que o corpo estava dlsendesfazendo e sendo sugado para o centro da luz.

Instantes depois, no lugar da criatura estava uma esfera perfeitamente polida azul marinho, mas antes que tivessem tempo para aprecia-la ela simplesmente se levantou da carroça, foi em direção ao altar e se fixou bem no centro das pedras. Quando viram a pedra no altar todos os presentes, incluindo o grupo dos problemáticos, sentiu uma forte presença encima deles, a espera quase parecia um olhos os julgando pelas ações, impedindo que qualquer um tentasse fazer algo minimamente desrespeitoso.

Todos menos Quiria, ela ficou espantada e indignada com oque tinha acabado de acontecer, sua última tentava acabando em outro fracasso. Embora se ela estivesse mais calma veria que isso seria o resultado óbvio, se 'ele' teria aceitado goblins que já estavam apodrecendo, porque não aceitaria uma criatura que externamente estava intacta mas podre por dentro?.

Obviamente isso não importava para ela, ela só importava em pensar em outro jeito de diminuir o prestígio e respeito que esse 'deus' tinha, essa era a única forma que ela conseguia pensar para se vingar por ele não ter protegido seu neto, seus filhos ou sua casa.

Derrepente pela 3 vez segunda em um dia o altar brilhou novamente, dessa vez com uma luz azul esbranquiçada parecida com quando 'ele' tinha enviado as armas, mas dessa vez todos sentiram algo diferente. Alguma coisa no fundo da alma deles dizia que oque quer que 'ele' estivesse fazendo era algo muito mais importante que apenas dar armas. Até Quiria dessa vez não se atreveu sequer em pensar em interromper.

E da esfera no centro do altar uma outra esfera azul saiu, assim que se levantou no ar logo se dividiu em 10 esferas menores, seguida por outra esfera agora branca que também se dividiu em outras 10. Essas vinte esferas ficaram no ar por alguns instantes mas logos viraram em direção aos integrantes do grupo de insatisfeitos.

Todos prenderam a respiração achando que isso seria a forma como 'ele' puniria aqueles que o irritasse e muitos não sabiam se queria saber qual o destino desses ou se agora preferiam ficar sem saber. Indiferente aos pensamentos das pessoas, cada esfera parou na frente de uma pessoa, que ficou paralisada no mesmo lugar não se atrevendo se quer a respirar enquanto as esferas os circulavam.

Novamente Quiria era a única que mesmo espantada e amedrontada, ainda conseguia respirar normalmente e ainda se mover. Ela estava prestes a pegar um pedaço de madeira que havia guardado para o caso de precisar se defender na comoção que pretendia criar, quando a esfera azul em sua frente parou e começou a crescer e assumir uma forma humanoide.

Antes que Quiria percebesse ela já não encarava uma bola de luz azul mas o rosto de seu neto que tinha morrido 2 dias atrás.