*Pinga *pinga.
*Troveja.
Em algum lugar em meio a um longo temporal, era possível ver duas crianças correndo sem olhar para trás em nenhum momento.
Além de correr sem parar, os dois estavam fazendo de tudo para que, oque quer que eles estivessem segurando não caísse.
"Irmão, eu não consigo mais correr!"
O garoto de menor estatura grita diante daquela chuva, na esperança que o mais velho consiga lhe ouvir.
"Não importa oque aconteça, nos vamos voltar juntos irmão! Então não pare de correr!"
Grita o mais velho enquanto suas pernas fraquejavam, mas mesmo assim continuando a correr.
O mais novo escorrega e cai, porém, em alguns instantes o mais velho percebe sua queda e para de correr, em seguida virando seu olhar para trás ele automaticamente percebe. Uma enorme figura, com altura de aproximadamente dois metros. Que se aproximava rapidamente da localização dos dois.
'Dessa vez eu pego esses moleques!'
Pensa a enorme figura correndo sem parar em direção aos pequenos. Ao mesmo tempo, o irmão mais novo nota a figura e quase instantaneamente seu corpo começa a tremer, seus olhos demostrando medo, enquanto ranho escorregava de suas narinas.
Percebendo o estado lastimável de seu irmão, o mais velho rapidamente age. Ele pega o enorme saco de cor castanho que carregava consigo, rasga uma das extremidades e joga o saco em direção a enorme figura. Causando assim uma enorme chuva de cristais cor ciano, que iluminaram a noite e reteve a atenção da figura para si.
No momento em que a figura corre para apanhar os cristais o mais velho corre para ajudar o mais novo, o levantando e o colocando em suas costas. Com o irmão em suas costas ele também pega um saco um pouco menor, entretanto igual ao que ele jogara. E com tudo pronto o mais velho usa tudo que ainda lhe resta de forças para fugir dali, assim com o auxílio da chuva que diminuía a linha de visão da figura faz com que eles escapem sem ele nem imaginar para que lado seguiram.
Alguns minutos depois correndo sem parar o mais velho chega num pequeno tipo de barraco, esse mesmo que era feito apenas de barro e madeira. O barraco estava a uma altura um pouco abaixo do solo para poder se sustentar, e essa, era a casa onde moravam as duas crianças. Porém, eles não moravam sozinhos, seus pais também moravam lá, e agora com a chuva o chão lá dentro deveria estar cheio de água.
No momento em que o mais velho para em frente ao barraco para colocar seu irmão no chão, um rangido pode ser ouvido. Era a porta se abrindo, ou era isso que deveria ser. Do meio da escuridão dentro do barraco saem duas figuras, uma alta e com um corpo esbelto e outra com um corpo um pouco mais baixo, porém muito franzino. Suas aparências não podiam ser vistas naquele breu, mas pode-se afirmar que aquelas figuras eram seus pais.
A figura mais franzina, a mãe, se aproxima do mais velho e pega o saco marrom de suas pequenas mãos. Ela não os cumprimenta e muito menos pergunta se estão bem, apenas olha fixamente para o pequeno saco agora em suas extremamente magras mãos.
"Vocês trouxeram apenas isso? Cadê o outro saco?"
Pergunta a mulher com seu tom cheio de carranca ao notar apenas um saco com os garotos. Pela pergunta repentina a figura mais esbelta, o pai, prontamente para ao lado dela e olha com recanto dos olhos da forma mais arrogante esperada.
"Eu joguei fora"
Responde o mais velho de forma apática enquanto descia seu irmão menor ao chão.
"Você fez oque?! Você quer morrer moleque?!"
Ambos gritam, embora a última parte tenha sido dita apenas pelo homem. Que se aproxima e segura o mais velho pelo colarinho do que pode se chamar de camisa, e com sua força levanta o garoto dessa mesma forma. Ficando assim ambos filho e pai se encarando.
"Mesmo se eu explicasse você não entenderia."
Responde o garoto ao virar o rosto do olhar penetrante do homem. O que o enfurece ainda mais, pois na visão deste homem essas pedras valem mais que a vida destes garotos. E sem um mínimo de compaixão ele leva seu punho ao rosto do mais velho, assim o fazendo voar para longe já que o tecido de sua camisa não aguentou e rasgou nas mãos do homem.
O garoto cai poucos metros longe de onde estava, sem soltar um mínimo barulho que indicasse sua dor. O homem já acostumado com a personalidade do menino, apenas avança e acerta mais alguns socos no garoto que nenhuma vez luta de volta.
"Isso é para aprender a ouvir oque eu digo! E isso é para você nunca esquecer sua posição!"
Antes de parar totalmente com a chuva de socos ele lhes dá uma punição.
"Você ficará dois dias sem comida, e os dois dormirão do lado de fora hoje"
Saindo de cima do garoto o homem olha para o menor, que estremece apenas com isso. Com um sorriso ao ver isso ele se vira e volta para dentro, até perceber que a mulher não havia o seguido, então ele sinaliza para ela andar logo.
Como já era noite e estava chovendo, o irmão mais velho como se nada houvesse acontecido se levanta, em seguida sem perder tempo ele olha ao redor a procura de um lugar para eles ficarem.
"Irmão!"
Grita o mais novo enquanto corre em direção ao mais velho ao se dar conta do estado do mesmo, e ali ele novamente começava a chorar apenas por olhar para seu irmão cheio de hematomas e com um pouco de sangue em seu rosto.
"Não se preocupe, essa dor não é nada. Eu sentiria muito mais se te perdesse mais cedo."
Diz o mais velho mostrando um grande sorriso para acalmar seu irmão mais novo, entretanto suas mãos estavam fechadas em forma de punho e tremiam tremendamente.
Então os dois irmãos vagueiam em meio aquela tempestade por algum tempo a procura de um lugar para ficar. Porém, as enormes montanhas de lixo que os rodeavam atrapalhava sua visão, era possível subir nas montanhas de lixo para ver melhor, porém eles poderiam escorregar e se machucar. Então o mais velho surpreende o mais novo dizendo que tem um local perfeito para onde eles podem ir.
Seguindo o mais velho por alguns minutos os meninos chegam a uma construção que lembrava uma base de operações militares. Entretanto, ele apenas parecia, talvez até fosse um em seu auge, mas agora era apenas um local abandonado imerso em diversas plantas e que poderia cair a qualquer momento.
Eles entram no lugar e após verificar os arredores, eles decidem dormir na parte em que a estrutura estivesse menos danificada. Por eles estarem muito cansados foram dormir assim que se acomodaram. Ambos se deitam juntos para tentar se esquentar um pouco, e depois de alguns minutos em silêncio o mais novo fala.
"Irmão, será que algum dia poderemos viver de verdade? Assim como aqueles senhores bem vestidos que vemos entrando e saindo da cidade? Ou como aquelas crianças que vão todos os dias para aquele prédio enorme?"
Pergunta o pequeno com um certo tom de tristeza carregado em sua voz.
"Não se preocupe, eu juro que vou te dar uma vida de verdade irmão, agora durma e sonhe bastante."
Responde o mais velho enquanto abraçava e fazia cafuné na cabeça do pequeno até o mesmo cair no sono...
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