O irmão mais velho volta ao local em que seu irmão o esperava.
Lá estava carregando em sua camisa várias frutas de cor dourada, ele senta ao lado de seu irmão e divide as frutas, dando a maioria para o pequeno. Essas frutas possuíam a forma de laranjas, porém de cor e textura totalmente diferente, já que laranjas não são douradas e muito menos se comem apenas mordendo a casca.
"?!"
O pequeno dá uma grande mordida na fruta desconhecida, e é surpreendido pela doçura repentina que enche sua boca, essa sendo a primeira vez que o garoto come algo tão gostoso. Seus olhos até começaram a derramar lágrimas, mas ele não parou nem por um momento de comer a fruta, e em alguns instantes ele havia comido todas.
"Delicia! Essas frutas são muito gostosas!."
Exclama o mais velho, também maravilhado com o gosto das frutas.
Após comer, os dois irmãos aproveitam aquele primeiro momento de paz para descansar mais um pouco. O mais novo se deitou na grama que estava no lado de fora da construção, e o mais velho se sentou em uma pedra ali também, eles ficaram naquele momento de paz por um bom tempo até que...
"Irmão, esse é só o começo. Ainda vamos comer coisas ainda mais gostosas que essa no futuro, eu te prometo."
O mais velho fala, e o mais novo abre um sorriso enquanto balança a cabeça assentindo as palavras do mais velho, e assim perpetuando essa pequena promessa...
"Não podemos descansar mais um pouco?"
Pergunta o mais novo reclamando ao mais velho que não queria ir agora. Porém, o mais velho que neste momento olhava para o céu. Observando uma quase imperceptível camada semitransparente que se formava acima de toda a área do lixão responde.
"Se não formos agora, temo que algo muito ruim possa acontecer"
Diz o mais velho ainda observando aquele lugar imundo que ficava ao redor deles. O mais novo fica um pouco quieto após ouvir isso. E então o mais velho se levanta da pedra em que estava sentado, e pergunta.
"Vamos?"
"Sim"
Responde o mais novo com um tom de voz cabisbaixo. Mas isso não durou muito, pois ele já estava imaginando como seria sua nova vida junto de seu irmão. Os dois irmãos, então, saem dali se dirigindo para o sul, local onde poderiam usar para adentrar as muralhas da cidade que ficava ao lado daquele lixão...
No mesmo momento em que o irmão mais velho observava o céu do lixão ganhar uma camada semitransparente, um homem que exalava arrogância com sua forma de andar, chegava perto da borda conectada ao enorme lixão.
"Bom dia, senhor!"
Com seu tom extremamente respeitoso fala uma jovem de baixa estatura e olhos azuis ao avistar a chegada do homem, que em forma demonstrar seu respeito ela se curva a ele.
Ele é bastante alto, corpo esbelto, possui cabelos longos e negros, rosto bonito sem imperfeições, olhos escarlates assim como um rubi e com suas vestes negras bordadas em fios de ouro que apenas ressaltam a sua beleza natural. Tal homem era conhecido como o ser mais temido em todo reino, porém as pessoas nunca imaginariam que alguém como ele, um nobre que estava apenas abaixo do rei em questão política, estaria em um lixão como esse.
"Como os preparativos estão indo?"
Ele pergunta para a moça enquanto acena com a mão para ela parar de se prostrar.
"Meu senhor, todo o local já foi isolado pelas barreiras assim como o senhor nos ordenou."
Responde à moça, olhando para cima para conseguir olhar nos olhos do homem.
"Vamos terminar isso o mais rápido possível. Não aguento mais esse cheiro"
Fala o homem com um olhar de nojo colocando sua mão na frente do nariz, indicando seu extremo nojo por aquele lugar.
E então uma luz brilhante de cor escarlate começa a surgir de todo seu corpo, se dirigindo para as palmas das mãos do homem. Então, posteriormente, chamas começam a se formar aos montes em ambas as mãos dele. E ao levantar seus braços para frente ele mostra mais uma vez seu olhar enojado... Em sucessão, as chamas explodem avançando rapidamente em linha reta e os montes de lixo que tinham em seu caminho foram transformados em cinzas em questão de segundos.
"Vamos continuar"
Diz o homem começando a caminhar e queimar todos os montes de lixo por perto... Em alguns poucos minutos o homem já havia queimado grande parte de todo o lixo, inclusive um barraco feito de barro e madeira que apareceu em seu caminho...
"Pare de correr agora irmão, se chegarmos mais perto sem cuidado "eles" podem nos ver."
Sussurra o mais velho, que se abaixa e começa a andar de forma engraçada, porém segura.
"Certo"
Diz o mais novo, que segue o mais velho andando daquela mesma forma.
Os dois irmãos abaixados começam a se mover lentamente, até uma parte mais clara em que as montanhas de lixo eram menos visíveis, assim como uma clareira numa floresta, e uma enorme muralha de pedras era cada vez mais aparente. O mais velho fica observando os arredores, aparentemente, desconfiado. Enquanto o mais novo apenas continuava avançando, isso até que...
"Ugh!"
O mais velho logo olha em direção a seu irmão e se pergunta o porquê dele ter exclamado de dor.
"O que foi irmão?"
O mais velho logo pergunta enquanto se aproxima cautelosamente do irmão que estava um pouco mais a sua frente.
"Tem algo aqui, eu não consigo continuar."
Responde o mais novo com indignação e dando alguns passos para trás com a mão em seu frágil nariz que sangrava um pouco.
"Do que você está falando?"
Diz o mais velho, que logo em seguida também bate de cara com aquilo.
"Ugh! O que é isso?"
Pergunta o mais velho, também indignado com o repentino bloqueio de sua passagem. Porém, em alguns segundos olhando melhor, ele consegue notar que isso devia ser aquela coisa semitransparente que ele havia notado mais cedo. Mas oque era isso? Entretanto, antes de poder pensar numa resposta, seu irmão exclama.
"Me solta!— O mais novo grita enquanto se debatia preso nos braços finos de uma mulher —Irmão, me ajuda!"
"Finalmente achei vocês, não acharam mesmo que poderiam fugir, não é? Hahaha!"
Diz a mulher que estava procurando por eles, enquanto ri da tentativa de fuga dos garotos.
"Solte o meu irmão!"
Diz o mais velho que avança na direção da mulher
"Isso é jeito de falar com a sua mãe?"
Diz a mulher com um sorriso sínico no rosto.
"Eu não tenho país!"
No momento em que o mais velho chega perto o suficiente da mulher, do nada por algum tipo de força desconhecida, ele é mandado voando para trás. E quando o garoto se levanta para correr novamente em direção à mulher, o homem aparece de repente e acerta um chute no garoto, o jogando novamente para o chão.
Porém, diferente do que ocorria normalmente, o mais velho não voou muito longe e nem sequer havia se machucado muito com o chute. Mas ele nem sequer teve tempo para perceber essa mudança, pois logo em seguida o homem subiu em cima do garoto e começou a lhe atacar ferozmente com uma enorme e rápida rajada de socos, foi tão rápido que o garoto nem teve tempo para reagir.
Blam! Soco no tronco.
Pow! Soco no lado esquerdo do rosto
Pow! Um soco no queixo.
"Lembre-se! Não o machuque demais, nós precisamos dele inteiro!"
Grita a mulher, preocupada com a natureza violenta do homem.
"Não se preocupe! Eu sei muito bem o que estou fazendo, você não vê que estou me segurando?"
Diz o homem sem parar nem por um segundo de bater no jovem.
Após mais alguns socos o jovem ficou zonzo, já nem era mais possível pensar direito, e mal se mantinha ainda consciente. Depois de alguns segundos, mesmo com a visão embaçada, o jovem de relance percebe uma névoa totalmente escura chegando. E nesse momento a força dos socos do homem foram diminuindo, porém, isso já não importava mais, o garoto já havia perdido a consciência naquele momento.
Depois da nuvem negra envolver os arredores, uma enorme bola de fogo alcança o local, essa mesma que envolve todos ali em seu abraço, os queimando até as cinzas…
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