DESPERTAR NO DESCONHECIDO
Meus olhos começaram a abrir lentamente, lutando contra a resistência de minha visão cansada. O mundo ao meu redor era um borrão indistinto, até que finalmente a névoa começou a se dissipar e minha visão se tornou clara. Percebi imediatamente que estava em um lugar completamente diferente, um lugar que não reconhecia. Árvores majestosas se erguiam ao meu redor, envoltas por um manto branco e gélido de neve. O ar era cortante e minha pele arrepiou-se em resposta ao frio intenso. Percebi, com uma onda de choque, que eu não estava vestido adequadamente para suportar essa situação inesperada.
Enquanto tentava me adaptar à minha nova realidade, meus olhos se dirigiram ao meu companheiro de aventuras, Haru. Ele estava deitado no chão frio, imerso em um sono profundo. Sua figura se contorcia ligeiramente devido ao desconforto causado pelo frio, e eu senti a urgência de acordá-lo.
"Haru, acorde!", implorei com intensidade em minha voz, inclinando-me sobre ele. Sua expressão sonolenta começou a se desvanecer gradualmente enquanto ele lutava para despertar. Assustado, ele se ergueu rapidamente, olhando ao redor em busca de respostas.
"Onde estamos?", perguntou ele, sua voz trêmula e cheia de confusão. Senti uma pontada de irritação diante de sua pergunta. Afinal, eu era quem deveria estar fazendo essa indagação. Mas antes que pudesse expressar minha indignação, fomos interrompidos por um estrondo ensurdecedor, ecoando do coração da densa floresta à nossa frente.
Os olhares assustados se encontraram, compartilhando o temor mútuo. Movendo-nos cautelosamente para a frente, cada passo era um desafio naquele terreno inóspito. Então, como um raio, algo passou por mim com uma velocidade assombrosa. Uma dor aguda e rápida percorreu minha bochecha, e a palma da minha mão se tingiu de carmesim. O arranhão era superficial, mas o suficiente para indicar a presença de uma ameaça desconhecida e terrível.
Ao virar-me para trás, deparei-me com uma visão que fez meu coração congelar. Haru estava imóvel, preso pelo terror, enquanto uma criatura colossal surgia diante dele. Assemelhava-se a um leão, mas com enormes asas que se estendiam em um arco majestoso. Chifres adornavam sua cabeça e seus olhos, em um vermelho intenso, pareciam arder com fúria selvagem. Encontrei-me paralisado, incapaz de me mover ou raciocinar diante da ameaça que se abatia sobre nós.
Em um momento de puro desespero, Haru dirigiu-me um olhar assustado, quase implorando por ajuda. Mas antes que eu pudesse articular uma palavra, um ato de violência inimaginável ocorreu diante dos meus olhos. A criatura feroz mergulhou em direção a Haru, sua mandíbula se abrindo em um golpe letal. O som do impacto e o borrão escarlate que se seguiu não deixaram dúvidas sobre o destino trágico de meu amigo. Seu rosto foi instantaneamente destroçado e uma onda de choque reverberou através de mim.
Minha pupila dilatou-se, enquanto minha mente se esvaziava de qualquer pensamento coerente. Um vácuo de puro terror e desolação se instalou dentro de mim. Contudo, antes que eu fosse consumido pela escuridão, percebi uma figura em movimento veloz passando diante de mim. O tempo parecia desacelerar, permitindo que eu visse cada detalhe daquele acontecimento fugaz.
Com um único golpe, a figura anônima abateu a criatura assustadora. Não tive tempo de discernir traços ou características, mas fui testemunha da destreza e da força impressionante com que agia. Antes que pudesse compreender plenamente o que havia ocorrido, meu corpo não suportou mais e eu desmaiei, sucumbindo à exaustão provocada pelo frio intenso e pela intensidade dos eventos.
Ao despertar, uma sensação de paz me envolveu. Abri os olhos lentamente e, à medida que minha consciência retornava, percebi que estava deitado em uma cama macia. Olhei ao redor, confuso e desorientado, e então ouvi uma voz suave preenchendo o silêncio.
"Você está a salvo, meu querido", disse a voz, ecoando em minha mente. Meu olhar se dirigiu para a fonte sonora e me deparei com uma mulher de beleza incomparável. Seus cabelos brancos caíam em cascata sobre os ombros, destacando seus olhos azuis profundos e hipnotizantes. Vestida com uma roupa justa preta, que realçava sua elegância e presença marcantes, ela emanava uma aura de mistério e poder.
Permaneci imóvel, maravilhado com sua aparição, mas também ansioso por respostas. Quem era essa mulher e por que ela havia me salvado? Minha pergunta foi prontamente respondida quando seus olhos se fixaram nos meus, um brilho de reconhecimento iluminando seu olhar.
"Seus olhos são lindos", ela murmurou, sua voz carregada de uma estranha familiaridade. "Eles se parecem com os meus." Sua observação me deixou perplexo, incapaz de discernir suas intenções reais. Seria um elogio ou uma mudança de assunto proposital?
Movido por um misto de curiosidade e desconfiança, questionei novamente o motivo de sua intervenção em minha salvação. Sua resposta foi simples, mas enigmática: "Eu apenas quis." As palavras flutuaram no ar, deixando-me ainda mais confuso sobre suas verdadeiras motivações. Talvez nunca conseguiria entender completamente essa mulher enigmática, mas algo dentro de mim sussurrava que já a tinha encontrado em algum lugar, em algum momento passado.
Continua...